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CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
SEGUNDA PARTE
A CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO CRISTÃO
ARTIGO 3
O SACRAMENTO DA EUCARISTIA
1322 A santa Eucaristia conclui a iniciação cristã. Os que foram elevados à dignidade do
1212 sacerdócio régio pelo Batismo e configurados mais profundamente a Cristo pela
Confirmação, estes, por meio da Eucaristia, participam com toda a comunidade do
próprio sacrifício do Senhor.
1323 “Na última ceia, na noite em que foi entregue, nosso Salvador instituiu o Sacrifício
Eucarístico de seu Corpo e Sangue. Por ele, perpetua pelos séculos, até que volte, o
sacrifício da cruz, confiando destarte à Igreja, sua dileta esposa, o memorial de sua
morte e ressurreição: sacramento da piedade, sinal da unidade, vínculo da caridade,
1402 banquete pascal em que Cristo é recebido como alimento, o espírito é cumulado de
graça
e nos é dado o penhor da glória
futura
.”
I. A Eucaristia - fonte e ápice da vida eclesial
1324
A Eucaristia é “fonte e ápice
de toda a vida cristã
”. “Os demais
sacramentos, assim
864 como todos os ministérios eclesiásticos e tarefas apostólicas, se ligam à sagrada
Eucaristia e a ela se
ordenam. Pois a santíssima Eucaristia contém todo o bem espiritual da Igreja, a
saber, o próprio Cristo, nossa Páscoa
.”
1325 “A comunhão de vida com Deus e a unidade do povo de Deus, pelas quais a Igreja é ela
775
mesma, a Eucaristia as significa
e as realiza. Nela está o clímax tanto da ação pela qual, em Cristo, Deus
santifica o mundo, como do culto que no Espírito Santo os homens prestam a
Cristo e, por ele, ao Pai
.”
1326 Finalmente, pela Celebração Eucarística ]a nos unimos a liturgia do céu e antecipamos a
1090 vida eterna, quando Deus ser tudo em todos (1Cor 15,28).
1327 Em sua palavra, a Eucaristia é o resumo e a suma de nossa fé: “Nossa maneira de
1124 pensar concorda com a Eucaristia, e a Eucaristia, por sua vez, confirma nossa maneira
de pensar
”.
II. Como se chama este sacramento?
1328 A riqueza inesgotável deste sacramento exprime-se nos diversos nomes que lhe são
dados. Cada uma destas designações evoca alguns de seus aspectos. Ele é chamado:
2637,1082 Eucaristia, porque é ação de graças a Deus. As palavras “eucharistein” (Lc 22,19; 1 Cor 11,24) e “eulogein” (Mt 26,26; Mc 14,22) lembram as bênçãos judaicas que
1359 proclamam sobretudo durante a refeição as obras de Deus: a criação, a redenção e a santificação.
1329
Ceia
do Senhor
,
pois se trata da ceia que o Senhor fez com seus discípulos na
1382
véspera de sua paixão, e da antecipação
da ceia das bodas do Cordeiro
na
Jerusalém celeste.
Fração do Pão, porque este rito, próprio da refeição judaica, foi utilizado
por Jesus quando abençoava e distribuía o pão como presidente da mesa
, sobretudo por da ocasião. Ultima Ceia
. É por este gesto que os discípulos o
reconhecerão após a ressurreição
, e é
com esta expressão que os primeiros cristãos designarão suas assembléias
eucarísticas
.
790 Com isso querem dizer que todos os que comem do único pão partido, Cristo, entram em
comunhão com ele e já não formam senão um só corpo nele
.
1348
Assembléia
eucarística (synaxxis, pronuncie “sináxis”), porque a Eucaristia é celebrada
na assembléia dos fiéis, expressão visível da Igreja
.
1330 Memorial da Paixão e da Ressurreição do Senhor. Santo Sacrifício, porque atualiza o
1341 único sacrifício de Cristo Salvador e inclui a oferenda da Igreja; ou também santo
2643,614
sacrifício da Missa, “sacrifício de louvor” (Hb 13,15
),
sacrifício espiritual
, sacrifício
puro
e santo, pois realiza e supera todos
os sacrifícios da Antiga Aliança.
Santa e divina Liturgia, porque toda a liturgia da Igreja encontra seu centro e sua expressão mais densa na celebração deste sacramento; é no mesmo sentido que se
1169 chama também celebração dos Santos Mistérios. Fala-se também do Santíssimo
Sacramento, porque é o sacramento dos sacramentos. Com esta denominação designam-
se as espécies eucarísticas guardadas no tabernáculo.
