Busca no site: |
|
B í b l i a | ![]() | O n L i n e |
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
SEGUNDA PARTE
A CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO CRISTÃO
CAPÍTULO II
OS SACRAMENTOS DE CURA
1420
Pelos sacramentos da iniciação cristã, o
homem recebe a vida nova de Cristo. Ora, esta vida nós a trazemos “em vasos de
argila” (2Cor 4,7). Agora, ela ainda se encontra “escondida com Cristo em Deus”
(Cl 3,3). Estamos ainda em “nossa morada terrestre
”, sujeitos ao
sofrimento, à doença e à morte. Esta nova vida de filhos de Deus pode se tornar
debilitada e até perdida pelo pecado.
1421
O Senhor Jesus Cristo, médico de nossas
almas e de nossos corpos, que remiu os pecados do paralítico e restituiu-lhe a
saúde do corpo
,
quis que sua Igreja continuasse, na força do Espírito Santo, sua obra de cura e
de salvação, também junto de seus próprios membros. É esta a finalidade dos dois
sacramentos de cura: o sacramento da Penitência e o sacramento da Unção dos
Enfermos.
ARTIGO 4
O SACRAMENTO DA PENITÊNCIA
E DA RECONCILIAÇÃO
1422 “Aqueles que se aproximam do sacramento da Penitência obtêm da misericórdia divina
980 o perdão da ofensa feita a Deus e ao mesmo tempo são reconciliados com a Igreja que
feriram pecando, e a qual colabora para sua conversão com caridade exemplo e orações
I. Como se chama este sacramento?
1423 Chama-se sacramento da Conversão, pois realiza sacramentalmente o convite de Jesus
1989
à conversão
, o caminho de volta ao
Pai
, do qual a
pessoa se afastou pelo pecado.
1440 Chama-se sacramento da Penitência porque consagra um esforço pessoal e eclesial de conversão, de arrependimento e de satisfação do cristão pecador.
1424 É chamado sacramento da Confissão porque a declaração, a confissão dos pecados
1456 diante do sacerdote é um elemento essencial desse sacramento. Num sentido profundo esse sacramento também é uma “confissão”, reconhecimento e louvor da santidade de Deus e de sua misericórdia para com o homem pecador.
1449
Também é chamado sacramento do perdão
porque pela absolvição sacramental do sacerdote Deus concede “o perdão e a
paz
”
1442 É chamado sacramento da Reconciliação porque dá ao pecador o amor de Deus que reconcilia: “Reconciliai-vos com Deus” (2Cor 5,20). Quem vive do amor misericordioso de Deus está pronto a responder ao apelo do Senhor: “Vai primeiro reconciliar-te com teu irmão” (Mt 5,24).
II. Por que um sacramento da Reconciliação após o Batismo?
1425 “Vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em nome do Senhor
1263
Jesus Cristo e pelo Espírito de nosso
Deus” (1 Cor 6,11). É preciso tomar consciência da grandeza do dom de Deus que
nos é oferecido nos sacramentos da iniciação cristã para compreender até que
ponto o pecado é algo que deve ser excluído daquele que se “vestiu de Cristo
”. Mas o apóstolo
São João também diz: “Se dissermos: “Não temos pecado”, enganamo-nos a nós
mesmos, e a verdade não está em nós” (1Jo 1,8). E o
2838 próprio Senhor nos ensinou a rezar: “Perdoa-nos os nossos pecados” (Lc 11,4),
vinculando o perdão de nossas ofensas ao perdão que Deus nos conceder de
nossos pecados.
1426 A conversão a Cristo, o novo nascimento pelo Batismo, o dom do Espírito Santo, o Corpo e o Sangue de Cristo recebidos como alimento nos tornaram “santos e irrepreensíveis diante dele” (Ef 1,4), como a própria Igreja, esposa de Cristo, é “santa e irrepreensível” (Ef 5,27). Entretanto, a nova vida recebida na iniciação cristã não suprimiu a fragilidade e a fraqueza da natureza humana, nem a inclinação ao pecado, que
405,978 a tradição chama de concupiscência, que continua nos batizados para prová-los no
1264
combate da vida cristã, auxiliados
pela graça de Cristo
. É o combate da
conversão
para chegar à santidade e à vida eterna, para a qual somos incessantemente chamados
pelo Senhor
.
III. A conversão dos batizados
1427 Jesus convida à conversão. Este apelo é parte essencial do anúncio do Reino:
541 “Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no
Evangelho” (Mc 1,15). Na pregação da Igreja este apelo é feito em primeiro lugar aos que ainda não conhecem a Cristo e seu Evangelho. Além disso, o Batismo é o principal
1226 lugar da primeira e fundamental conversão. É pela fé na Boa Nova e pelo Batismo
que se renuncia ao mal e
se adquire a salvação, isto é, a remissão de todos os pecados
e o dom da nova vida.
1428 Ora, o apelo de Cristo à conversão continua a soar na vida dos cristãos. Esta segunda
1036 conversão é uma tarefa ininterrupta para toda a Igreja, que “reúne em seu próprio seio
853 os pecadores” e que “e ao mesmo tempo santa e sempre, na necessidade de purificar-
se, busca sem cessar a penitência e a
renovação ”. Este
esforço de conversão não é
1996
apenas uma obra humana. E o movimento
do “coração contrito
” atraído e movido pela
graça
a responder
ao amor misericordioso de Deus que nos amou primeiro
.
