Busca no site: |
|
B í b l i a | ![]() | O n L i n e |
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
SEGUNDA PARTE
A CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO CRISTÃO
CAPÍTULO III
OS SACRAMENTOS DO SERVIÇO DA COMUNHÃO
1533 O Batismo, a Confirmação e a Eucaristia são os sacramentos da iniciação cristã. São a
1212 base da vocação comum de todos os discípulos de Cristo, vocação à santidade e à missão de evangelizar o mundo. Conferem as graças necessárias à vida segundo Espírito nesta vida de peregrinos a caminho da Pátria.
1534 Dois outros sacramentos, a ordem e o matrimônio, estão ordenados à salvação de outrem. Se contribuem também para a salvação pessoal, isso acontece por meio do serviço aos outros. Conferem uma missão particular na Igreja e servem para a edificação do Povo de Deus.
1535 Nesses sacramentos, os que já foram consagrados pelo Batismo e pela Confirmação
784
para
o sacerdócio comum de todos os fiéis podem receber consagrações específicas. Os
que recebem o sacramento da Ordem são consagrados para ser, em nome de Cristo,
“pela palavra e pela graça de Deus, os pastores da Igreja
”.
Por sua vez, “os esposos cristãos, para cumprir dignamente os deveres de seu
estado, são fortalecidos e como que consagrados por um sacramento especial
”.
ARTIGO 6
O SACRAMENTO DA ORDEM
1536 A Ordem é o sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo a seus Apóstolos
860 continua sendo exercida na Igreja até o fim dos tempos; é, portanto, o sacramento do ministério apostólico. Comporta três graus: o episcopado, o presbiterado e o diaconado.
(Sobre a instituição e a missão do ministério apostólico por Cristo, veja-se acima. Aqui, só se trata da via sacramental pela qual se transmite este ministério.)
I. Por que o nome sacramento da Ordem?
1537
A palavra ordem, na Antigüidade romana, designava corpos constituídos
no sentido civil, sobretudo o corpo dos que governavam. “Ordinatio” (ordenação)
designa a integração num “ordo” (ordem). Na Igreja, há corpos constituídos que a
Tradição, não sem fundamento na Sagrada Escritura
,
chama, desde os tempos primitivos, de “taxeis” (em grego; pronuncie “tacseis”),
de “ordines” (em latim). Por exemplo, a liturgia fala do “ordo episcoporum”
(ordem dos bispos), do “ordo presbyterorum” ordem
922,923, dos presbíteros), do “ordo diaconorum” (ordem dos diáconos). Outros grupos recebem
1631 também este nome de “ordo”: os catecúmenos, as virgens, os esposos, as viúvas, etc .
1538 A integração em um desses corpos da Igreja era feita por um rito chamado ordinatio, ato religioso e litúrgico que consistia numa consagração, numa bênção ou num sacramento. Hoje a palavra “ordinatio” é reservada ao ato sacramental que integra na ordem dos bispos, presbíteros e diáconos e que transcende uma simples eleição,
875
designação, delegação ou instituição pela comunidade, pois confere um
dom do Espírito Santo que permite exercer um “poder sagrado” (“sacra potestas
”)
que só pode vir do próprio Cristo, por meio de sua Igreja. A ordenação também é
chamada “consecratio”
699 por ser um pôr à parte, uma investidura, pelo próprio Cristo, para sua Igreja. A
imposição das mãos do bispo, com a oração consecratória, constitui o sinal visível desta consagração.
II. O sacramento da Ordem na economia da salvação
O SACERDÓCIO NA ANTIGA ALIANÇA
1539
O povo eleito foi constituído por Deus como “um remo de sacerdotes e
uma nação santa” (Ex 19,6
).
Mas, dentro do povo de Israel, Deus escolheu uma das doze tribos, a de Levi,
reservando-a para o serviço litúrgico
;
Deus mesmo é sua herança
.
Um rito próprio consagrou as origens do sacerdócio da antiga aliança
.
Os sacerdotes são ai “constituídos para intervir em favor dos homens em suas
relações com Deus, a fim de oferecer dons e sacrifícios pelos pecados
”.
1540
Instituído
para
anunciar a palavra de Deus
e
para restabelecer a comunhão com
2099
Deus pelos sacrifícios e pela oração, esse
sacerdócio continua, não obstante, impotente para operar; a salvação. Precisa,
por isso, repetir sem cessar os sacrifícios, e não é capaz de levar à
santificação definitiva
,
que só o sacrifício de Cristo deveria operar.
