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CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
TERCEIRA PARTE - A VIDA EM CRISTO
ARTIGO 2
GRAÇA E JUSTIFICAÇÃO
I. A justificação
1987 A graça do Espírito Santo tem o poder de nos justificar, isto é, purificar-nos de
734
nossos pecados e comunicar-nos “a
justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo
” e pelo
batismo
.
Mas, se morremos com Cristo, temos fé de que também viveremos com Ele, sabendo que Cristo, uma vez ressuscitado dentre os mortos, já não morre, a morte não tem mais domínio sobre Ele. Porque, morrendo, Ele morreu para o pecado uma vez por todas; vivendo, Ele vive para Deus. Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus em Cristo Jesus (Rm 6,8-11).
1988 Pelo poder do Espírito Santo, participamos da Paixão de Cristo, morrendo para o
654
pecado, e da ressurreição, nascendo para
uma vida nova; somos os membros de seu Corpo, que é a Igreja
,
os sarmentos enxertados na Videira, que é Ele mesmo
:
460 Pelo Espírito, temos parte com Deus. (...) Pela participação Espírito, nós nos tornamos
participantes da natureza divina. (...) Por isso, aqueles em quem o Espírito habita são
1989 A primeira obra da graça do Espírito Santo é a conversão que opera a justificação
1427
segundo o anúncio de Jesus no princípio
do Evangelho: "Arrependei-vos (convertei-vos), porque está próximo o Reino dos
Céus" (Mt 4,17). Sob a moção da graça, o homem se volta para Deus e se aparta do
pecado, acolhendo, assim, o perdão e a justiça do alto. "A justificação comporta
a remissão dos pecados, a santificação e a renovação do homem interior
.”
1990 A justificação aparta o homem do pecado, que contradiz o amor de Deus, e lhe
1446 purifica o coração. A justificação ocorre graças à iniciativa da misericórdia de Deus, que
1733 oferece o perdão. A justificação reconcilia o homem com Deus; liberta-o da servidão do pecado e o cura.
1991 A justificação é, ao mesmo tempo, o acolhimento da justiça de Deus pela fé em
1812 Jesus Cristo. A justiça designa aqui a retidão do amor divino. Com a justificação, a fé, a esperança e a caridade se derramam em nossos corações e é-nos concedida a obediência à vontade divina.
1992 A justificação nos foi merecida pela paixão de Cristo, que se ofereceu na cruz como
617 hóstia viva, santa e agradável a Deus, e cujo sangue se tornou instrumento de
propiciação pelos pecados de toda a humanidade. A justificação é concedida pelo
1266 Batismo, sacramento da fé. Toma-nos conformes à justiça de Deus, que nos faz
294 interiormente justos pelo poder de sua misericórdia. Tem como alvo a glória de Deus e de
Cristo, e o dom da vida eterna
:
Agora, porém, independentemente da lei, se manifestou a justiça de Deus, testemunhada pela lei e pelos profetas, justiça de Deus que opera pela fé em Jesus Cristo, em favor de todos os que crêem pois não há diferença, sendo que todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus e são justificados gratuitamente, por sua graça, em virtude da redenção realizada em Cristo Jesus. Deus o expôs como instrumento de propiciação, por seu próprio sangue, mediante a fé. Ele queria assim manifestar sua justiça, pelo fato de ter deixado sem punição os pecados de outrora, no tempo da paciência de Deus; ele queria manifestar sua justiça no tempo presente, para mostrar-se justo e para justificar aquele que tem fé em Jesus (Rm 3,21-26).
1993 A justificação estabelece a colaboração entre a graça de Deus e a liberdade do
2008 homem. Do lado humano, ela se exprime no assentimento da fé à palavra de Deus, que convida o homem à conversão, e na cooperação da caridade, no impulso do Espírito Santo, que o previne e guarda.
2068 Quando Deus toca o coração do homem pela iluminação do Espírito Santo, o homem não é
insensível a tal inspiração, que pode, aliás, rejeitar; e, no entanto, ele não pode tampouco, sem
a graça divina, chegar pela vontade livre à justiça diante dele
.
