"Maldito aquele que faz com negligência a obra do Senhor!"(Jr 48,10).
Warning: mysqli_free_result() expects parameter 1 to be mysqli_result, bool given in /home/dicionar/public_html/online.php on line 14
Warning: mysqli_num_rows() expects parameter 1 to be mysqli_result, bool given in /home/dicionar/public_html/online.php on line 19
Visit. online:
HOME » dicionario
Preservativo
Com
a chegada do Carnaval, a polêmica retorna. Campanhas do Ministério da Saúde
incentivando o uso da chamada camisinha, explodem aos montes. Do outro lado,
bispos e prelados católicos nacionais condenam a excelsa confiança num
instrumento não tão confiável para o controle da disseminação da doença, e
que, ao mesmo tempo, motiva a população a continuar em sua irresponsabilidade:
posso fazer o que quiser, desde que use preservativo.
Os
inimigos da Igreja, os acostumados a não prestar atenção na voz dos seus
pastores, e os católicos à sua moda (ditos liberais, agnósticos,
modernistas e outros bichos), armam-se de vários argumentos para contra-atacar
a denúncia católica. Alguns desses raciocínios, concedo, são algo
inteligentes. A grande maioria, entretanto, é totalmente desprovida de qualquer
noção de lógica, ferindo o bom senso de quem ainda o conserva nesses tempos
difíceis de imbecilidade coletiva.
A
primeira grande desculpa que se ouve é que a Igreja deveria cuidar dos seus
assuntos religiosos e não se meter em questões de saúde. Ora, com isso é
bastante fácil concordar. E o faço. Ocorre que o uso do preservativo e o seu
incentivo por parte de organismos governamentais, não é mera questão de saúde
pública, mas de moral, pois trata do comportamento humano. E o tópico moral
faz parte da gama dos assuntos religiosos. Tratar da camisinha é assunto
religioso sim. Podem o Ministério da Saúde e os apregoadores do sexo livre não
concordar com a posição católica, mas devem, ao menos, dar liberdade para que
a Igreja fale e expresse não uma opinião, mas aquilo que ela julga ser a
vontade de Deus.
Muito
me espanta que não-católicos e católicos não-praticantes (uma falácia)
recebam, não sei de quem, uma investidura para julgar a Igreja e dizer o que
ela deve ou não fazer. Não sabem eles que a Igreja não deve pregar aquilo que
agrada, mas o que ela recebeu como doutrina e pensa ser o correto. Seria
incoerente se, de uma hora para outra, mudassem o Papa e os bispos todo o objeto
da fé.
Como
segundo artifício, pretendem demonstrar - principalmente os católicos liberais,
como alguns sacerdotes não afinados com a Teologia clássica - que o uso da camisinha
encontra guarida na própria Filosofia cristã, amparado pelo princípio do mal
menor. Se há dois males, dizem, deve-se optar pelo menor, pois o maior é o risco
de ser contaminado pelo HIV.
Permita-me,
caro leitor, a fim de não ofender sua inteligência, demonstrar em que consiste,
de verdade, a doutrina do mal menor. Sempre que há duas ou mais situações, em
que delas somente se espera o mal como fruto, deve-se optar pela ação ou omissão
que gere um de menor potencial. Note: não se trata de aprovação do mal menor,
mas de aceitação de que não se pode evitá-lo e tentativa de impedir um dano
maior.
Transportemos
o princípio do mal menor para a questão em debate. Há um mal: o pecado contra
a Lei de Deus, que consiste em usar de método artificial para impedir a gravidez,
associado a outro, a luxúria. E um segundo mal: uma eventual morte pela
contaminação da doença. Se fossem apenas essas as opções, teríamos dois
males. E pretendem nossos adversários que o mal menor, em face da AIDS, seja o
uso do preservativo. Ora, entre a morte do corpo e a morte da alma (o pecado), optar
por essa segunda é mal maior! O pecado é sempre um mal maior! Ainda mais
quando a contaminação é algo não certo, e a ofensa a Deus o seja (some-se a
isso, que o uso do preservativo, segundo vários estudos internacionais, não é
completamente seguro para prevenir a AIDS).
Não
bastando, todavia, a demonstração do equívoco na mudança radical da valoração
dos males, apresento meu desfecho: mesmo que meu argumento estivesse errado, o
princípio do mal menor não pode ser invocado no caso em tela. Se houvesse apenas
condutas más, seria justo. Contudo, além de usar o preservativo (pecando,
pois, contra a fidelidade, e contra a pureza pelo sexo antes do matrimônio), e
expor-se à contaminação (o que também é um mal, não nego, mas menor do que
a ofensa a Deus), existe uma terceira opção, que o mundo aprendeu a esquecer.
É a castidade, o uso das faculdades sexuais segundo cada estado de vida: ao casado,
a vivência plena do amor matrimonial responsável, com o sexo como uma entrega
mútua dos esposos; ao celibatário, a renúncia do prazer venéreo para a santificação
pessoal; ao solteiro, a abstinência rumo a um casamento santo.
Pode a Igreja pregar no deserto, sem uma só alma a escutá-la. Mas, ela não irá
trair a vocação que recebeu de seu Divino Mestre.
O "MAL MENOR"
A Igreja e o Uso do Preservativo
Autor: Rafael Vitola Brodbeck
Fonte: Lista "Tradição Católica"
Transmissão: Antonio Xisto Arruda