1541
Entretanto, a liturgia da Igreja vê no sacerdócio de Aarão, no serviço
dos levitas e na instituição dos setenta “anciãos
”
prefigurações do ministério ordenado da nova aliança Assim, no rito latino, a
Igreja reza no prefácio consecratório da ordenação dos bispos:
Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo... por vossa palavra
estabelecestes leis na Igreja; e escolhestes desde o princípio um povo santo,
descendente de Abraão, dando-lhe chefes e sacerdotes, e jamais deixastes sem
ministros o vosso santuário
...
1542 Na ordenação dos presbíteros, a Igreja reza:
Assisti-nos, Senhor, Pai Santo ..... Já no Antigo Testamento, em sinais prefigurativos, surgiram vários ofícios por vós instituídos, de modo que, tendo à frente Aarão para guiar e santificar o vosso povo, lhes destes colaboradores de menor ordem e dignidade. Assim, no deserto, comunicastes a setenta homens prudentes o espírito dado a Moisés que, como auxílio deles, pode mais facilmente governar o vosso povo.
Do mesmo modo, derramastes copiosamente sobre os filhos de
Aarão a plenitude concedida a seu pai, para que o serviço dos sacerdotes segundo
a lei fosse suficiente para os sacrifícios do tabernáculo
.
1543 E, na oração consecratória para a ordenação dos diáconos, a Igreja professa:
Ó Deus Todo-Poderoso... fazeis crescer... a vossa Igreja. Para
a edificação do novo templo, constituístes três ordens de ministros para
servirem ao vosso nome, como outrora escolhestes os filhos de Levi para o
serviço do antigo santuário
.
O ÚNICO SACERDÓCIO DE CRISTO
1544 Todas as prefigurações do sacerdócio da antiga aliança encontram seu cumprimento em Cristo Jesus, “único mediador entre Deus e os homens” (l Tm 2,5). Melquisedec, “sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14,18), é considerado pela Tradição cristã como uma prefiguração do sacerdócio de Cristo, único “sumo sacerdote segundo a ordem de
874 Melquisedec” (Hb 5,10; 6,20), “santo, inocente, imaculado” (Hb 7,16), que “com uma única oferenda levou à perfeição, e para sempre, os que ele santifica” (Hb 10,14), isto é, pelo único sacrifício de sua Cruz.
1545 O sacrifício redentor de Cristo é único, realizado uma vez por todas. Não obstante,
1367,662 toma-se
presente no sacrifício eucarístico da Igreja. O mesmo acontece com o único
sacerdócio de Cristo: torna-se presente pelo sacerdócio ministerial, sem
diminuir em nada a unicidade do sacerdócio de Cristo. “Por isso, somente Cristo
é o verdadeiro sacerdote; Os outros são seus ministros
.”
DUAS PARTICIPAÇÕES NO SACERDÓCIO ÚNICO DE CRISTO
1546
Cristo ,
sumo sacerdote e único mediador, fez da Igreja “um Reino de sacerdotes para
Deus, seu Pai” .
Toda comunidade dos fiéis é, como tal,
1268
sacerdotal. Os fiéis exercem seu sacerdócio batismal por meio de sua
participação, cada qual segundo sua própria vocação, na missão de Cristo,
Sacerdote, Profeta e Rei. E pelos sacramentos do Batismo e da Confirmação que os
fiéis são “consagrados para ser... um sacerdócio santo
”.
1547 O sacerdócio ministerial ou hierárquico dos bispos e dos presbíteros e o sacerdócio
1142
comum de
todos os fiéis, embora “ambos participem, cada qual a seu modo, do único
sacerdócio de Cristo
”,
diferem, entretanto, essencialmente, mesmo sendo “ordenados um ao outro
”.
Em que sentido? Enquanto o sacerdócio comum dos fiéis se realiza no
desenvolvimento da graça batismal, vida de fé, de esperança e de caridade,
1120 vida segundo o Espírito o sacerdócio ministerial está a serviço do sacerdócio comum, refere-se ao desenvolvimento da graça batismal de todos os cristãos. É um dos meios pelos quais Cristo não cessa de construir e de conduzir sua Igreja. Por isso, é transmitido por um sacramento próprio, o sacramento da Ordem.
“IN PERSONA CHRISTI CAPITIS” (NA PESSOA DE CRISTO CABEÇA...)
1548 No serviço eclesial do ministro ordenado, é o próprio Cristo que está presente á sua
875,792
Igreja
enquanto Cabeça de seu Corpo, Pastor de seu rebanho, Sumo Sacerdote do
sacrifício redentor Mestre da Verdade. A Igreja o expressa dizendo que o
sacerdote, em virtude do sacramento da Ordem, age “in persona Christi Capitis”
(na pessoa de Cristo Cabeça
):
Na verdade, o ministro faz as vezes do próprio Sacerdote,
Cristo Jesus. Se, na verdade, o ministro é assimilado ao Sumo Sacerdote por
causa da consagração sacerdotal que recebeu, goza do poder de agir pela força do
próprio Cristo que representa (“virtute ac persona ipsius Christi
”).