1331 Comunhão, porque é por este sacramento que nos unimos a Cristo, que nos toma
950
participantes de seu Corpo e de
seu Sangue para formarmos um só corpo
;
denomina-se ainda as “coisas santas: ta hagia (pronuncia-se “ta háguia” e
significa “coisas santas
”); - sancta
(coisas santas” este é o sentido primeiro da “comunhão dos santos” de
948,1405
que fala o Símbolo dos Apóstolos - pão dos anjos, pão
do céu, remédio de imortalidade
, viático...
1332 Santa Missa, porque a liturgia na qual se realizou o mistério da salvação termina com o envio dos fiéis (“missio”: missão, envio) para que cumpram a vontade de Deus em sua vida cotidiana.
III. A Eucaristia na economia da salvação
OS SINAIS DO PÃO E DO VINHO
1333 Encontram-se no cerne da celebração da Eucaristia o pão e o vinho, os quais, pelas
1350 palavras de Cristo e pela invocação do Espírito Santo, se tornam o Corpo e o Sangue de Cristo. Fiel à ordem do Senhor, a Igreja continua fazendo, em sua memória, até a sua volta gloriosa, o que ele fez na véspera de sua paixão: “Tomou o pão...” “Tomou o cálice cheio de vinho...” Ao se tomarem misteriosamente o Corpo e o Sangue de Cristo, os sinais do pão e do vinho continuam a significar também a bondade da criação. Assim,
1147-1148
no ofertório damos graças ao Criador pelo pão e pelo
vinho
, fruto “do trabalho do homem”, mas
antes “fruto da terra” e “da videira”, dons do Criador. A Igreja vê neste gesto
de Melquisedec, rei e sacerdote, que “trouxe pão e vinho” (Gn 14,18), uma
prefiguração de sua própria oferta
.
1334 Na antiga aliança, o pão e o vinho são oferecidos em sacrifício entre as primícias da
1150 terra, em sinal de reconhecimento ao Criador. Mas eles recebem também um novo
1363
significado no contexto do êxodo: os pães
ázimos que Israel come cada ano na Páscoa comemoram a pressa da partida
libertadora do Egito; a recordação do maná do deserto há de lembrar sempre a
Israel que ele vive do pão da Palavra de Deus
. Finalmente, o
pão de todos os dias é o fruto da Terra Prometida, penhor da fidelidade de Deus
às suas promessas. O “cálice de bênção” (1Cor 10,16), no fim da refeição pascal
dos judeus, acrescenta à alegria festiva do vinho uma dimensão escatológica: da
espera messiânica do restabelecimento de Jerusalém. Jesus instituiu sua
Eucaristia dando um sentido novo e definitivo à bênção do Pão e do Cálice.
1335 O milagre da multiplicação dos pães, quando o Senhor proferiu a bênção, partiu e
1151 distribuiu os pães a seus discípulos para alimentar a multidão, prefigura a
superabundância deste único pão de sua Eucaristia
. O sinal da água transformada em vinho em
Caná
já anuncia a hora da glorificação de
Jesus. Manifesta a realização da ceia das bodas no Reino do Pai, onde os fiéis
beberão o vinho novo
, transformado no
Sangue de Cristo.
1336 O primeiro anúncio da Eucaristia dividiu os discípulos, assim como o anúncio da paixão os escandalizou: “Essa palavra é dura! Quem pode escutá-la?” (Jo 6,60). A Eucaristia e a cruz são pedras de tropeço. É o mesmo mistério, e ele não cessa de ser ocasião de divisão. “Vós também quereis ir embora?” (Jo 6,67). Esta pergunta do Senhor ressoa através dos séculos como convite de seu amor a descobrir que só Ele tem “as palavras
1327 da vida eterna” (Jo 6,68) e que acolher na fé o dom de sua Eucaristia é acolher a Ele mesmo.
A INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIA
1337 Tendo amado os seus, o Senhor amou-os até o fim. Sabendo que chegara a hora de
610
partir deste mundo para voltar a
seu Pai, no decurso de uma refeição lavou-lhes os pés e deu-lhes o mandamento do
amor
. Para deixar-lhes uma garantia
deste amor, para nunca afastar-se dos seus e para fazê-los participantes de sua
Páscoa, instituiu a Eucaristia como memória de sua morte e de sua ressurreição,
e ordenou a seus
611
apóstolos que a celebrassem até a
sua volta, “constituindo-os então sacerdotes do Novo Testamento
”.