1994 A justificação é a obra mais excelente do amor de Deus, manifestado em Cristo
312
Jesus e concedido pelo Espírito
Santo. Sto. Agostinho pensa que "a justificação do ímpio é uma obra maior que a
criação dos céus e da terra", pois "os céus e a terra passarão, ao passo que a
salvação e a justificação dos eleitos permanecerão para sempre
".
412 Pensa até que a justificação dos pecadores é uma obra maior que a criação dos anjos na justiça, pelo fato de testemunhar uma misericórdia maior.
1995
O Espírito
Santo é o mestre interior
.
Gerando "o homem interior , a
741 justificação implica a santificação de todo o ser:
Como outrora entregastes vossos membros à escravidão da impureza e da desordem para viver desregradamente, assim entregai agora vossos membros a serviço da justiça, para a santificação. (...) Mas agora, libertos do pecado e postos a serviço de Deus, tendes, como fruto, a santificação, e o fim é a vida eterna (Rm 6,19-22).
II. A graça
1996 Nossa justificação vem da graça de Deus. A graça é favor, o socorro gratuito que
153
Deus nos dá para responder a seu
convite: tomar-nos filhos de Deus
,
filhos
adotivos
participantes
da natureza divina
,
da Vida Eterna
.
1997 A graça é uma participação na vida divina; introduz-nos na intimidade da vida
375,260 trinitária. Pelo Batismo, o cristão tem parte na graça de Cristo, cabeça da Igreja. Como "filho adotivo", pode doravante chamar a Deus de "Pai", em união com o Filho único. Recebe a vida do Espírito, que nele infunde a caridade e forma a Igreja.
1998 Esta vocação para a vida eterna é sobrenatural. Depende integralmente da
1719
iniciativa gratuita de Deus, pois apenas
Ele pode se revelar e dar-se a si mesmo. Esta vocação ultrapassa as capacidades
da inteligência e as forças da vontade do homem, como também de qualquer
criatura
.
1999 A graça de Cristo é o dom gratuito que Deus nos faz de sua vida infundida pelo
1966
Espírito Santo em nossa alma, para
curá-la do pecado e santificá-la; trata-se da graça santificante ou
deificante, recebida no Batismo. Em nós, ela é a fonte da obra
santificadora
:
Se alguém está em Cristo, é nova criatura. Passaram-se as coisas antigas; eis que se fez uma realidade nova. Tudo isto vem de Deus, que nos reconciliou consigo por Cristo (2Cor 5,17-18).
2000 A graça santificante é um dom habitual, uma disposição estável e sobrenatural para aperfeiçoar a própria alma e tornála capaz de viver com Deus, agir por seu amor. Deve-se distinguir a graça habitual, disposição permanente para viver e agir conforme o chamado divino, e as graças atuais, que designam as intervenções divinas, quer na origem da conversão, quer no decorrer da obra da santificação.
2001 A preparação do homem para acolher a graça é já uma obra da graça. Esta é
490
necessária para suscitar e manter
nossa colaboração na justificação pela fé e na santificação pela caridade. Deus
acaba em nós aquilo que Ele mesmo começou, "pois começa, com sua intervenção,
fazendo com que nós queiramos e acaba cooperando com as moções de nossa vontade
já convertida
":
Sem dúvida, operamos também nós, mas o
fazemos cooperando com Deus, que opera predispondo-nos com a sua misericórdia. E
o faz para nos curar, e nos acompanhará para que, quando já curados, sejamos
vivificados; predispõe-nos para que sejamos chamados e acompanha-nos para que
sejamos glorificados; predispõe-nos para que vivamos segundo a piedade e
segue-nos para que, com Ele, vivamos para todo o sempre, pois sem Ele nada
podemos fazer
.