“Cristo é a origem de todo sacerdócio: pois o sacerdote da
[Antiga Lei era figura dele, ao passo que o sacerdote da nova lei age em sua
pessoa
.”
1549
Pelo
ministério
ordenado, especialmente dos bispos e dos presbíteros, a presença de Cristo como
chefe da Igreja se torna visível no meio da comunidade dos fiéis
.
1142
Segundo a bela expressão de Santo Inácio de Antioquia, o Bispo é “typos tou
Patros” (pronuncie: typos tu patrós), como a imagem viva de Deus Pai
.
1550 Esta presença de Cristo no ministro não deve ser compreendida como se este estivesse
896 imune a todas as fraquezas humanas, ao espírito de dominação, aos erros e até aos pecados. A força do Espírito Santo não garante do mesmo modo todos os atos dos ministros. Enquanto nos sacramentos esta garantia é assegurada, de tal forma que mesmo o pecado do ministro não possa impedir o fruto da graça, há muitos outros atos
1128 em que a conduta humana do ministro deixa traços que nem sempre são sinal de
1584 fidelidade ao Evangelho e que podem, por conseguinte, prejudicar a fecundidade apostólica da Igreja.
1551 Esse sacerdócio é ministerial. “Esta missão que o Senhor confiou aos pastores de seu
876
povo é um
verdadeiro serviço
.”
Refere-se inteiramente a Cristo e aos homens. Depende inteiramente de Cristo e
de seu sacerdócio único, e foi instituído em favor dos homens e da comunidade da
Igreja. O sacramento da ordem comunica “um poder
1538
sagrado” que é o próprio poder
de Cristo. O exercício desta autoridade deve, pois, ser medido pelo modelo de
Cristo que, por amor, se fez o último e servo de todos
.
“O
608 Senhor disse claramente que cuidar de seu rebanho é uma prova de amor para com
Ele
.”
“EM NOME DE TODA A IGREJA”
1552
A tarefa do sacerdócio ministerial não é apenas representar
Cristo-Cabeça da Igreja - diante da assembléia dos fiéis; ele age também em nome
de toda a Igreja quando apresenta a Deus a oração da Igreja
e
sobretudo quando oferece o sacrifício eucarístico
.
1553 “Em nome de toda a Igreja” não quer dizer que os sacerdotes sejam os delegados da comunidade. A oração e a oferenda da Igreja são inseparáveis da oração e da oferenda de Cristo, sua Cabeça. Trata-se sempre do culto de Cristo na e por sua Igreja. É toda a Igreja, corpo de Cristo, que ora e se oferece, “per ipsum et cum ipso et in ipso” (por Ele,
795 com Ele e nEle), na unidade do Espírito Santo, a Deus Pai. Todo o corpo, “caput et membra” (cabeça e membros), ora e se oferece, e é por isso que aqueles que são especialmente os ministros no corpo são chamados ministros não somente de Cristo, mas também da Igreja. É por representar Cristo que o sacerdócio ministerial pode representar a Igreja.
III. Os três graus do sacramento da Ordem
1554 “O ministério eclesiástico, divinamente instituído, é exercido em diversas ordens pelos
1536
que
desde a antigüidade são chamados bispos, presbíteros e diáconos
.”
A doutrina católica, expressa na liturgia, no magistério e na prática constante
da Igreja, reconhece que existem dois graus de participação ministerial no
sacerdócio de Cristo: o episcopado e o presbiterado. O diaconado se destina a
ajudá-los e a servi-los. Por isso, o termo “sacerdos' designa, na prática atual,
os bispos e os sacerdotes, mas não os diáconos. Não obstante, ensina a doutrina
católica que os graus de participação sacerdotal (episcopado e presbiterado) e o
de serviço (diaconado) são conferidos por um ato
1538 sacramental chamado “ordenação”, isto e, pelo sacramento da Ordem.
Que todos reverenciem os diáconos como Jesus Cristo, como
também o Bispo, que é imagem do Pai, e os presbíteros como senado de Deus e como
a assembléia dos apóstolos: sem eles não se pode falar de Igreja
.
A ORDENAÇÃO EPISCOPAL - PLENITUDE DO SACRAMENTO DA ORDEM
1555 “Entre aqueles vários ministérios, que desde os primeiros tempos são exercidos na Igreja, conforme atesta a Tradição, o lugar principal é ocupado pelo múnus daqueles
861
que,
constituídos no episcopado, conservam a semente apostólica por uma sucessão que
vem ininterrupta desde o começo
.”