1429
Comprova-o a conversão de 5. Pedro após a
tríplice negação de seu mestre. O olhar de infinita misericórdia de Jesus
provoca lágrimas de arrependimento
e, depois da
ressurreição do Senhor, a afirmação, três vezes reiterada, de seu amor por
e1e
. A segunda
conversão também possui uma dimensão comunitária. Isto aparece no apelo do
Senhor a toda uma Igreja: “Converte-te!” (Ap 2,5.16).
Santo Ambrósio, referindo-se às duas
conversões, diz que na Igreja “existem a água e as lágrimas: a água do Batismo e
as lágrimas da penitência
”.
IV. A penitência interior
1430 Como já nos profetas, o apelo de Jesus à conversão e penitência não visa em primeiro lugar às obras exteriores, saco e a cinza”, os jejuns e as mortificações, mas à conversão
1098
do coração, à penitência interior.
Sem ela, as obras de penitência continuam estéreis e enganadoras: a conversão
interior, ao contrário, impele a expressar essa atitude por sinais visíveis,
gestos e obras de penitência
.
1431 A penitência interior é uma reorientação radical de toda a vida, um retorno, uma
1451 conversão para Deus de todo nosso coração, uma ruptura com o pecado, uma aversão ao
mal e repugnância às más obras que cometemos. Ao mesmo tempo, é o desejo e a resolução de mudar de vida com a esperança da misericórdia divina e a confiança na ajuda de sua graça. Esta conversão do coração vem acompanhada de uma dor e uma tristeza salutares, chamadas pelos Padres de “animi cruciatus (aflição do espírito)”,
368
“compunctio cordis (arrependimento do
coração
)”.
1432 O coração do homem apresenta-se pesado e endurecido. É preciso que Deus dê ao
1989
homem um coração novo
. A conversão é antes de
tudo uma obra da graça de Deus
que reconduz nossos corações a ele:
“Converte-nos a ti, Senhor, e nos converteremos” (Lm 5,21). Deus nos dá a força
de começar de novo. É descobrindo a grandeza do amor de Deus que nosso coração
experimenta o horror e o peso do pecado e começa a ter medo de ofender a Deus
pelo mesmo pecado e de ser separado dele. O coração humano converte-se olhando
para aquele que foi traspassado por nossos pecados
.
Fixemos nossos olhos no sangue de Cristo
para compreender como é precioso a seu Pai porque, derramado para a nossa
salvação, dispensou ao mundo inteiro a graça do arrependimento
.
1433 Depois da Páscoa, o Espírito Santo “estabelecer a culpabilidade do mundo a respeito do
729
pecado
”, a saber, que o mundo
não acreditou naquele que o Pai enviou. Mas esse
692,1848
mesmo Espírito, que revela o pecado, é o Consolador
que dá ao coração do
homem a
graça do arrependimento e da conversão
.
V. As múltiplas formas da penitência na vida cristã
1434 A penitência interior do cristão pode ter expressões bem variadas. A escritura e os padres insistem
1969
principalmente em três formas: o jejum,
a oração e a esmola
, que exprimem a
conversão com
relação a si mesmo, a Deus e aos outros. Ao lado da purificação radical operada pelo batismo ou pelo
martírio, citam, como meio de obter o perdão dos pecados, os esforços empreendidos para reconciliar-se
com o próximo, as lágrimas de penitência, a preocupação com a salvação do
próximo
, a
intercessão
dos santos e a prática da caridade, “que cobre uma multidão de pecados” (1Pd 4,8).
1435
A conversão se realiza na
vida cotidiana por meio de gestos de reconciliação, do cuidado dos pobres, do
exercício e da defesa da Justiça e do direito
, pela confissão das
faltas aos irmãos, pela correção fraterna, pela revisão de vida, pelo exame de
consciência pela direção espiritual, pela aceitação dos sofrimentos, pela
firmeza na perseguição por causa da justiça. Tomar sua cruz, cada dia, seguir a
Jesus é o caminho mais seguro da penitencia
.
1436 Eucaristia e penitência. A conversão e a penitência cotidiana encontram sua fonte e seu alimento na Eucaristia, pois nela se torna presente o sacrifício de Cristo que nos reconciliou com Deus; por ela são
1394
nutridos e fortificados aqueles
que vivem da vida de Cristo: “ela é o antídoto que nos liberta de nossas faltas
cotidianas e nos preserva dos pecados mortais
”.
1437 A leitura da Sagrada Escritura, a oração da Liturgia das Horas e do Pai-nosso, todo ato sincero de culto ou de piedade reaviva em nós o espírito de conversão e de penitência e contribui para o perdão dos pecados.
1438
Os
tempos e os dias de penitência ao
longo do ano litúrgico (o tempo da quaresma, cada sexta-feira em memória da
morte do Senhor) são momentos fortes da prática penitencial da Igreja
.