1338
Os três Evangelhos sinópticos e
São Paulo nos transmitiram o relato da instituição da Eucaristia; por sua vez,
São João nos relata as palavras de Jesus na sinagoga de Cafarnaum, palavras que
preparam a instituição da Eucaristia: Cristo designa-se como o pão da vida,
descido do Céu
.
1339 Jesus escolheu o tempo da Páscoa para realizar o que tinha anunciado em Cafarnaum:
1169 dar a seus discípulos seu Corpo e seu Sangue:
Veio o dia dos ázimos, quando devia ser
imolada a páscoa. Jesus enviou então Pedro e João, dizendo: “Ide preparar-nos a
Páscoa para comermos” ... Eles foram (...) e prepararam a Páscoa. Quando chegou
a hora, ele se pôs à mesa com seus apóstolos e disse-lhes: “Desejei ardentemente
comer esta páscoa convosco antes de sofrer; pois eu vos digo que já não a
comerei até que ela se cumpra no Reino de Deus”... E tomou um pão, deu graças,
partiu-o e distribuiu-o a eles dizendo: “Isto é o meu corpo que é dado por vós.
Fazei isto em minha memória”. E, depois de comer, fez o mesmo com o cálice
dizendo: “Este cálice é a nova aliança em meu sangue, que é derramado em favor
de vós” (Lc 22,7-20
).
1340 Ao celebrar a última Ceia com seus apóstolos durante a refeição pascal, Jesus deu seu
1151 sentido definitivo à páscoa judaica. Com efeito, a passagem de Jesus a seu Pai por sua Morte e sua Ressurreição, a Páscoa nova, é antecipada na ceia e celebrada na
677 Eucaristia que realiza a Páscoa judaica e antecipa a Páscoa final da Igreja na glória
do Reino.
“FAZEI ISTO EM MEMÓRIA DE MIM”
1341 O mandamento de Jesus de repetir seus gestos e suas palavras “até que ele volte” não pede somente que se recorde de Jesus e do que ele fez. Visa á celebração litúrgica,
611,1363 pelos apóstolos e seus sucessores, do memorial de Cristo, de sua vida, de sua Morte, de sua Ressurreição e de sua intercessão junto ao Pai.
1342 Desde o início, a Igreja foi fiel ao mandato do Senhor. Da Igreja de Jerusalém
2624 se diz:
Eles eram perseverantes ao ensinamento dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações. (...) Dia após dia, unânimes, mostravam-se assíduos no templo e partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração (At 2,42.46).
1343 Era sobretudo “no primeiro dia da semana”, isto é, no domingo, o dia da Ressurreição
1166,2177 de Jesus, que os cristãos se reuniam “para partir o pão” (At 20,7). Desde aqueles tempos até os nossos dias, a celebração da Eucaristia perpetuou-se, de sorte que hoje a encontramos em toda parte na Igreja, com a mesma estrutura fundamental. Ela continua sendo o centro da vida da Igreja.
1344 Assim , de celebração em celebração, anunciando o Mistério Pascal de Jesus “até que
1404
ele venha” (1 Cor 11,26), o povo de Deus
em peregrinação “avança pela porta estreita da cruz
” em direção ao banquete celeste, quando todos
os eleitos se sentarão à mesa do Reino.
IV. A celebração litúrgica da Eucaristia
A MISSA DE TODOS OS SÉCULOS
1345 Desde o século II temos o testemunho de S. Justino Mártir sobre as grandes linhas do desenrolar da Celebração Eucarística, que permaneceram as mesmas até os nossos dias para todas as grandes famílias litúrgicas. Assim escreve, pelo ano de 155, para explicar ao imperador pagão Antonino Pio (138-161) o que os cristãos fazem:
“No dia 'do Sol', como é chamado,
reúnem-se num mesmo lugar os habitantes, quer das cidades, quer dos campos.
Lêem-se, na medida em que o tempo o permite, ora os comentários dos Apóstolos,
ora os escritos dos Profetas. Depois, quando o leitor terminou, o que preside
toma a palavra para aconselhar e exortar à imitação de tão sublimes
ensinamentos. A seguir, pomo-nos todos de pé e elevamos nossas preces
por nós mesmos (...) e por todos os outros,
onde quer que estejam, a fim de sermos de fato justos por nossa vida e por
nossas ações, e fiéis aos mandamentos, para assim obtermos a salvação eterna.