1556 Para desempenhar sua missão, “os Apóstolos foram enriquecidos por Cristo com especial efusão do Espírito Santo, que desceu sobre eles. E eles mesmos transmitiram a
862
seus
colaboradores, mediante a imposição das mãos, este dom espiritual que chegou até
nós pela sagração episcopal
”.
1557
O Concílio Vaticano II “ensina, pois, que pela sagração episcopal se
confere a plenitude do sacramento da Ordem, que, tanto pelo costume litúrgico da
Igreja como pela voz dos Santos Padres, é chamada o sumo sacerdócio, a realidade
total ('summa') do ministério sagrado
”.
1558 “A sagração episcopal, juntamente com o múnus de santificar, confere também os de
895 ensinar e de reger... De fato, mediante a imposição das mãos e as palavras da sagração,
1121
é concedida a graça do Espírito Santo e impresso o caráter sagrado, de
tal modo que os Bispos, de maneira eminente e visível, fazem as vezes do próprio
Cristo, Mestre, Pastor e Pontífice, e agem em seu nome ('in eius persona
agant'
).”
“Os Bispos, portanto, pelo Espírito Santo que lhes foi dado, foram constituídos
como verdadeiros e autênticos mestres da fé, pontífices e pastores
.”
1559 “Alguém é constituído membro do corpo episcopal pela sagração sacramental e pela
877
hierárquica comunhão com o chefe e os membros do Colégio
.”
O caráter e a natureza colegial da ordem episcopal se manifestam, entre outras,
na antiga prática da Igreja, que requer para a consagração de um novo Bispo a
participação de vários Bispos
.
Para a legítima ordenação de um Bispo, é hoje exigida uma especial intervenção
do Bispo de
882 Roma, em razão de sua qualidade de vínculo visível supremo da comunhão das Igrejas particulares na única Igreja e garantia de sua liberdade.
1560 Cada Bispo, como vigário de Cristo, tem o encargo pastoral da Igreja particular que lhe
833 foi confiada, mas ao mesmo tempo ele, colegialmente, com todos os seus irmãos no
886
episcopado, deve ter solicitude por todas as Igrejas: “Se cada Bispo só é pastor
propriamente dito da porção do rebanho que lhe foi confiada, sua qualidade de
legítimo sucessor dos apóstolos por instituição divina o toma solidariamente
responsável pela missão apostólica da Igreja
”.
1561 Tudo o que acabamos de dizer explica por que a Eucaristia celebrada pelo Bispo tem um
1369
significado todo especial como expressão da Igreja reunida em tomo do altar sob
a presidência daquele que representa visivelmente Cristo, Bom Pastor e Cabeça de
sua Igreja
.
A ORDENAÇÃO DOS PRESBÍTEROS COOPERADORES DOS BISPOS
1562
“Cristo, a quem o Pai santificou e enviou ao mundo (Jo 10,36), fez os
Bispos participantes de sua consagração e missão, por meio dos apóstolos, de
quem são sucessores. Os Bispos transmitiram legitimamente o múnus de seu
ministério em grau diverso a pessoas diversas na Igreja
.”
“O múnus de seu ministério foi por sua vez confiado em grau subordinado aos
presbíteros, para que constituídos na ordem do presbiterado com o fito de
cumprir a missão apostólica transmitida por Cristo - fossem os colaboradores da
ordem episcopal
.”
1563 “O oficio dos presbíteros, por estar ligado à ordem episcopal, participa da autoridade com que o próprio Cristo constrói, santifica e rege seu corpo. Por isso, o sacerdócio dos presbíteros, supondo os sacramentos da iniciação cristã, é conferido por meio daquele
1121
sacramento peculiar mediante o qual os presbíteros,
pela unção do Espírito Santo, são assinalados com um caráter especial e assim
configurados com Cristo sacerdote, de forma a poderem agir em nome de Cristo
Cabeça em pessoa
.”
1564
“Embora
os
presbíteros não possuam o ápice do pontificado e no exercício de seu poder
dependam dos Bispos, estão contudo com eles unidos na dignidade sacerdotal. Em
virtude do sacramento da Ordem, segundo a imagem de Cristo, sumo e eterno
sacerdote
,
eles são consagrados para pregar o Evangelho, apascentar os fiéis e celebrar o
culto
611
divino, como verdadeiros sacerdotes do Novo Testamento
.”
1565 Em virtude do sacramento da Ordem, os presbíteros participam das dimensões
849
universais da
missão confiada por Cristo aos Apóstolos. O dom espiritual que receberam na
ordenação prepara-os não para uma missão limitada e restrita, “mas para a missão
amplíssima e universal da salvação até os confins da terra
,
“com o espírito pronto para pregar o Evangelho por toda parte
”.