Esses tempos são particularmente apropriados aos exercícios espirituais, às
liturgias penitenciais, às peregrinações em sinal de penitência, às privações
voluntárias como o jejum e a esmola, à partilha fraterna (obras de caridade e
missionárias).
1439 O dinamismo da conversão e da penitência foi maravilhosamente descrito por Jesus na parábola do “filho
545
pródigo”, cujo centro é “O pai
misericordioso
”: o
fascínio de uma liberdade ilusória, o abandono da casa paterna; a extrema
miséria em que se encontra o filho depois de esbanjar sua fortuna; a profunda
humilhação de ver-se obrigado a cuidar dos porcos e, pior ainda, de querer matar
a fome com a sua ração; a reflexão sobre os bens perdidos; o arrependimento e a
decisão de declarar-se culpado diante do pai; o caminho de volta; o generoso
acolhimento da parte do pai; a alegria do pai: tudo isso são traços específicos
do processo de conversão. A bela túnica, o anel e o banquete da festa são
símbolos desta nova vida, pura, digna, cheia de alegria, que é a vida do homem
que volta a Deus e ao seio de sua família, que é a Igreja. Só o coração de
Cristo que conhece as profundezas do amor do Pai pôde revelar-nos o abismo de
sua misericórdia de uma maneira tão simples e tão bela.
VI. O sacramento da Penitência e da Reconciliação
1440 O pecado é antes de tudo uma ofensa a Deus, uma ruptura da comunhão com ele. Ao
1850
mesmo tempo é um atentado à comunhão com
a Igreja. Por isso, a conversão traz simultaneamente o perdão de Deus e a
reconciliação com a Igreja, o que é expresso e realizado liturgicamente pelo
sacramento da Penitência e da Reconciliação
.
SÓ DEUS PERDOA OS PECADOS
1441
Só Deus perdoa os pecados
. Por ser o Filho de
Deus, Jesus diz de si mesmo: “O Filho
270,431 do homem tem poder de perdoar pecados na terra” (Mc 2,10) e exerce esse poder
divino: “Teus pecados estão perdoados!” (Mc
2,5
). Mais
ainda: em virtude de sua
589
autoridade divina, transmite esse poder aos
homens
para que o
exerçam em seu nome.
1442 A vontade de Cristo é que toda a sua Igreja seja, na oração, em sua vida e em sua ação, o sinal e instrumento do perdão e da reconciliação que “ele nos conquistou ao preço de
983 seu sangue”. Mas confiou o exercício do poder de absolvição ao ministério apostólico,
encarregado do “ministério da reconciliação” (2Cor 5,18). O apóstolo é enviado “em
nome de Cristo”, e “é o próprio Deus” que, por meio dele, exorta e suplica:
“Reconciliai-vos com Deus” (2Cor 5,20).
RECONCILIAÇÃO COM A IGREJA
1443 Durante sua vida pública, Jesus não só perdoou os pecados, mas também manifestou o efeito desse perdão: reintegrou os pecadores perdoados na comunidade do povo de
545
Deus, da qual o pecado os havia
afastado ou até excluído. Um sinal evidente disso é o fato de Jesus admitir os
pecadores à sua mesa e, mais ainda, de Ele mesmo sentar-se à sua mesa, gesto que
exprime de modo estupendo ao mesmo tempo o perdão de Deus
e o retorno ao seio do
Povo de Deus
.
1444 Conferindo aos apóstolos seu próprio poder de perdoar os pecados, o Senhor também
981 lhes dá a autoridade de reconciliar os pecadores com a Igreja. Esta dimensão eclesial de
sua tarefa exprime-se principalmente na solene palavra de Cristo a Simão Pedro: “Eu te
darei as chaves do Reino dos Céus, e o que ligares na terra ser ligado nos céus, e o que
desligares na terra será desligado nos céus”
(Mt 16,19). “O múnus de ligar e desligar, que foi dado a Pedro, consta que
também foi dado ao colégio do apóstolos, unido a seu chefe (cf. Mt 18,18; 28,16-20
).”
1445 As palavras ligar e desligar significam: aquele que excluirdes da vossa comunhão, será
553 excluído da comunhão com Deus; aquele que receberdes de novo na vossa comunhão,
Deus o acolherá também na sua. A reconciliação com a Igreja é inseparável da
reconciliação com Deus.
O SACRAMENTO DO PERDÃO
1446 Cristo instituiu o sacramento da Penitência para todos os membros pecadores de sua
979 Igreja, antes de tudo para aqueles que, depois do Batismo, cometeram pecado grave e
1856 com isso perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial. E a eles que o
1990 sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de converter-se e de recobrar
a graça da justificação. Os Padres da Igreja apresentam este sacramento como “a
segunda tábua (de salvação) depois do
naufrágio que é a perda da graça
.