2002 A livre iniciativa de Deus pede a livre resposta do homem pois Deus criou o homem
1742 à sua imagem, conferindo-lhe, com a liberdade, o poder de conhecê-Lo e amá-Lo. A alma só pode entrar livremente na comunhão do amor. Deus toca imediatamente e move diretamente o coração do homem. Ele colocou no homem uma aspiração à verdade e ao bem que somente Ele pode satisfazer plenamente. As promessas da "vida eterna" respondem, além de a toda a nossa esperança, a esta aspiração:
Se Vós, ao cabo de vossas obras excelentes (...) repousastes no sétimo dia, foi para nos dizer
de antemão pela voz de vosso livro que, ao cabo de nossas obras ("que são muito boas", pelo fato
2550 mesmo de terdes sido Vós que no-las destes), também nós no sábado da vida eterna em Vós
2003 A graça é antes de tudo e principalmente o dom do Espírito que nos justifica e nos
1108 santifica. Mas a graça compreende igualmente os dons que o Espírito nos concede, para nos a associar à sua obra, para nos tornar capazes de colaborar com a salvação dos
1127
outros e com o crescimento do corpo de
Cristo, a Igreja. São as graças sacramentais dons próprios dos diferentes
sacramentos. São, além disso, as graças especiais, chamadas também
"carismas", segundo a palavra grega empregada por S. Paulo e que significa
favor, dom gratuito, benefício
.
Seja qual for seu caráter, às vezes extraordinário,
799-801
como o dom dos milagres ou das línguas, os carismas se
ordenam à graça santificante e têm como meta o bem comum da Igreja. Acham-se a
serviço da caridade, que edifica a Igreja
.
2004 Entre as graças especiais, convém mencionar as graças de estado, que acompanham o exercício das responsabilidades da vida cristã e dos ministérios no seio da Igreja:
Tendo, porém, dons diferentes, segundo a graça que nos foi dada, aquele que tem o dom da profecia, que o exerça segundo a proporção de nossa fé; aquele que tem o dom do serviço, que o exerça servindo; quem tem o dom do ensino, ensinando; quem tem o dom da exortação, exortando. Aquele que distribui seus bens, que o faça com simplicidade; aquele que preside, com diligência; aquele que exerce misericórdia, com alegria (Rm 12,6-8).
2005
Sendo de ordem sobrenatural, a graça escapa à nossa experiência e
só pode ser conhecida pela fé. Não podemos, portanto, nos basear em nossos
sentimentos ou em nossas obras para dai deduzir que estamos justificados e
salvos
.
No entanto, segundo a palavra do Senhor: "É pelos seus frutos que os
reconhecereis" (Mt 7,20), a consideração dos benefícios de Deus em nossa vida e
na dos santos nos oferece uma garantia de que a graça está operando em nós e nos
incita a uma fé sempre maior e a uma atitude de pobreza confiante:
Acha-se uma das mais belas ilustrações
desta atitude na resposta de Sta. Joana d'Arc a uma pergunta capciosa de seus
juizes eclesiásticos: "Interrogada se sabe se está na graça de Deus, responde:
“Se não estou, que Deus me queira pôr nela; se estou, que Deus nela me
conserve
”.
III. O mérito
Na assembléia dos santos, vós sois
glorificados e, coroando os seus méritos, exaltais os vossos próprios dons
.
2006 O termo "mérito" designa, em geral, a retribuição devida por uma comunidade ou
1723 uma sociedade à ação de um de seus membros, sentida como boa ou má, digna de
1807 recompensa ou castigo. O mérito se relaciona com a virtude da justiça, em conformidade com o princípio da igualdade que a rege.
2007 Diante de Deus, em sentido estritamente jurídico, não mérito da parte do homem.
42 Entre Ele e nós a diferença é infinita, pois dele tudo recebemos, dele, que é nosso criador.
2008 O mérito do homem diante de Deus, na vida cristã, provém do fato de que Deus
306 livremente determinou associar o homem à obra de sua graça. A ação paternal de Deus vem em primeiro lugar por seu impulso, e o livre agir do homem, em segundo lugar,
155,970 colaborando com Ele, de sorte que os méritos das boas obras devem ser atribuídos à graça de Deus, primeiramente, e só em segundo lugar ao fiel. O próprio mérito do homem cabe, aliás, a Deus pois suas boas ações procedem, em Cristo, das inspirações do auxilio do Espírito Santo.
