"Maldito aquele que faz com negligência a obra do Senhor!"(Jr 48,10).
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Ordinatio Sacerdotalis
Carta Apostólica
ORDINATIO SACERDOTALIS
do Papa João Paulo II,
sobre a ordenação sacerdotal
reservada somente aos homens
Veneráveis Irmãos no Episcopado!
1. A ordenação sacerdotal, pela qual se transmite a
missão, que Cristo confiou aos seus Apóstolos, de ensinar, santificar e governar
os fiéis, foi na Igreja Católica, desde o início e sempre, exclusivamente
reservada aos homens. Esta tradição foi fielmente mantida também pelas Igrejas
Orientais.
Quando surgiu a questão da ordenação das mulheres na
Comunhão Anglicana, o Sumo Pontífice Paulo VI, em nome da sua fidelidade ao
encargo de salvaguardar a Tradição apostólica, e também com o objetivo de
remover um novo obstáculo criado no caminho para a unidade dos cristãos, teve o
cuidado de recordar aos irmãos anglicanos qual era a posição da Igreja Católica:
Ela defende que não é admissível ordenar mulheres para o sacerdócio, por
razões verdadeiramente fundamentais.
Estas razões compreendem: o exemplo -
registado na Sagrada Escritura - de Cristo, que escolheu os seus Apóstolos só de
entre os homens; a prática constante da Igreja, que imitou Cristo ao escolher só
homens; e o seu magistério vivo, o qual coerentemente estabeleceu que a exclusão
das mulheres do sacerdócio está em harmonia com o plano de Deus para a sua
Igreja1.
Mas, dado que também entre teólogos e em certos
ambientes católicos o problema fora posto em discussão, Paulo VI deu à
Congregação para a Doutrina da Fé mandato de expor e ilustrar a este propósito a
doutrina da Igreja. Isso mesmo foi realizado pela Declaração Inter Insigniores,
que o mesmo Sumo Pontífice aprovou e ordenou publicar2.
2. A Declaração retoma e explica as razões fundamentais
de tal doutrina, expostas por Paulo VI, concluindo que a Igreja não se
considera autorizada a admitir as mulheres à ordenação sacerdotal3.
A tais razões fundamentais, o mesmo documento junta outras razões teológicas que
ilustram a conveniência daquela disposição divina, e mostra claramente como o
modo de agir de Cristo não fora ditado por motivos sociológicos ou culturais
próprios do seu tempo. Como sucessivamente precisou o Papa Paulo VI, a
verdadeira razão é que Cristo, ao dar à Igreja a Sua fundamental constituição, a
sua antropologia teológica, depois sempre seguida pela Tradição da mesma Igreja,
assim o estabeleceu4.
Na Carta Apostólica Mulieris Dignitatem, eu mesmo
escrevi a este respeito: Chamando só homens como seus apóstolos, Cristo agiu
de maneira totalmente livre e soberana. Fez isto com a mesma liberdade com que,
em todo o seu comportamento, pôs em destaque a dignidade e a vocação da mulher,
sem se conformar ao costume dominante e à tradição sancionada também pela
legislação do tempo5.
De fato, os Evangelhos e os Atos dos Apóstolos
atestam que este chamamento foi feito segundo o eterno desígnio de Deus: Cristo
escolheu os que Ele quis (cf. Mc 3,13-14; Jo 15,16) e fê-lo em união com o Pai,
pelo Espírito Santo (At 1,2), depois de passar a noite em oração (cf.
Lc 6,12). Portanto, na admissão ao sacerdócio ministerial6, a Igreja
sempre reconheceu como norma perene o modo de agir do seu Senhor na escolha dos
doze homens que Ele colocou como fundamento da sua Igreja (cf. Ap 21,14).
Eles,
na verdade, não receberam apenas uma função, que poderia depois ser exercida por
qualquer membro da Igreja, mas foram especial e intimamente associados à missão
do próprio Verbo encarnado (cf. Mt 10,1.7-8; 28,16-20; Mc 3,13-16; 16,14-15). O
mesmo fizeram os Apóstolos, quando escolheram os seus colaboradores7
que lhes sucederiam no ministério8. Nessa escolha, estavam incluídos
também aqueles que, ao longo da história da Igreja, haveriam de prosseguir a
missão dos Apóstolos de representar Cristo Senhor e Redentor9.