1566 “Eles exercem seu sagrado múnus principalmente no culto eucarístico ou sinaxe, na
1369 qual, agindo na pessoa de Cristo e proclamando seu mistério, unem os pedidos dos fiéis ao sacrifício de sua Cabeça e, até a volta do Senhor, tomam presente e aplicam no sacrifício da missa o único sacrifício do Novo Testamento, isto é, o sacrifício de Cristo
611
que, como hóstia imaculada, uma vez por todas se ofereceu ao Pai
.
É desse sacrifício único que retiram a força de todo o seu ministério
sacerdotal
.
1567 “Solícitos cooperadores da ordem episcopal, seu auxílio e instrumento, chamados para
1462 servir ao povo de Deus, os sacerdotes formam com seu Bispo um único presbitério, empenhados, porém, em diversos ofícios. Em cada comunidade local de fiéis, tomam
2179
presente de
certo modo o Bispo, ao qual se associam com coração confiante e generoso.
Assumem, como próprias, as funções e as solicitudes do Bispo e as exercem em seu
empenho cotidiano pelos fiéis
.
Os presbíteros só podem exercer seu ministério na dependência do Bispo e em
comunhão com ele. A promessa de obediência que fazem ao Bispo no momento da
ordenação e o ósculo da paz do Bispo no fim da liturgia da ordenação significam
que o bispo os considera como seus colaboradores, filhos, irmãos e amigos, e em
troca eles lhe devem amor e obediência.
1568 “Estabelecidos na ordem do presbiterado por meio da ordenação, os presbíteros estão
1537
ligados entre
si por uma íntima fraternidade sacramental; de modo especial, porém, formam um
só presbitério na diocese para cujo serviço estão escalados sob a direção do
próprio Bispo
.”
A unidade do presbitério encontra uma expressão litúrgica na prática que
recomenda que os presbíteros, por sua vez, imponham as mãos, depois do Bispo,
durante o rito da ordenação.
A ORDENAÇÃO DOS DIÁCONOS - “PARA O SERVIÇO”
1569
No grau inferior da hierarquia encontram-se os diáconos. São-lhes
impostas as mãos “não para o sacerdócio, mas para o serviço
”.
Para a ordenação ao diaconado, só o Bispo impõe as mãos, significando assim que
O diácono está especialmente ligado ao Bispo nas tarefas de sua “diaconia
”.
1570
Os
diáconos
participam de modo especial na missão e graça de Cristo
.
São marcados
1121
pelo sacramento da Ordem com um sinal (“caráter”) que ninguém poder
apagar e que os configura a Cristo, que se fez “diácono”, isto é, servidor de
todos
.
Cabe aos diáconos, entre outros serviços, assistir o Bispo e os padres na
celebração dos divinos mistérios, sobre tudo a Eucaristia, distribuir a
Comunhão, assistir ao Matrimônio e abençoá-lo, proclamar o Evangelho e pregar,
presidir o funeierarquiaais e consagrar-se aos diversos serviços da caridade
.
1571
Desde
o
Concílio Vaticano II, a Igreja latina restabeleceu o diaconato “como grau
próprio e permanente da hierarquia ”,
1579
a passo que as Igrejas do Oriente sempre o mantiveram. Esse diaconato
permanente, que pode ser conferido a homens casados, constitui um importante
enriquecimento para a missão da Igreja. De fato, ser útil e apropriado que
aqueles que cumprem na Igreja um ministério verdadeiramente diaconal, quer na
vida litúrgica e pastoral, quer nas obras sociais e caritativas, “sejam
corroborados e mais intimamente ligados ao altar pela imposição das mãos,
tradição que nos vem desde os apóstolos. Destarte desempenharão mais eficazmente
o seu ministério mediante a graça sacramental do diaconato
”.
IV. A celebração deste sacramento
1572 A celebração da ordenação de um Bispo, de presbíteros ou de diáconos, devido à sua importância para a vida da Igreja particular, exige o concurso do maior número possível de fiéis. Deverá realizar-se de preferência num domingo e na catedral, com uma solenidade adaptada à circunstância. As três ordenações – do Bispo, do padre e do diácono - seguem o mesmo movimento. Seu lugar é no seio da Liturgia Eucarística.
1573 O rito essencial do sacramento da Ordem consta, para os três graus, da imposição das
699 mãos pelo Bispo sobre a cabeça do ordenando e da oração consagratória específica, que
1585
pede a Deus a efusão do Espírito Santo e de seus dons
apropriados ao ministério para o qual o candidato é ordenado
.