2009
A
adoção filial, tomando-nos participantes, por graça, da natureza divina, pode
conferir-nos, segundo a justiça gratuita de Deus, um verdadeiro mérito. Trata-se
de um direito por graça, o pleno direito amor, que nos toma "co-herdeiros" de
Cristo e dignos de obter “a herança prometida da vida eterna
.
Os méritos de nossas boas obras
604
são dons da bondade divina
.
"A graça veio primeiro; agora se entrega aquilo que é devido. (...)Os méritos
são dons de Deus
."
2010 Como a iniciativa pertence a Deus na ordem da graça, ninguém pode merecer a
1998 graça primeira, na origem da versão, do perdão e da justificação. Sob a moção do Espírito Santo e da caridade, podemos em seguida merecer para nós mesmos e para os outros as graças úteis à nossa santificação crescimento da graça e da caridade, e também para ganhar a vida eterna. Os próprios bens temporais, como a saúde, a amizade, podem ser merecidos segundo a sabedoria divina. Essas graças e esses bens são o objeto da oração cristã. Esta atende à nossa necessidade da graça para as ações meritórias.
2011 A caridade de Cristo em nós constitui a fonte de todos os nossos méritos diante de
492 Deus. A graça, unindo-nos a Cristo com amor ativo, assegura a qualidade sobrenatural de nossos atos e, por conseguinte, seu mérito (desses nossos atos) diante de Deus, como também diante dos homens. Os santos sempre tiveram viva consciência de que seus méritos eram pura graça.
Após o exílio terrestre, espero ir deleitar-me de vós na Pátria, mas não quero acumular méritos
1460 para o céu, quero trabalhar somente por vosso amor. (...). Ao entardecer desta vida,
comparecerei diante de vós com as mãos vazias, pois não vos peço, Senhor, que contabilizeis as
minhas obras. Todas as nossas justiças têm manchas a vossos olhos. Quero, portanto, revestir-
me de vossa própria justiça e receber de vosso amor a posse eterna de vós
mesmo
...
IV. A santidade cristã
2012 "E nós sabemos que Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam. (...)
459 Porque os que de antemão Ele conheceu, esses também predestinou a serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de ser Ele o primogênito entre muitos irmãos. E os que predestinou, também os chamou, e os que chamou, também os justificou, e os que justificou, também os glorificou" (Rm 8,28-30).
2013 "Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude
915,2545
da vida cristã e à perfeição da caridade
."
Todos são chamados à santidade:
825 "Deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito" (Mt 5,48):
Com o fim de conseguir esta perfeição,
façam os fiéis uso das forças recebidas (...), a fim de que, cumprindo em tudo a
vontade do Pai, se dediquem inteiramente à glória de Deus e ao serviço do
próximo. Assim, a santidade do povo de Deus se expandirá em abundantes frutos,
como se demonstra luminosamente na história da Igreja pela vida de tantos
santos
.
2014 O progresso espiritual tende à união sempre mais íntima com Cristo. Esta união
774 recebe o nome de "mística", pois ela participa no mistério de Cristo pelos sacramentos "os santos mistérios" e, nele, no mistério da Santíssima Trindade, Deus nos chama a todos a esta íntima união com Ele, mesmos que graças especiais ou sinais extraordinários desta vida mística sejam concedidos apenas a alguns, em vista de manifestar o dom gratuito feito a todos.
2015 O caminho da perfeição passa pela cruz. Não existe santidade sem renúncia e sem
407,2725
combate espiritual
.
O progresso espiritual envolve ascese e mortificação, que
1338 levam gradualmente a viver na paz e na alegria das bem-aventuranças:
Aquele que vai subindo jamais cessa de
progredir de começo em começo, por começos que não têm fim. Aquele que jamais
cessa de desejar aquilo que já conhece
.
2016 Os filhos da Santa Igreja, nossa Mãe, esperam justamente a graça da perseverança
162,1821
final e a recompensa de Deus, seu Pai pelas
boas obras realizadas com sua graça, em comunhão com Jesus
.
Observando a mesma regra de vida, os fiéis cristãos partilham
1274 "a feliz esperança" daqueles que a misericórdia divina reúne na "Cidade santa, uma Jerusalém nova que desce do céu de junto de Deus, preparada como uma esposa" (Ap 21,2).