1447 No curso dos séculos, a forma concreta segundo a qual a Igreja exerceu este poder recebido do Senhor variou muito. Nos primeiros séculos, a reconciliação dos cristãos que haviam cometido pecados particularmente graves depois do Batismo (por exemplo, a idolatria, o homicídio ou o adultério) estava ligada a uma disciplina bastante rigorosa, segundo a qual os penitentes deviam fazer penitência pública por seus pecados, muitas vezes durante longos anos, antes de receber a reconciliação. A esta “ordem dos penitentes” (que incluía apenas certos pecados graves) só se era admitido raramente e, em certas regiões, só uma vez na vida. No século VII, inspirados na tradição monástica do Oriente, os missionários irlandeses trouxeram para a Europa continental a prática “privada” da penitência que não mais exigia a prática pública e prolongada de obras de penitência antes de receber a reconciliação com a Igreja. O sacramento se realiza daí em diante de uma forma mais secreta entre o penitente e o presbítero. Esta nova prática previa a possibilidade da repetição, abrindo assim o caminho para uma freqüência regular a este sacramento. Permitia integrar numa única celebração sacramental o perdão dos pecados graves e dos pecados veniais. Em linhas gerais, é essa a forma de penitência praticada na Igreja até hoje.
1448 Mediante as mudanças por que passaram a disciplina e a celebração deste sacramento ao longo dos séculos, podemos discernir sua própria estrutura fundamental que consta de dois elementos igualmente essenciais: de um lado, os atos do homem que se converte sob a ação do Espírito Santo, a saber, a contrição, a confissão e a satisfação; de outro lado, a ação de Deus por intermédio da Igreja. A Igreja que, pelo Bispo e seus presbíteros, concede, em nome de Jesus Cristo, o perdão dos pecados e fixa a modalidade da satisfação, ora pelo pecador e faz penitência com ele. Assim o pecador é curado e reintegrado na comunhão eclesial.
1449 A fórmula da absolvição em uso na Igreja latina exprime os elementos essenciais deste
1481,234 sacramento: o Pai das misericórdias é a fonte de todo perdão. Ele opera a reconciliação dos pecadores pela páscoa de seu Filho e pelo dom de seu Espírito, por meio da oração e ministério da Igreja:
Deus, Pai de misericórdia, que, pela
Morte e Ressurreição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o
Espírito Santo para remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja,
o perdão e a paz. E eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai e do Filho e
do Espírito Santo
.
VII. Os atos do penitente
1450
“A penitência impele o pecador a suportar
tudo de boa vontade. Em seu coração está o arrependimento; em sua boca, a
acusação; em suas obras, plena humildade e proveitosa satisfação
”.
A CONTRIÇÃO
1451 Entre os atos do penitente, a contrição vem em primeiro lugar. Consiste “numa dor da
431
alma e detestação do pecado
cometido, com a resolução de não mais pecar no futuro .”
1452 Quando brota do amor de Deus, amado acima de tudo, contrição é “perfeita” (contrição
1822 de caridade). Esta contrição perdoa as faltas veniais e obtém também o perdão dos
pecado mortais, se incluir a firme resolução de recorrer, quando possível, à confissão
1453
A contrição chamada “imperfeita” (ou
“atrição”) também é um dom de Deus, um impulso do Espírito Santo. Nasce da
consideração do peso do pecado ou do temor da condenação eterna e de outras
penas que ameaçam o pecador (contrição por temor). Este abalo da consciência
pode ser o início de uma evolução interior que ser concluída sob a ação da
graça, pela absolvição sacramental. Por si mesma, porém, a contrição imperfeita
não obtém o perdão dos pecados graves, mas predispõe a obtê-lo no sacramento da
penitência
.
1454
Convém preparar a recepção deste
sacramento fazendo um exame de consciência à luz da Palavra de Deus. Os textos
mais adaptados esse fim devem ser procurados na catequese moral dos evangelhos e
das cartas apostólicas: Sermão da Montanha, ensinamentos apostólicos
.
A CONFISSÃO DOS PECADOS
1455 A confissão dos pecados (acusação), mesmo do ponto de vista simplesmente humano,
1424 nos liberta e facilita nossa reconciliação com os outros. Pela acusação, o homem encara
1734 de frente os pecados dos quais se tornou culpado: assume a responsabilidade deles
e, assim, abre-se de novo a Deus e à comunhão da Igreja, a fim de tomar possível um
futuro novo.
1456 A declaração dos pecados ao sacerdote constitui uma parte essencial do sacramento da
1855 penitência: “Os penitentes devem, na confissão, enumerar todos os pecados mortais de
que têm consciência depois de examinar-se seriamente, mesmo que esses pecados sejam
muito secretos e tenham sido cometidos
somente contra os dois últimos preceitos do decálogo
,
pois, às vezes, esses pecados ferem gravemente a alma e são mais prejudiciais do
que os outros que foram cometidos à vista e conhecimento de todos
”.
Quando os cristãos se esforçam para confessar todos os pecados que lhes vêm à memória, não
se pode duvidar que tenham o intuito de apresentá-los todos ao perdão da misericórdia divina.
Os que agem de outra forma, tentando ocultar conscientemente alguns pecados, não colocam
diante da bondade divina nada que ela possa perdoar por intermédio do sacerdote. Pois, “se o
doente tem vergonha de mostrar sua ferida ao médico, a medicina não pode curar aquilo que
ignora
”.
1457 Conforme o mandamento da Igreja, “todo fiel, depois de ter chegado à idade da discrição, é obrigado a
2042
confessar seus pecados
graves, dos quais tem consciência, pelo menos uma vez por ano
”. Aquele que tem
consciência de ter cometido um pecado mortal não deve receber a Sagrada Comunhão, mesmo que esteja
1385
profundamente contrito, sem
receber previamente a absolvição sacramental
, a menos que tenha um
motivo
grave para comungar e lhe seja impossível chegar
a um confessor
.