1574 Como todos os sacramentos, ritos anexos cercam a celebração. Variando consideravelmente nas diferentes tradições litúrgicas, o que têm em comum é exprimir os múltiplos aspectos da graça sacramental. Assim, os ritos iniciais no rito latino - a apresentação e a eleição do ordinando, a alocução do Bispo, o interrogatório do ordinando, a ladainha de todos os santos - atestam que a escolha do candidato foi feita de conformidade com a prática da Igreja e preparam o ato solene da consagração, depois da qual diversos ritos vêm exprimir e concluir, de maneira simbólica, o mistério que acaba de consumar-se: para o Bispo e para o presbítero, a
1294 unção do santo crisma, sinal da unção especial do Espirito Santo que torna fecundo seu ministério; entrega do livro dos Evangelhos, do anel, da mitra e do báculo ao bispo, em sinal de sua missão apostólica de anúncio
796
da
Palavra de Deus, de sua fidelidade à Igreja, esposa de Cristo, de seu cargo de
pastor do rebanho do Senhor; entrega da patena e do cálice ao presbítero, “a
oferenda do povo santo
”
que ele deve apresentar a Deus; entrega do livro dos Evangelhos ao diácono, que
acaba de receber a missão de anunciar o Evangelho de Cristo.
V. Quem pode conferir este sacramento?
1575 Foi Cristo quem escolheu os apóstolos, fazendo-os participar de sua missão e
857
autoridade.
Elevado à direita do Pai, Ele não abandonou seu rebanho, mas guarda-o por meio
dos Apóstolos, sob sua constante proteção, e o dirige ainda pelos mesmos
pastores que continuam até hoje sua obra
.
Portanto, é Cristo “que concede” a uns serem apóstolos, a outros pastores
.
Ele continua agindo por intermédio dos Bispos
.
1576 Como o sacramento da Ordem é o sacramento do ministério apostólico, cabe aos
1536
Bispos,
como sucessores dos apóstolos, transmitir “o dom espiritual
”,
“a semente apostólica
”.
Os Bispos validamente ordenados, isto é, que estão na linha da sucessão
apostólica, conferem validamente os três graus do sacramento da ordem
.
VI. Quem pode receber este sacramento?
1577
“Só
um
varão ('vir') batizado pode receber validamente a ordenação sagrada
.”
O
551
Senhor Jesus escolheu homens (“viri”) para formar o colégio dos doze
Apóstolos
e
os
861
apóstolos fizeram o mesmo quando escolheram os colaboradores
que
seriam seus
862
sucessores na missão
.
O colégio dos Bispos, ao qual os presbíteros estão unidos no sacerdócio, torna
presente e atualiza, até o retorno de Cristo, o colégio dos doze. A Igreja se
reconhece vinculada por essa escolha do próprio Senhor. Por isso, a ordenação de
mulheres não é possível
.
1578 Ninguém tem o direito de receber o sacramento da ordem. De fato, ninguém pode
2121
arrogar-se a
si mesmo este cargo. A pessoa é chamada por Deus para esta honra
.
Aquele que crê verificar em si os sinais do chamado divino ao ministério
ordenado deve submeter humildemente seu desejo à autoridade da Igreja, à qual
cabe a responsabilidade e o direito convocar alguém para receber as ordens. Como
toda graça, esse sacramento não pode ser recebido a não ser como um dom
imerecido.
1579 Todos os ministros ordenados da Igreja latina, com exceção dos diáconos permanentes,
1618
normalmente são escolhidos entre os homens fiéis que vivem como celibatários e
querem guardar o celibato “por causa do Reino dos Céus” (Mt 19,12). Chamados a
consagrar-se com indiviso coração ao Senhor e a “cuidar das coisas do Senhor
”,
entregam-se inteiramente a Deus e aos homens. O celibato é um sinal desta nova
vida a serviço da qual o ministro da Igreja é consagrado; aceito com coração
alegre, ele
2233
anuncia de modo radiante o Reino de Deus
.
1580
Nas Igrejas orientais, está em vigor, há séculos, uma disciplina
diferente: enquanto os Bispos só são escolhidos entre os celibatários, homens
casados podem ser ordenados diáconos e padres. Esta praxe é considerada legítima
há muito tempo; esses padres exercem um ministério muito útil no seio de suas
comunidades
.
O celibato dos presbíteros, por outro lado, é muito honrado nas Igrejas
orientais, e são numerosos os que o escolhem livremente, por causa do Reino de
Deus. No Oriente como no Ocidente, aquele que recebeu o sacramento da Ordem não
pode mais casar-se.