RESUMINDO
2017 A graça do Espírito Santo nos dá a justiça de Deus. Unindo-nos pela fé e pelo Batismo à Paixão e à Ressurreição de Cristo, o Espírito nos faz participar de sua vida.
2018 A justificação, como a conversão, apresenta duas faces. Sob a moção da graça, o homem se volta para Deus e se afasta do pecado, acolhendo, assim, o perdão e a justiça que vêm do alto.
2019 A justificação comporta a remissão dos pecados, a santificação e a renovação do homem interior.
2020 A justificação nos foi merecida pela Paixão de Cristo e nos é concedida por meio do Batismo. Faz-nos conformes à justiça de Deus, que nos torna justos. Tem como meta a glória de Deus e de Cristo e o dom da Vida Eterna. É a obra mais excelente da misericórdia de Deus.
2021 A graça é o auxílio que Deus nos concede para responder à nossa vocação de nos tornar seus filhos adotivos. Ela nos introduz na intimidade da vida trinitária.
2022 A iniciativa divina na obra da graça precede, prepara e suscita a livre resposta do homem. A graça responde às aspirações profundas da liberdade humana; chama-a a cooperar consigo e a aperfeiçoa.
2023 A graça santificante é o dom gratuito que Deus nos faz de sua vida, infundida pelo Espírito Santo em nossa alma, para curála do pecado e santificá-la.
2024 A graça santificante nos faz "agradáveis a Deus". Os carismas, graças especiais do Espírito Santo, são ordenados à graça santificante e têm como alvo o bem comum da Igreja. Deus opera também por graças atuais múltiplas, que se distinguem da graça habitual, permanente em nós.
2025 Nosso mérito em face de Deus consiste apenas em seguir seu livre desígnio de associar o homem à obra de sua graça. O mérito pertence à graça de Deus em primeiro lugar, à colaboração do homem em segundo lugar. Cabe a Deus o mérito humano.
2026 A graça do Espírito Santo, em virtude de nossa filiação adotiva, pode conferir-nos um verdadeiro mérito segundo a justiça gratuita de Deus. A caridade constitui, em nós, a fonte principal do mérito diante de Deus.
2027 Ninguém pode merecer a graça primeira que se acha na origem da conversão. Sob a moção do Espírito Santo, podemos merecer, para nós mesmos e para os outros, todas as graças Úteis para chegar à vida eterna, como também os bens temporais necessários.
2028
"O apelo à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Se
dirige a todos os fiéis cristãos
." "A perfeição cristã só tem um limite: ser ilimitada
."
2029 "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me" (Mt 16,24).
ARTIGO 3
A IGREJA, MÃE E EDUCADORA
2030
É
em Igreja, em comunhão com todos os batizados, que o cristão realiza sua
vocação. Da Igreja recebe a palavra de Deus, que contém os ensinamentos da “lei
de Cristo
”.
Da Igreja recebe a graça dos sacramentos, que o sustenta "no caminho".
828 Da Igreja aprende o exemplo da santidade; reconhece a figura e a fonte (da Igreja) em Maria, a Virgem Santíssima; discerne-a no testemunho autêntico daqueles que a vivem, descobre-a na tradição espiritual e na longa história dos santos que o precederam que a
1172 Liturgia celebra no ritmo do Santoral.
2031 A vida moral é um culto espiritual. "Oferecemos nossos corpos como hóstia viva,
1368
santa e agradável a Deus
",
no seio do corpo de Cristo que formamos, e em comunhão com a oferta de sua
Eucaristia. Na Liturgia e na celebração dos sacramentos, oração e doutrina se
conjugam com a graça de Cristo, para iluminar e alimentar o agir cristão. Como o
conjunto da vida cristã, da mesma forma a vida moral encontra sua fonte e seu
ponto culminante no sacrifício eucarístico.
888-892 I. Vida moral e magistério da Igreja
2032 A Igreja, "coluna e sustentáculo da verdade" 1 Tm 3,15) "recebeu dos Apóstolos o
2246
solene mandamento de Cristo de pregar a
verdade da salvação
”.