Quando as orações terminaram, saudamo-nos uns aos outros com um ósculo. Em seguida, leva-se àquele que preside aos irmãos pão e um cálice de água e de vinho misturados.
Ele os toma e faz subir louvor e glória ao Pai do universo, no nome do Filho e do Espírito Santo e rende graças (em grego: eucharístia, que significa 'ação de graças' longamente pelo fato de termos sido julgados dignos destes dons.
Terminadas as orações e as ações de graças, todo o povo presente prorrompe numa aclamação dizendo: Amém.
Depois de o presidente ter feito a ação
de graças e o povo ter respondido, os que entre nós se chamam diáconos
distribuem a todos os que estão presentes pão, vinho e água 'eucaristizados' e
levam (também) aos ausentes
”.
1346 A liturgia da Eucaristia desenrola-se segundo uma estrutura fundamental que se
momentos que formam uma unidade básica:
ü a convocação, a Liturgia da Palavra, com as leituras, a homilia e a
oração universal;
ü a Liturgia Eucarística, com a apresentação do pão e do vinho, a ação de graças
consecratória e a comunhão.
103
Liturgia da Palavra e Liturgia
Eucarística constituem juntas “um só e mesmo ato do culto
”; com efeito, a mesa preparada para nós na
Eucaristia é ao mesmo tempo a da Palavra de Deus e a do Corpo do Senhor
.
1347
Por acaso não é exatamente esta a
seqüência da Ceia Pascal de Jesus ressuscitado com seus discípulos? Estando a
caminho, explicou-lhes as Escrituras, e em seguida, colocando-se à mesa com
eles, “tomou o pão, abençoou-o, depois partiu-o e distribuiu-o a eles
”.
A SEQÜÊNCIA DA CELEBRAÇÃO
1348 Todos se reúnem. Os cristãos acorrem a um mesmo lugar para a Assembléia
1140 Eucarística, encabeçados pelo próprio Cristo, que é o ator principal da Eucaristia. Ele é o sumo sacerdote da Nova Aliança. É ele mesmo quem preside invisivelmente toda Celebração Eucarística. É representando-o que o Bispo ou o presbítero (agindo “em
1548 representação de Cristo-Cabeça”) preside a assembléia, toma a palavra depois das
leituras, recebe as oferendas e profere a oração eucarística. Todos têm sua parte ativa
na celebração, cada um a seu modo: os leitores, os que trazem as oferendas, os que dão
a comunhão e todo o povo, cujo Amém manifesta a participação.
1349 A Liturgia da Palavra comporta “os escritos dos profetas”, isto é, o Antigo Testamento,
1184
e “as memórias dos Apóstolos”, isto é,
as epístolas e os Evangelhos; depois da homilia, que exorta a acolher
esta palavra como ela verdadeiramente é, isto é, como Palavra de Deus
, e a pô-la em prática, vêm as intercessões por
todos os homens, de acordo com a palavra do Apóstolo: “Eu recomendo, pois, antes
de tudo, que se façam pedidos, orações, súplicas e ações de graças por todos os
homens, pelos reis e todos os que detêm a autoridade” (1Tm 2,1-2).
1350 A apresentação das oferendas (o ofertório): trazem-se então ao altar, por vezes em procissão, o pão e o vinho que serão oferecidos pelo sacerdote em nome de Cristo no Sacrifício Eucarístico e ali se tornarão o Corpo e o Sangue de Cristo. Este é o próprio
1359 gesto de Cristo na última ceia, “tomando pão e um cálice”. “Esta oblação, só a Igreja a oferece, pura, ao Criador, oferecendo-lhe com ação de graças o que provém de sua
614
criação
. A apresentação das oferendas ao
altar assume o gesto de Melquisedec e entrega os dons do Criador nas mãos de
Cristo. E ele que, em seu sacrifício, leva à perfeição todos os intentos humanos
de oferecer sacrifícios.
1351 Desde os inícios, os cristãos levam, com o pão e o vinho para a Eucaristia, seus dons
1397,2186 para repartir com os que
estão em necessidade. Este costume da coleta
, sempre
atual, inspira-se no exemplo de Cristo
que se fez pobre para nos enriquecer :
Os que possuem bens em abundância e o
desejam, dão livremente o que lhes parece bem, e o que se recolhe é entregue
àquele que preside. Este socorre os órfãos e viúvas e os que, por motivo de
doença ou qualquer outra razão, se encontram em necessidade, assim como os
encarcerados e os imigrantes; numa palavra, ele socorre todos os necessitados
.