VII. Os efeitos do sacramento da Ordem
O CARÁTER INDELÉVEL
1581 Este sacramento toma a pessoa semelhante a Cristo por meio de uma graça especial
1548 do Espírito Santo, para servir de instrumento de Cristo em favor de sua Igreja. Pela ordenação, a pessoa se habilita a agir como representante de Cristo, Cabeça da Igreja, em sua tríplice função de sacerdote, profeta e rei.
1582 Como no caso do Batismo e da Confirmação, esta participação na função de Cristo é
1121
concedida uma vez por todas. O sacramento da Ordem também confere um caráter
espiritual indelével e não pode ser reiterado nem conferido temporariamente
.
1583
Alguém validamente ordenado pode, é claro, por motivos graves, ser
exonerado das obrigações e das funções ligadas à ordenação ou ser proibido de
exercê -las
,
mas jamais poder voltar a ser leigo no sentido estrito
,
porque o caráter impresso pela ordenação permanece para sempre. A vocação e a
missão recebidas no dia de sua ordenação marcam a pessoa de modo permanente.
1584 Como , afinal de contas, quem age e opera a salvação é Cristo, por intermédio do
1128
ministro ordenado, a indignidade deste não impede Cristo de agir
.
Santo Agostinho diz isso categoricamente:
O ministro orgulhoso deve ser colocado junto com o diabo, mas nem por isso é contaminado o
1550 dom de Cristo, que, por esse ministro, continua a fluir em sua pureza e, por meio dele, chega
límpido e cai em terra fértil... Na verdade, a virtude espiritual do sacramento se assemelha à
luz: os que devem ser iluminados a receber em sua pureza, pois, mesmo que tenha de
atravessar seres
manchados, ela não se contamina
.
A GRAÇA DO ESPÍRITO SANTO
1585 A graça do Espírito Santo própria deste sacramento e graça da configuração a Cristo Sacerdote, Mestre e Pastor, do qual o homem ordenado é constituído ministro.
1586
No caso
do Bispo, trata-se de uma graça de força (“O Espírito que constitui chefes”:
Oração de consagração do Bispo do rito latino
):
a graça de guiar e de defender com
2348
força e prudência sua Igreja como pai e
pastor, com um amor gratuito por todos e uma predileção pelos pobres, doentes e
necessitados
.
Esta graça o impele a anunciar o Evangelho a todos, a ser o modelo de seu
rebanho, a precedê-lo no caminhada santificação, identificando-se na Eucaristia
com Cristo sacerdote e vítima, sem medo de entregar a vida por suas ovelhas:
1558 Pai, que conheceis os corações, concedei a vosso servo que escolhestes para
o episcopado apascentar vosso santo rebanho e exercer irrepreensivelmente diante de vós o sumo
sacerdócio, servindo-vos noite e dia; que ele tome incessantemente propício vosso olhar e ofereça
os dons de vossa santa Igreja; que, em virtude do espírito do sumo sacerdócio, tenha o poder
de perdoar os pecados segundo o vosso mandamento, distribua os cargos conforme vossa
ordem e se desligue de todo vinculo em virtude do poder que destes aos apóstolos; que ele
vos seja agradável por sua doçura e seu coração puro, oferecendo-vos um perfume agradável,
por intermédio de vosso Filho, Jesus
Cristo
...
1587 O dom espiritual conferido pela ordenação presbiteral se expressa por esta oração
1564 própria do rito bizantino. O bispo, impondo a mão, diz entre outras coisas:
Senhor, dignai-vos cumular do dom do Espírito Santo aquele que
vos dignastes elevar ao grau do sacerdócio, a fim de que seja digno de manter-se
irrepreensível diante de vosso altar, anunciar o Evangelho de vosso Reino,
cumprir o ministério de vossa palavra de verdade, oferecer dons e sacrifícios
espirituais, renovar vosso povo pelo banho da regeneração, de forma que ele
próprio se encaminhe para o grande Deus e Salvador Jesus Cristo, vosso Filho
único, no dia de sua segunda vinda, e que receba de vossa imensa bondade a
recompensa de uma fiel administração de sua ordem
.
1588 Quanto aos diáconos, “a graça sacramental lhes concede a força necessária para
1569
servir ao
povo de Deus na 'diaconia' da liturgia, da palavra e da caridade, em comunhão
com o Bispo e seu presbitério
”.
1589 Diante da grandeza da graça e da missão sacerdotais, os santos doutores sentiram o urgente apelo à conversão, a fim de corresponder através de toda a sua vida Aquele de quem são constituídos ministros pelo sacramento. Neste sentido, São Gregório Nazianzeno, ainda jovem sacerdote, não pôde deixar de exclamar:
É preciso começar a purificar-se antes de purificar os outros, é preciso ser instruído para poder
instruir, é preciso tomar-se luz para iluminar, aproximar-se de Deus para aproximar dele os outros,
ser santificado para santificar, conduzir pela mão e aconselhar com perspicácia
.