3. De resto, o fato de Maria Santíssima, Mãe de Deus e
Mãe da Igreja, não ter recebido a missão própria dos Apóstolos nem o sacerdócio
ministerial, mostra claramente que a não admissão das mulheres à ordenação
sacerdotal não pode significar uma sua menor dignidade nem uma discriminação a
seu respeito, mas a observância fiel de uma disposição que se deve atribuir à
sabedoria do Senhor do universo.
A presença e o papel da mulher na vida e na missão
da Igreja, mesmo não estando ligados ao sacerdócio ministerial, permanecem, no
entanto, absolutamente necessários e insubstituíveis. Como foi sublinhado pela
mesma Declaração Inter Insigniores, a Santa Madre Igreja auspicia que as
mulheres cristãs tomem plena consciência da grandeza da sua missão: o seu papel
será de capital importância nos dias de hoje, tanto para a renovação e
humanização da sociedade, quanto para a redescoberta, entre os fiéis, da
verdadeira face da Igreja10.
Os Livros do Novo Testamento e toda
a história da Igreja mostram amplamente a presença na Igreja de mulheres,
verdadeiras discípulas e testemunhas de Cristo na família e na profissão civil,
para além da total consagração ao serviço de Deus e do Evangelho. A Igreja
defendendo a dignidade da mulher e a sua vocação, expressou honra e gratidão por
aquelas que - fiéis ao Evangelho - em todo o tempo participaram na missão
apostólica de todo o Povo de Deus.
Trata-se de santas mártires, de virgens, de
mães de família, que corajosamente deram testemunho da sua fé e, educando os
próprios filhos no espírito do Evangelho, transmitiram a mesma fé e a tradição
da Igreja11.
Por outro lado, é à santidade dos fiéis que está
totalmente ordenada a estrutura hierárquica da Igreja. Por isso, lembra a
Declaração Inter Insigniores, o único carisma superior, a que se pode e
deve aspirar, é a caridade (cf. 1Cor 12-13). Os maiores no Reino dos céus não
são os ministros, mas os santos12.
4. Embora a doutrina sobre a ordenação sacerdotal que
deve reservar-se somente aos homens, se mantenha na Tradição constante e
universal da Igreja e seja firmemente ensinada pelo Magistério nos documentos
mais recentes, todavia atualmente em diversos lugares continua-se a retê-la como
discutível, ou atribui-se um valor meramente disciplinar à decisão da Igreja de
não admitir as mulheres à ordenação sacerdotal.
Portanto, para que seja excluída qualquer dúvida em
assunto da máxima importância, que pertence à própria constituição divina da
Igreja, em virtude do meu ministério de confirmar os irmãos (cf. Lc 22,32),
declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação
sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva
por todos os fiéis da Igreja.
Invocando sobre vós, veneráveis Irmãos, e sobre todo
o povo cristão, a constante ajuda divina, concedo a todos a Bênção Apostólica.
Vaticano, 22 de Maio, Solenidade de Pentecostes,do
ano de 1994, décimo-sexto de Pontificado.
1 Cf.
Paulo VI, rescrito à carta de Sua Graça o Rev.mo Dr. F.D. Coggan, Arcebispo de
Cantuária, sobre o ministério sacerdotal das mulheres, 30 de Novembro de 1975:
AAS 68 (1976), 599-600: Your Grace is
of course well aware of the Catholic Church's position on this question. She
holds that it is not admissible to ordain women to the priesthood, for very
fundamental reasons. These reasons include: the example recorded in the Sacred
Scriptures of Christ choosing his Apostles only from among men; the constant
practice of the Church, which has imitated Christ in choosing only men; and her
living teaching authority which has consistently held that the esclusion of
women from the priesthood is in accordance with the God's plan for his Church
(p. 599).
2 Cf. Cogregação para a Doutrina da Fé, Declaração Inter Insigniores
sobre a questão da admissão das mulheres ao sacerdócio ministerial, 15 de
Outubro de 1976: AAS 69 (1977), 98-116.
3 Ibid. 100.
4 Paulo VI, alocução sobre o papel da mulher no desígnio da salvação,
30 de Janeiro de 1977: Insegnamenti, vol. XV (1977), 111. Cf. também João Paulo
II, Exortação Apostólica Christifideles Laici, 30 de Dezembro de 1988, 51: AAS
81 (1989), 393-521; Catecismo da Igreja Católica, nº 1577.
5 João Paulo II, Carta Apostólica Mulieris Dignitatem, 15 de Agosto
de 1988, 26: AAS 80 (1988), 1715.
Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, ao sabor das paixões, amontoa- rão para si mestres, conforme suas próprias concupiscências e des- viarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas".(2Tm 4,3-4).