1352 A anáfora. Com a Oração Eucarística, oração de ação de graças e de consagração, chegamos ao coração e ao ápice da celebração.
No prefácio, a Igreja rende graças ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo, por todas as suas obras, pela criação, a redenção, a santificação. Toda a comunidade junta-se então a este louvor incessante que a Igreja
559 celeste, os anjos e todos os santos cantam ao Deus três vezes santo.
1353
Na
epiclese ela pede ao Pai que envie seu
Espírito Santo (ou o poder de sua bênção
) sobre o pão e o
1105 vinho, para que se tornem, por seu poder, o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, e para que aqueles que
tomam parte na Eucaristia sejam um só corpo e um só espírito (certas tradições litúrgicas colocam
a epiclese depois da anamnese).
1375 No relato da instituição, a força das palavras e da ação de Cristo e o poder do Espírito Santo tornam sacramentalmente presentes, sob as espécies do pão e do vinho, o Corpo e o Sangue de Cristo, seu sacrifício oferecido na cruz uma vez por todas.
1354 Na anamnese que segue, a Igreja faz memória da Paixão, da Ressurreição e da volta gloriosa de Cristo
1103 Jesus; ela apresenta ao Pai a oferenda de seu Filho que nos reconcilia com ele.
954 Nas intercessões, a Igreja exprime que a Eucaristia é celebrada em comunhão com toda a Igreja do céu e da terra, dos vivos e dos falecidos, e na comunhão com os pastores da Igreja, o Papa, o Bispo da diocese, seu presbitério e seus diáconos, e todos os Bispos do mundo inteiro com suas igrejas.
1355 Na comunhão, precedida pela oração do Senhor e pela fração do pão, os fiéis recebem
1382 “o pão do céu” e “o cálice da salvação”, o Corpo e o Sangue de Cristo, que se entregou “para a vida do mundo” (Jo 6,51):
Porque este pão e este vinho foram,
segundo a antiga expressão, “eucaristizados
”,
“chamamos este alimento de Eucaristia, e a ninguém é permitido participar na Eucaristia
1327 senão àquele que admitindo como verdadeiros os nossos ensinamentos e tendo sido purificado
pelo Batismo para a remissão dos pecados e para o novo nascimento, levar uma vida como Cristo
ensinou
”.
V. O sacrifício sacramental: ação de graças, memorial, presença
1356 Se os cristãos celebram a Eucaristia desde as origens, e sob uma forma que, em sua substância, não sofreu alteração através da grande diversidade dos tempos e das liturgias, é porque temos consciência de estarmos ligados ao mandato do Senhor, dado na véspera de sua paixão: “Fazei isto em memória de mim” (1 Cor 11 ,24-25).
1357 Cumprimos esta ordem do Senhor celebrando o memorial de seu sacrifício. Ao fazermos isto, oferecemos ao Pai o que ele mesmo nos deu: os dons de sua criação, o pão e o vinho, que pelo poder do Espírito Santo e pelas palavras de Cristo se tornaram o Corpo e o Sangue de Cristo, o qual, assim, se torna real e misteriosamente presente.
1358 Por isso, temos de considerar a Eucaristia:
ü como ação de graças e louvor ao Pai;
ü como memorial sacrifical de Cristo e de seu corpo;
ü corno presença de Cristo pelo poder de sua palavra e de seu Espírito.
A AÇÃO DE GRAÇAS E O LOUVOR AO PAI
1359 A Eucaristia, sacramento de nossa salvação realizada por Cristo na cruz, é também um
293 sacrifício de louvor em ação de graças pela obra da criação. No sacrifício eucarístico,
toda a criação amada por Deus é apresentada ao Pai por meio da Morte e
da Ressurreição de Cristo. Por Cristo, a Igreja pode oferecer o sacrifício de louvor em
ação de graças por tudo o que Deus fez de bom, de belo e de justo na criação e
na humanidade.
1360 A Eucaristia é um sacrifício de ação de graças ao Pai, unia bênção pela qual a Igreja
1083 exprime seu reconhecimento a Deus por todos os seus benefícios, por tudo o que ele
realizou por meio da criação, da redenção e da santificação. Eucaristia significa,
primeiramente, “ação de graças”.