Sei muito
bem de quem somos ministros, em que nível nos encontramos e quem é aquele para o nos
dirigimos. Conheço a
sublimidade de Deus e a fraqueza homem,
mas também sua força
.
[Quem é, pois, o sacerdote ?] É o defensor da verdade, eleva-se com os anjos, glorifica os com
arcanjos, leva ao altar celeste as vítimas do sacrifício, partilha do sacerdócio de Cristo, remodela a
460
criatura, restabelecendo
(nela) a imagem (de o que há de mais
sublime, é divinizado e diviniza
.
E o Santo Cura d’Ars: “E o sacerdote que continua a obra de redenção na terra”... “Se
1551 soubéssemos o que é o sacerdote terra, morreríamos não de espanto, mas de amor”... “O
sacerdócio é o amor do coração de Jesus
”.
RESUMINDO
1590 São Paulo disse a seu discípulo Timóteo: “Eu te exorto a reavivar o dom de Deus que há em ti pela imposição de minhas mão, (2Tm 1,6), e “se alguém aspira ao episcopado, boa obra deseja” (1 Tm 3,1). A Tito dizia ele: “Eu te deixei em Creta para cuidares da organização e ao mesmo tempo para que constituas presbíteros em cada cidade, cada qual devendo ser como te prescrevi” (Tt 1,5).
1591 Toda a Igreja é um povo sacerdotal. Graças ao Batismo, todos os fiéis participam do sacerdócio de Cristo. Esta participação se chama “sacerdócio comum dos fiéis”. Baseado nele e a seu serviço existe outra participação na missão de Cristo, a do ministério conferido pelo sacramento da Ordem, cuja tarefa é servir em nome e na pessoa de Cristo Cabeça no meio da comunidade.
1592 O sacerdócio ministerial difere essencialmente do sacerdócio comum dos fiéis porque confere um poder sagrado para o serviço dos fiéis. Os ministros ordenados exercem seu serviço com o povo de Deus por meio ensinamento (múnus docendi: “encargo de ensinar”), do culto divino (múnus liturgicum: “encargo litúrgico”) e do governo pastoral (múnus regendi: “encargo de governar”).
1593
Desde as origens, o ministério ordenado foi conferido e exercido em
três graus: o dos bispos, o dos presbíteros e o dos diáconos. Os ministérios
conferidos pela ordenação são insubstituíveis na estrutura orgânica da Igreja.
Sem o bispo, os presbíteros e os diáconos, não só pode falar de Igreja
.
1594 O Bispo recebe a plenitude do sacramento da ordem que o insere no Colégio episcopal e faz dele o chefe visível da Igreja particular que lhe é confiada. Os Bispos, como sucessores dos apóstolos e membros do Colégio, participam da responsabilidade apostólica e da missão de toda a Igreja, sob a autoridade do papa, sucessor de São Pedro.
1595 Os presbíteros estão unidos aos bispos na dignidade sacerdotal e ao mesmo tempo dependem deles no exercício de suas junções pastorais; são chamados a ser atentos cooperadores dos Bispos; formam em torno de seu Bispo o “presbitério”, que com ele é responsável pela Igreja particular. Recebem do Bispo o encargo de uma comunidade paroquial ou de uma junção eclesial determinada.
1596 Os diáconos são ministros ordenados para as tarefas de serviço da Igreja; não recebem o sacerdócio ministerial, mas a ordenação lhes confere junções importantes no ministério da Palavra, do culto divino, do governo pastoral e do serviço da caridade, tarefas que devem cumprir sob a autoridade pastoral de seu Bispo.
1597 O sacramento da Ordem é conferido pela imposição das mãos, seguida de uma solene oração consecratória que pede a Deus, para o ordenando, as graças do Espírito Santo, necessárias para exercer seu ministério. A ordenação imprime um caráter sacramental indelével.
1598 A Igreja só confere o sacramento da ordem a homens (viris) batizados, cujas aptidões para o exercício do ministério foram devidamente comprovadas. Cabe à autoridade da Igreja a responsabilidade e o direito de chamar alguém para receber as Sagradas Ordens.
1599 Na Igreja latina, o sacramento da Ordem para o presbiterado normalmente é conferido apenas a candidatos que estão prontos a abraçar livremente o celibato e manifestam publicamente sua vontade de guardá-lo por amor do Reino de Deus e do serviço aos homens.
1600
Cabe aos Bispos conferir o sacramento da Ordem nos três graus.