"Compete à
2420
Igreja anunciar sempre e por toda parte
os princípios morais, mesmo referentes à ordem social, e pronunciar-se a
respeito de qualquer questão humana, enquanto o exigirem os direitos
fundamentais da pessoa ou a salvação das almas
."
2033 O magistério dos pastores da Igreja em matéria moral se exerce ordinariamente na catequese e na pregação, com o auxílio das obras dos teólogos e dos autores espirituais.
84 Assim se foi transmitindo, de geração em geração, sob a égide e a vigilância dos pastores, o "depósito" da moral cristã, composto de um conjunto característico de regras, mandamentos e virtudes que procedem da fé em Cristo e são vivificados pela caridade. Esta catequese tem tradicionalmente tomado por base, ao lado do "Credo" e do "Pai-nosso", o Decálogo, que enuncia os princípios da vida moral, válidos para todos os homens.
2034
O romano pontífice e os Bispos "são os doutores autênticos dotados da
autoridade de Cristo, que pregam ao povo a eles confiado a fé que deve ser crida
e praticada
".
O magistério ordinário e universal do Papa e dos Bispos em comunhão com ele
ensina aos fiéis a verdade em que se deve crer; a caridade que se deve praticar,
a felicidade que se deve esperar.
2035
O grau supremo da participação na autoridade de Cristo é assegurado pelo
carisma da infalibilidade. Esta tem a mesma extensão que o depósito da revelação
divina
;
estende-se ainda a todos os elementos de doutrina, incluindo a moral, sem os
quais as verdades salutares da fé não podem ser preservadas, expostas ou
observadas
.
2036 A autoridade do magistério se estende também aos preceitos específicos da lei
1960
natural, porque sua observância, exigida
pelo Criador, é necessária para a salvação. Recordando as prescrições da lei
natural, o magistério da Igreja exerce parte essencial de sua função profética
de anunciar aos homens o que (os homens) são de verdade e recordar-lhes o que
devem ser diante de Deus
.
2037
A
lei de Deus confiada à Igreja é ensinada aos fiéis como caminho de vida e
verdade. Os fiéis têm, portanto, o direito
de
ser instruídos nos preceitos divinos salvíficos que purificam o juízo e, com a
graça, curam a razão humana ferida. Têm o dever de observar as constituições e
os decretos promulgados pela legítima autoridade
2041 da Igreja. Mesmo que sejam disciplinares, tais determinações exigem a docilidade na caridade.
2038 Na obra de ensinar e aplicar a moral cristã, a Igreja necessita do devotamento dos pastores, da ciência dos teólogos, da contribuição de todos os cristãos e dos homens de boa vontade. A fé e a prática do Evangelho proporcionam a cada fiel uma experiência da
2042
vida "em Cristo" que o ilumina e o torna
capaz de apreciar as realidades divinas e humanas segundo o Espírito de Deus
.
Assim é que o Espírito Santo pode servir-se dos mais humildes para iluminar os
sábios e os constituídos na dignidade mais alta.
2039
Os
ministérios devem ser exercidos em um espírito de serviço fraterno e dedicação à
Igreja, em nome do Senhor
.
Ao mesmo tempo, a consciência de cada fiel, em seu julgamento moral sobre seus
atos pessoais, deve evitar encerrar-se em uma consideração individual. Do melhor
modo possível ela deve abrir-se à consideração do bem de todos, tal como se
exprime na lei moral, natural e revelada, e por conseguinte na
1783 lei da Igreja e no ensino autorizado do magistério sobre questões morais. Não convém opor a consciência pessoal e a razão à lei moral ou ao magistério da Igreja.
2040 Assim se pode desenvolver entre os fiéis cristãos um verdadeiro espírito filial para com a Igreja. Ele é o resultado normal do crescimento da graça batismal, que nos gerou no seio Igreja e nos fez membros do Corpo de Cristo. Em sua solicitude materna, a Igreja nos concede a misericórdia de Deus, que triunfa sobre todos os nossos pecados e age de modo especial no sacramento da Reconciliação. Como mãe solícita, ela nos prodigaliza
167 também em sua Liturgia, dia após dia, o alimento da Palavra e da Eucaristia do Senhor.