1361 A Eucaristia é também o sacrifício de louvor por meio do qual a Igreja canta a glória de
294 Deus em toda a criação. Este sacrifício de louvor só é possível através de Cristo: Ele une os fiéis à sua pessoa, ao seu louvor e à sua intercessão, de sorte que o sacrifício de louvor ao Pai é oferecido por Cristo e com ele para ser aceito nele.
O MEMORIAL SACRIFICAL DE CRISTO E DE SEU CORPO, A IGREJA
1362 A Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, a atualização e a oferta sacramental de seu único sacrifício na liturgia da Igreja, que é o corpo dele. Em todas as orações
1103 eucarísticas encontramos, depois das palavras da instituição, uma oração chamada
anamnese ou memorial.
1363 No sentido da Sagrada Escritura, o memorial não é somente a lembrança dos
1099
acontecimentos
dos acontecimento do passado, mas a proclamação das maravilhas que Deus realizou
por todos os homens
. A celebração
litúrgica desses acontecimentos toma-os de certo modo presentes e atuais. É
desta maneira que Israel entende sua libertação do Egito: toda vez que é
celebrada a Páscoa, os acontecimentos do êxodo tomam-se presentes à memória dos
crentes, para que estes conformem sua vida a eles.
1364 O memorial recebe um sentido novo no Novo Testamento. Quando a Igreja celebra a
611 Eucaristia, rememora a páscoa de Cristo, e esta se toma presente: o sacrifício que
1085
Cristo
ofereceu uma vez por todas na cruz torna-se sempre atual
:
“Todas as vezes
que se celebra no altar o sacrifício da cruz, pelo qual Cristo nessa páscoa foi imolado,
efetua-se
a obra
de nossa redenção
.”
1365 Por ser memorial da páscoa de Cristo, a Eucaristia é também um sacrifício. O caráter
2100 sacrifical da Eucaristia é manifestado nas próprias palavras da instituição: “Isto é o meu
Corpo que será entregue por vós”, e “Este cálice é a nova aliança em meu Sangue, que
vai ser derramado por vós” (Lc 22,19-20). Na Eucaristia, Cristo dá este mesmo corpo
que, entregou por nós na cruz, o próprio sangue que “derramou por muitos para
remissão dos pecados” (Mt 26,28).
1366 A Eucaristia é, portanto, um sacrifício porque representa (torna presente) o Sacrifício da
613 Cruz, porque dele é memorial e porque aplica seus frutos:
[Cristo] nosso Deus e Senhor ofereceu-se
a si mesmo a Deus Pai uma única vez, morrendo como intercessor sobre o altar da
cruz, a fim de realizar por eles (os homens) uma redenção eterna. Todavia, como
sua morte não devia pôr fim ao seu sacerdócio (Hb 7,24.27), na última ceia, “na
noite em que foi entregue (1 Cor 11,13), quis deixar à Igreja, sua esposa muito
amada, um sacrifício visível (como o reclama a natureza humana) em que seria
representado (feito presente) o sacrifício cruento que ia realizar-se uma vez
por todas uma única vez na cruz, sacrifício este cuja memória haveria de
perpetuar-se até o fim dos séculos (l Cor 11,23) e cuja virtude salutar haveria
de aplicar-se à remissão dos pecados que cometemos cada dia
.
1367 O sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício: “É uma só e
1545
mesma vítima, é o
mesmo que oferece agora pelo ministério dos sacerdotes, que se ofereceu a si
mesmo então na cruz. Apenas a maneira de oferecer difere
”. “E porque neste divino sacrifício que se
realiza na missa, este mesmo Cristo, que se ofereceu a si mesmo uma vez de
maneira cruenta no altar da cruz, está contido e é imolado de maneira incruenta,
este sacrifício é verdadeiramente propiciatório
”.
1368 A Eucaristia é também o sacrifício da Igreja. A Igreja, que é o corpo de Cristo, participa da oferta de sua Cabeça. Com Cristo, ela mesma é oferecida inteira. Ela se une à sua intercessão junto ao Pai por todos os homens. Na Eucaristia, o sacrifício de Cristo se
618,2031 torna também o sacrifício dos membros de seu Corpo. A vida dos fiéis, seu louvor, seu
1109 sofrimento, sua oração, seu trabalho são unidos aos de Cristo e à sua oferenda total, e
adquirem assim um valor novo. O sacrifício de Cristo, presente sobre o altar, dá a todas
as gerações de cristãos a possibilidade de estarem unidos à sua oferta.