As crianças devem confessar-
se antes
de receber a Primeira Eucaristia
.
1458
Apesar
de
não ser estritamente necessária, a confissão das faltas cotidianas (pecados
veniais) é vivamente recomendada pela Igreja
. Com efeito, a
confissão regular de
1783 nossos pecados veniais nos ajuda a formar a consciência, a lutar contra nossas más
tendências, a deixar-nos curar por Cristo, a progredir na vida do Espírito. Recebendo
mais freqüentemente, por meio deste sacramento, o dom da misericórdia do Pai, somos
levados a ser misericordiosos como ele
;
Quem confessa os próprios pecados já está agindo em harmonia com Deus. Deus acusa teus
pecados; se tu também os acusas, tu te associas a Deus. O homem e o pecador são, por assim dizer,
duas realidades: quando ouves falar do homem, foi Deus quem o fez; quando ouves falar do pecador,
é o próprio homem quem o fez. Destrói o que fizeste para que Deus salve o que Ele fez... Quando
começas a detestar o que fizeste, é então que tuas boas obras começam, porque acusas tuas más obras.
2468 A confissão das más obras é o começo das boas obras. Contribui para a verdade e consegues chegar
à 1uz
.
A SATISFAÇÃO
1459 Muitos pecados prejudicam o próximo. É preciso fazer possível para reparar esse mal
2412 (por exemplo restituir as coisas roubadas, restabelecer a reputação daquele que foi
2487 caluniado ressarcir as ofensas e injúrias). A simples justiça exige isso. Mas, além disso, o
pecado fere e enfraquece o próprio pecador, como também suas relações com Deus e
com o próxima. A absolvição tira o pecado, mas não remedeia todas as desordens que ele
1473
causou
. Liberto do pecado, o
pecador deve ainda recobrar a plena saúde espiritual.
Deve, portanto, faz alguma coisa a mais para reparar seus pecados: deve “satisfazer” de
modo apropriado ou “expiar” seus pecados. Esta satisfação chama-se também
“penitência”.
1460 A penitência imposta pelo confessor deve levar em conta a situação pessoal do penitente e procurar seu bem espiritual. Deve corresponder, na medida do possível, à gravidade e à natureza dos pecados cometidos. Pode consistir na oração, numa oferta,
2447 em obras de misericórdia, no serviço do próximo, em privações voluntárias, em
sacrifícios e principalmente na aceitação paciente da cruz que devemos carregar. Essas
618 penitências nos ajudam a configurar-nos com Cristo, que, sozinho, expiou nossos
pecados
uma vez por todas.
Permitem-nos também tomar-nos co-herdeiros de Cristo ressuscitado, “pois
sofremos com ele
”:
Mas nossa satisfação, aquela que pagamos por nossos pecados, só vale por intermédio de
Jesus Cristo, pois, não podendo coisa alguma por nós mesmos, “tudo podemos com a
cooperação daquele que nos dá força”
.
E, assim, não tem o homem de que se
gloriar, mas toda a nossa “glória” está em Cristo... em quem oferecemos satisfação,
2011
“produzindo dignos frutos de penitência
, que dele
recebem seu valor, por Ele são
oferecidos ao Pai e graças a Ele são aceitos pelo Pai
.
VIII. O ministro deste sacramento
1461
Como Cristo confiou a seus
apóstolos o ministério da Reconciliação
, os Bispos, seus
981 sucessores, e os presbíteros, colaboradores dos Bispos, continuam a exercer esse
ministério. De fato, são os Bispos e os presbíteros que têm, em virtude do sacramento da Ordem, o poder de perdoar todos os pecados “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.
1462 O perdão dos pecados reconcilia com Deus, mas também com a Igreja. O Bispo, chefe
886 visível da Igreja Particular, é, portanto, considerado, com plena razão, desde os tempos
primitivos, aquele que principalmente detém o poder e o ministério da reconciliação: ele
é o moderador da disciplina penitencial
. Os presbíteros,
seus colaboradores, o
exercem na medida em que receberam o múnus, quer de seu Bispo (ou de um superior
1567
religioso), quer do Papa, por meio do
direito da Igreja
.
1463
Alguns
pecados particularmente graves são
passíveis de excomunhão, a pena eclesiástica mais severa, que impede a recepção
dos sacramentos e o exercício de certos atos eclesiais
. Neste caso, a
absolvição não pode ser dada, segundo o direito da Igreja, a não ser pelo Papa,
pelo Bispo local ou por presbíteros autorizados por eles
. Em caso de perigo de
morte, qualquer sacerdote, mesmo privado da faculdade de
982
ouvir confissões, pode absolver
de qualquer pecado
e
de qualquer excomunhão.
1464
Os sacerdotes devem incentivar os fiéis a
receber o sacramento da Penitência e devem mostrar-se disponíveis a celebrar
este sacramento cada vez que os cristãos o pedirem de modo conveniente
.