II. Os mandamentos da Igreja
2041 Os mandamentos da Igreja situam-se nesta linha de uma vida moral ligada à vida litúrgica e que dela se alimenta. O caráter obrigatória dessas leis positivas promulgadas pelas autoridades pastorais tem como fim garantir aos fiéis o mínimo indispensável no espírito de oração e no esforço moral, no crescimento do amor de Deus e do próximo.
2042 O primeiro mandamento da Igreja ("Participar da missa inteira nos domingos e outras festas de
1389 guarda e abster-se de ocupações de trabalho") ordena aos fiéis que santifiquem o dia em que se comemora a
2180 ressurreição do Senhor e as festas litúrgicas em honra dos mistérios do Senhor, da santíssima Virgem
2177
Maria e dos santos, em primeiro
lugar participando da celebração eucarística, em que se reúne a comunidade
cristã, e se abstendo de trabalhos e negócios que possam impedir tal
santificação desses dias
.
1457
O segundo mandamento
("Confessar-se ao menos uma vez por ano") assegura a preparação para a
Eucaristia pela recepção do sacramento da Reconciliação, que continua a obra de
conversão e perdão do Batismo
.
1389
O
terceiro mandamento ("Receber o sacramento da Eucaristia ao menos pela Páscoa da
ressurreição") garante um mínimo na recepção do Corpo e do Sangue do Senhor em
ligação com as festas pascais, origem e centro da Liturgia Cristã
.
2043 O quarto mandamento ("Jejuar e abster-se de carne, conforme manda a Santa Mãe Igreja")
1387,1438
determina os tempos de ascese e penitência que
nos preparam para as festas litúrgicas; contribuem para nos fazer adquirir o
domínio sobre nossos instintos e a liberdade de coração
.
1251
O quinto mandamento ("Ajudar a
Igreja em suas necessidades") recorda aos fiéis que devem ir ao encontro das
necessidades materiais da Igreja, cada um conforme as próprias possibilidades
.
III. Vida moral e testemunho missionário
2044 A fidelidade dos batizados é condição primordial para o anúncio do Evangelho e
852,905
para a missão da Igreja no mundo. Para manifestar diante dos homens sua
força de verdade e de irradiação, a mensagem da salvação deve ser autenticada
pelo testemunho de vida dos cristãos: "O próprio testemunho da vida cristã e as
boas obras feitas em espírito sobrenatural possuem a força de atrair os homens
para a fé e para Deus
.
2045
Por
serem os membros do Corpo cuja Cabeça é Cristo
os
cristãos contribuem,
753 pela constância de suas convicção de seus costumes, para a edificação da Igreja. A
828 Igreja
aumenta, cresce e se desenvolve pela santidade de seus fiéis
até
que "alcancemos todos nós (...) o estado de homem perfeito, a medida da estatura
da plenitude de Cristo" (Ef 4,13).
2046 Por sua vida segundo Cristo, os cristãos apressam a vinda do Reino de Deus, do
671,2819
"Reino da justiça, da verdade e da paz
".
Nem por isso se descuidam de suas obrigações terrestres; fiéis a seu Senhor e
Mestre, eles as cumprem com dão, paciência e amor.
RESUMINDO
2047 A vida moral é um culto espiritual. O agir cristão se nutre da Liturgia e da celebração dos sacramentos.
2048 Os mandamentos da Igreja se referem à vida moral e cristã unida à Liturgia, e dela se alimentam.
2049 O Magistério dos pastores da Igreja em matéria moral se exerce ordinariamente na catequese e na pregação, tendo como base o Decálogo, que enuncia os princípios da vida válidos para todos os homens.
2050 O romano pontífice e os bispos, como doutores autênticos, pregam ao povo de Deus a fé que deve ser crida e praticada nos costumes. Cabe-lhes igualmente pronunciar-se sobre as questões morais que caem dentro do âmbito da lei natural e da razão.
2051 A infalibilidade do magistério dos pastores se estende a todos os elementos de doutrina, incluindo a moral. Sem esses elementos, as verdades salutares da fé não podem ser guardadas, expostas ou observadas.