Nas catacumbas, a Igreja é muitas vezes representada como uma mulher em oração, com os braços
largamente abertos em atitude de orante. Como Cristo que estendeu os braços na cruz, ela se oferece e
intercede por todos os homens, por meio dele, com ele e nele.
1369 A Igreja inteira está unida à oferta e à intercessão de Cristo. Encarregado do ministério
834,882 de Pedro na Igreja, o Papa está associado a cada celebração da Eucaristia em que ele é
1561 mencionado como sinal e servidor da unidade da Igreja universal. O Bispo do lugar é
1566 sempre responsável pela Eucaristia, mesmo quando é presidida por um presbítero; seu
nome é nela pronunciado para significar que é ele quem preside a Igreja particular, em meio ao presbitério e com a assistência dos diáconos. A comunidade intercede assim por todos os ministros que, por ela e com ela, oferecem o Sacrifício Eucarístico:
Que se considere legítima só esta
Eucaristia que se faz sob a presidência do Bispo ou daquele a quem este
encarregou
.
É pelo ministério dos presbíteros que se consuma o sacrifício espiritual dos
fiéis, em união com o sacrifício de Cristo, único mediador, oferecido em nome de
toda a Igreja na Eucaristia pelas mãos dos presbíteros, de forma incruenta e
sacramenta até que o próprio Senhor venha
.
1370 À oferenda de Cristo unem-se não somente os membros que estão ainda na terra, mas
956,969 também os que já estão na glória do céu: é em comunhão com a santíssima Virgem Maria e fazendo memória dela, assim como de todos os santos e santas, que a Igreja oferece o Sacrifício Eucarístico. Na Eucaristia, a Igreja, com Maria, está como que ao pé da cruz, unida à oferta e à intercessão de Cristo.
1371 O Sacrifício Eucarístico é também oferecido pelos fiéis defuntos “que morreram em
958,1689 Cristo e não estão ainda
plenamente purificados
”,
para que possam entrar na luz e na
1032 paz de Cristo:
Enterrai este corpo onde quer que seja!
Não tenhais nenhuma preocupação por ele! Tudo o que vos peço é que vos lembreis
de mim no altar do Senhor onde quer que estejais
.
Em seguida, oramos [na anáfora] pelos
santos padres e Bispos que faleceram, e em geral por todos os que adormeceram
antes de nós acreditando que haverá muito grande benefício para as almas, em
favor das quais a súplica é oferecida, enquanto se encontra presente a santa e
tão temível vítima. (...) Ao apresentarmos a Deus nossas súplicas pelos que
adormeceram, ainda que fossem pecadores, nós (...) apresentamos o Cristo imolado
por nossos pecados, tomando propício, para eles e para nós, o Deus amigo dos
homens
.
1372 Santo Agostinho resumiu admiravelmente esta doutrina que nos incita a uma
1140 participação cada vez mais completa no sacrifício de nosso redentor, que celebramos na
Eucaristia:
Esta cidade remida toda inteira, isto é,
a assembléia e a sociedade dos santos, é oferecida a Deus como um sacrifício
universal pelo Sumo Sacerdote que, sob a forma de escravo, chegou a ponto de
oferecer-se por nós em sua paixão, para fazer de nós o corpo de uma Cabeça tão
grande. (...) Este é o sacrifício dos cristãos: “Em muitos, ser um só corpo em
Cristo” (Rm 12,5). E este sacrifício, a Igreja não cessa de reproduzi-lo no
sacramento do altar bem conhecido pelos fiéis, onde se vê que naquilo que
oferece, se oferece a si mesma
.
A PRESENÇA DE CRISTO PELO PODER DE SUA PALAVRA E DO ESPÍRITO SANTO
1373
“Cristo
Jesus,
aquele que morreu, ou melhor, que ressuscitou, aquele que está à direita de Deus
e que intercede por nós” (Rm 8,34), está presente de múltiplas maneiras em sua
Igreja : em sua Palavra, na oração de
sua Igreja, “lá onde dois ou três estão reunidos em meu nome” (Mt 18,20), nos
pobres, nos doentes, nos presos
, em
seus sacramentos, dos quais ele é o autor, no sacrifício da missa e na pessoa do
ministro.
1088
Mas “sobretudo (está presente) sob as espécies
eucarísticas
”.