1465 Ao celebrar o sacramento da Penitência, o sacerdote cumpre o ministério do bom
983 pastor, que busca a ovelha perdida; do bom samaritano, que cura as feridas; do Pai, que
espera o filho pródigo e o acolhe ao voltar; do justo juiz, que não faz acepção de pessoa e
cujo julgamento é justo e misericordioso ao mesmo tempo. Em suma, o sacerdote é o
sinal e o instrumento do amor misericordioso de Deus para com o pecador.
1466 O confessor não é o senhor, mas o servo do perdão de Deus. O ministro deste
1551,2690
sacramento deve unir-se à intenção e à caridade Cristo
. Deve possuir um
comprovado conhecimento do comportamento cristão, experiência das coisas humanas,
respeito e delicadeza diante daquele que caiu; deve amar a verdade, ser fiel ao
magistério da Igreja e conduzir, com paciência, o penitente à cura e à plena maturidade.
Deve orar e fazer penitência por ele, confiando-o à misericórdia do Senhor.
1467 Diante da delicadeza e da grandiosidade deste ministério e do respeito que se deve às
2490 pessoas, a Igreja declara que todo sacerdote que ouve confissões é obrigado a guardar
segredo absoluto a respeito dos pecados que seus penitentes lhe confessaram, sob
penas severíssimas
. Também não pode fazer
uso do conhecimento da vida dos
penitentes adquirido pela confissão. Este segredo, que não admite exceções, chama-se
“sigilo sacramental”, porque o que o penitente manifestou ao sacerdote permanece
“sigilado” pelo sacramento.
IX. Os efeitos deste sacramento
1468
“Toda a força da Penitência reside
no fato de ela nos reconstituir na graça de Deus e de nos unir a Ele com a
máxima amizade .”
Portanto, a finalidade e o efeito deste sacramento é a reconciliação com Deus.
Os que recebem o sacramento da Penitência
2305
com coração contrito e disposição
religiosa “podem usufruir a paz e a tranqüilidade da consciência, que vem
acompanhada de uma intensa consolação espiritual
”.
Com efeito, o sacramento da Reconciliação com Deus traz consigo uma verdadeira
“ressurreição espiritual”, uma restituição da dignidade e dos bens da vida dos
filhos de Deus, entre os quais o mais precioso é a amizade de Deus
.
1469 Este sacramento nos reconcilia com a Igreja. O pecado fende ou quebra a comunhão
953 fraterna. O sacramento da Penitência a repara ou restaura. Neste sentido, ele não cura
apenas aquele que é restabelecido na
comunhão eclesial, mas tem também um efeito vivificante sobre a vida da Igreja,
que sofreu com o pecado de um de seus membros
. Restabelecido ou
confirmado na comunhão dos santos, o pecador sai fortalecido pela
949 participação dos bens espirituais de todos os membros vivos do Corpo de Cristo, quer
estejam ainda em estado de
peregrinação, quer já estejam na pátria celeste
:
Não devemos esquecer que a reconciliação
com Deus tem como conseqüência, por assim dizer, outras reconciliações capazes
de remediar outras rupturas ocasionadas pelo pecado: o penitente perdoado
reconcilia-se consigo mesmo no íntimo mais profundo de seu ser, onde recupera a
própria verdade interior; reconcilia-se com os irmãos que de alguma maneira
ofendeu e feriu; reconcilia-se com a Igreja; e reconcilia-se com toda a
criação
.
1470 Neste sacramento, o pecador, entregando-se ao julgamento misericordioso de Deus,
678,1039 antecipa de certa maneira o julgamento a que ser sujeito no fim desta vida terrestre.
Pois é agora, nesta vida, que nos é
oferecida a escolha entre a vida e a morte, e só pelo caminho da conversão
poderemos entrar no Reino do qual somos excluídos pelo pecado grave
. Convertendo-se a
Cristo pela penitência e pela fé, o pecador passa da morte para a vida “sem ser
julgado” (Jo 5,24).
X. As indulgências
1471 A doutrina e a prática das indulgências na Igreja estão estreitamente ligadas aos efeitos do sacramento da Penitência.
QUE É A INDULGÊNCIA?
“A indulgência é a remissão,
diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à
culpa, (remissão) que o fiel bem-disposto obtém, em condições determinadas, pela
intervenção da Igreja que, como dispensadora da redenção, distribui e aplica por
sua autoridade o tesouro das satisfações (isto é, dos méritos) de Cristo e dos
santos
.”
“A indulgência é parcial
ou plenária, conforme liberar parcial totalmente da pena devida pelos pecados
.”
Todos os fiéis podem adquirir indulgências (...) para si mesmos ou aplicá-las
aos defuntos
.
AS PENAS DO PECADO
1472 Para compreender esta doutrina e esta prática da Igreja, é preciso admitir que o pecado tem uma dupla
1861 conseqüência. O pecado grave priva-nos da comunhão com Deus e, conseqüentemente, nos toma incapazes da vida eterna; esta privação se chama “pena eterna” do pecado. Por outro lado, todo pecado, mesmo venial,
1031
acarreta um apego prejudicial
às criaturas que exige purificação, quer aqui na terra, quer depois da morte, no
estado chamado “purgatório”. Esta purificação liberta da chamada “pena temporal”
do pecado. Essas duas penas não devem ser concebidas como uma espécie de
vingança infligida por Deus do exterior, mas, antes, como uma conseqüência da
própria natureza do pecado. Uma conversão que procede de uma ardente caridade
pode chegar à total purificação do pecador, de tal modo que não haja mais
nenhuma pena
.
1473 O perdão do pecado e a restauração da comunhão com Deus implicam a remissão das penas eternas do pecado. Mas permanecem as penas temporais do pecado. Suportando pacientemente os sofrimentos e as provas de todo tipo e, chegada a hora, enfrentando serenamente a morte, o cristão deve esforçar-se para
2447 aceitar, como urna graça, essas penas temporais do pecado; deve aplicar-se, por inicio de obras de
misericórdia e de caridade, como
também pela oração e por diversas práticas de penitência, a despojar-se
completamente do “velho homem” para revestir-se do “homem novo
”.
NA COMUNHÃO DOS SANTOS
1474 O cristão que procura purificar-se de seu pecado e santificar-se com o auxílio da graça de Deus não está só.
946-959 “A vida de cada um dos filhos de Deus se acha unida, por um admirável laço, em Cristo e por Cristo, com a
vida de todos os outros irmãos cristãos na unidade sobrenatural do corpo místico de Cristo, como numa
795
única
pessoa mística
.”
1475
Na comunhão dos santos, “existe
certamente entre os fiéis já admitidos na posse da pátria celeste, os que expiam
as faltas no purgatório e os que ainda peregrinam na terra, um laço de caridade
e um amplo intercâmbio de todos os bens
”. Neste admirável
intercâmbio, cada um se beneficia da santidade dos outros, bem para além do
prejuízo que o pecado de um possa ter causado aos outros. Assim, o recurso à
comunhão dos santos permite ao pecador contrito se purificado, mais cedo e mais
eficazmente, das penas do pecado.
1476 Esses bens espirituais da comunhão dos santos também são chamados o tesouro da Igreja, “que não é uma soma de bens comparáveis às riquezas materiais acumuladas no decorrer dos séculos, mas é o valor infinito
617
e inesgotável que têm junto a
Deus as expiações e os méritos de Cristo, nosso Senhor, oferecidos para que a
humanidade toda seja libertada do pecado e chegue à comunhão com o Pai. E em
Cristo, nosso redentor, que se encontram em abundância as satisfações e os
méritos de sua redenção
”.
1477 “Pertence, além disso, a esse tesouro o valor verdadeiramente imenso, incomensurável e sempre novo que
969 têm junto a Deus as preces e as boas obras da Bem-aventurada Virgem Maria e de todos os santos que,
seguindo as pegadas de
Cristo Senhor, por sua graça se santificaram e totalmente acabaram a obra que o
Pai lhes confiara, de sorte que, operando a própria salvação, também
contribuíram para a salvação de seus irmãos na unidade do corpo místico
.”
OBTER A INDULGÊNCIA DE DEUS MEDIANTE A IGREJA
1478 A indulgência se obtém de Deus mediante a Igreja, que, em virtude do poder de ligar e desligar que Cristo
981 Jesus lhe concedeu, intervém em favor do cristão, abrindo-lhe o tesouro dos méritos de Cristo e dos santos
para obter do Pai das
misericórdias a remissão das penas temporais devidas a seus pecados. Assim, a
Igreja não só vem em auxílio do cristão, mas também o incita a obras de piedade,
de penitência e de caridade
.
1479 Uma vez que os fiéis defuntos em vias de purificação também são membros da mesma comunhão dos santos,
1032 podemos ajudá-los entre outros modos, obtendo em favor deles indulgências para libertação das penas
temporais devidas por seus pecados.
XI. A celebração do sacramento da Penitência
1480 Como todos os sacramentos, a Penitência é uma ação litúrgica. São estes ordinariamente os elementos da celebração: saudação e bênção do sacerdote, leitura da Palavra de Deus para iluminar a consciência e suscitar a contrição, exortação ao arrependimento; confissão que reconhece os pecados e os manifesta ao padre; imposição e aceitação da penitência; absolvição do sacerdote; louvor de ação de graças e despedida com a bênção do sacerdote.
1481 A liturgia bizantina conhece diversas fórmulas de absolvição, forma depreciativa, que exprimem
1449 admiravelmente o mistério do perdão: “Que o Deus que pelo profeta Natã perdoou a Davi, que confessou seus
próprios pecados; a Pedro, quando chorou amargamente; à prostituta, quando lavou seus pés com lágrimas;
ao publicano e ao filho pródigo, que esse mesmo Deus vos perdoe, por mim, pecador, nesta vida e na outra,
e vos faça comparecer em seu terrível tribunal sem vos condenar, Ele que é bendito nos séculos dos séculos.
Amém
.
1482 O sacramento da Penitência também pode ter lugar no quadro de uma celebração comunitária, na qual as pessoas se preparam juntas para a confissão e também juntas agradecem pelo perdão recebido. Neste caso, a confissão pessoal dos pecados e a absolvição individual são inseridas numa liturgia da Palavra de Deus, com leituras e homilia, exame de consciência em comum, pedido comunitário de perdão, oração do Pai-Nosso e ação de graças em comum. Esta celebração comunitária exprime mais claramente o caráter eclesial da penitência. Mas, seja qual for o modo da celebração, o sacramento da Penitência sempre é, por sua própria
1140
natureza, uma ação litúrgica,
portanto eclesial e pública
.
1483 Em casos de necessidade grave, pode-se recorrer à celebração comunitária da reconciliação com confissão e
1401 absolvição gerais. Esta necessidade grave pode apresentar-se quando há um perigo iminente de morte sem
que o ou os sacerdotes tenham tempo suficiente para ouvir a confissão de cada penitente. A necessidade
grave pode também apresentar-se quando, tendo-se em vista o número dos penitentes, não havendo
confessores suficientes para ouvir devidamente as confissões individuais num tempo razoável, de modo que
os penitentes, sem culpa de sua parte, se veriam privados durante muito tempo da graça sacramental ou da
sagrada Eucaristia. Nesse caso, os fiéis devem ter, para a validade da absolvição, o propósito de confessar
individualmente seus pecados
graves no devido tempo
. Cabe ao Bispo
diocesano julgar se os requisitos
para a absolvição geral existem
. Um grande concurso
de fiéis por ocasião das grandes festas ou de peregrinação não constitui caso de
tal necessidade grave
.
1484
“A
confissão
individual e integral seguida da absolvição continua sendo o único modo
ordinário pelo qual os fiéis se reconciliam com Deus e com a Igreja, salvo se
uma impossibilidade física ou moral dispensar desta confissão
.” Há razões profundas
para isso. Cristo age em cada um dos sacramentos. Dirige-se pessoalmente a cada
um dos
878
pecadores: “Filho, os teus pecados estão
perdoados” (Mc 2,5); ele é o médico que se debruça sobre cada um dos doentes que
têm necessidade dele
para
curá-los; ele os soergue e reintegra na comunhão fraterna. A confissão pessoal
é, pois, a forma mais significativa da reconciliação com Deus e com a Igreja.
RESUMINDO
1485 “Dizendo isso, soprou sobre eles e lhes disse: Recebei o Espírito Santo; aqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhe-ão perdoados; aqueles aos quais os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,22-23).
1486 O perdão dos pecados cometidos após o Batismo é concedido por um sacramento próprio chamado sacramento da Conversão, da Confissão, da Penitência ou da Reconciliação.
1487 Quem peca fere a honra de Deus e seu amor, sua própria dignidade de homem chamado a ser filho de Deus e a saúde espiritual da Igreja, da qual cada cristão é uma pedra viva.
1488 Aos olhos da fé, nenhum mal é mais grave que o pecado, e nada tem conseqüências piores para os próprios pecador, e para a Igreja e para o mundo inteiro.
1489 Voltar à comunhão com Deus depois de a ter perdido pelo pecado é um movimento que nasce da graça do Deus misericordioso e solícito pela salvação dos homens. E preciso pedir esse dom precioso para si mesmo e também para os outros.
1490 O movimento de volta a Deus, chamado conversão e arrependimento, implica uma dor e uma aversão aos pecados cometidos e o firme propósito de não mais pecar no futuro. A conversão atinge, portanto, o passado e o futuro; nutre-se da esperança na misericórdia divina.
1491 O sacramento da Penitência é constituído de três atos do penitente e da absolvição dada pelo sacerdote. Os atos do penitente são o arrependimento, a confissão ou manifestação dos pecados ao sacerdote e o propósito de cumprir a penitência e as obras de reparação.
1492 O arrependimento (também chamado contrição) deve inspirar-se em motivos que decorrem da fé. Se o arrependimento estiver embasado no amor de caridade para com Deus, é chamado “perfeito”; se estiver fundado em outros motivos, será “imperfeito”.
1493 Aquele que quiser obter a reconciliação com Deus e com a Igreja deve confessar ao sacerdote todos os pecados graves que ainda não confessou e de que se lembra depois de examinar cuidadosamente sua consciência. Mesmo sem ser necessária em si a confissão das faltas veniais, a Igreja não deixa de recomendá-la vivamente.
1494 O confessor propõe ao penitente o cumprimento de certos atos de “satisfação” ou de “penitencia”, para reparar o prejuízo causado pelo pecado e restabelecer os hábitos próprios ao discípulo de Cristo.
1495 Somente os sacerdotes que receberam da autoridade da Igreja a faculdade de absolver podem perdoar os pecados em nome de Cristo.
1496 Os efeitos espirituais do sacramento da Penitência são:
ü a reconciliação com Deus, pela qual o penitente recobra a graça;
ü a reconciliação com a Igreja;
ü a remissão da pena eterna devida aos pecados mortais;
ü a remissão, pelo menos em parte, das penas temporais, seqüelas do pecado;
ü a paz e a serenidade da consciência e a consolação espiritual;
ü o acréscimo de forças espirituais para o combate cristão.
1497 A confissão individual e integral dos pecados graves, seguida da absolvição, continua sendo o único meio ordinário de reconciliação com Deus e com a Igreja.
1498
Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para
as almas do Purgatório a remissão das penas temporais, conseqüências dos
pecados.