1374 O modo de presença de Cristo sob as espécies eucarísticas é único. Ele eleva a
1211 Eucaristia acima de todos os sacramentos e faz com que da seja “como que o
coroamento da vida espiritual e o fim ao qual tendem todos os sacramentos
”. No santíssimo sacramento da Eucaristia estão
“contidos verdadeiramente, realmente e substancialmente o Corpo e o Sangue
juntamente com a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e, por
conseguinte, o Cristo todo
” . “Esta
presença chama-se 'real' não por exclusão, como se as outras não fossem 'reais',
mas por antonomásia, porque é substancial e porque por ela Cristo, Deus e homem,
se toma presente completo
.”
1375 É pela conversão do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Cristo que este se torna presente em tal sacramento. Os Padres da Igreja afirmaram com firmeza a fé da Igreja
1105 na eficácia da Palavra de Cristo e da ação do Espírito Santo para operar esta conversão. Assim, São João Crisóstomo declara:
Não é o homem que faz com que as coisas oferecidas se tomem Corpo e Sangue de Cristo, mas
o próprio Cristo, que foi crucificado por nós. O sacerdote, figura de Cristo, pronuncia essas
1128 palavras, mas sua eficácia e a graça são de Deus. Isto é o meu Corpo, diz ele. Estas palavras
transformam as coisas oferecidas
.
E Santo Ambrósio afirma acerca desta conversão:
Estejamos bem persuadidos de que isto não é o que a natureza formou, mas o que a bênção consagrou,
e que a força da bênção
supera a da natureza, pois pela bênção a própria natureza mudada
. Por
298 acaso a palavra de Cristo, que conseguiu fazer do nada o que não existia, não poderia mudar as coisas
existentes naquilo que ainda não eram? Pois não é menos dar às coisas a sua natureza primeira do
que mudar a natureza delas
.
1376
O Concílio de Trento resume a fé católica
ao declarar “Por ter Cristo, nosso Redentor, dito que aquilo que oferecia sob a
espécie do pão era verdadeiramente seu Corpo, sempre se teve na Igreja esta
convicção, que O santo Concílio declara novamente: pela consagração do pão e do
vinho opera-se a mudança de toda a substância do pão na substância do Corpo de
Cristo Nosso Senhor e de toda a substância do vinho na substância do seu Sangue;
esta mudança, a Igreja católica denominou-a com acerto e exatidão
transubstanciação ”.
1377
A presença eucarística de Cristo começa
no momento da consagração e dura também enquanto subsistirem as espécies
eucarísticas. Cristo está presente inteiro em cada uma das espécies e inteiro em
cada uma das partes delas, de maneira que a fração do pão não divide o Cristo
.
1378 O culto da Eucaristia. Na liturgia da missa, exprimimos nossa fé na presença real de
1178 Cristo sob as espécies do pão e do vinho, entre outras coisas, dobrando os joelhos, ou inclinando-nos profundamente em sinal de adoração do Senhor. “A Igreja católica
103,2628 professou e professa este culto de adoração que é
devido ao sacramento da Eucaristia não somente durante a Missa, mas também fora
da celebração dela, conservando com o máximo cuidarem com solenidade, levando-as
em procissão
.
1379 A santa reserva (tabernáculo) era primeiro destinada a guardar dignamente a Eucaristia para que pudesse
1183 ser levada, fora da missa, aos doentes e aos ausentes. Pelo aprofundamento da fé na presença real de Cristo em sua Eucaristia, a Igreja tomou consciência do sentido da, adoração silenciosa do Senhor presente sob as
2691 espécies eucarísticas. É por isso que o tabernáculo deve ser colocado em um local particularmente digno da igreja; deve ser construído de tal forma que sublinhe e manifeste a verdade da presença real de Cristo no santo sacramento.
1380 É altamente conveniente que Cristo tenha querido ficar presente à sua Igreja desta
669 maneira singular. Visto que estava para deixar os seus em sua forma visível, Cristo quis dar-nos sua presença sacramental; já que ia oferecer-se na cruz para nos salvar, queria que tivéssemos o memorial do amor com o qual nos amou “até o fim” (Jo 13,1), até o dom de sua vida. Com efeito, em sua presença eucarística Ele permanece
478 misteriosamente no meio de nós como aquele que nos amou e que se entregou por nós
, e o faz sob os sinais que exprimem e
comunicam este amor:
A Igreja e o mundo precisam muito do culto eucarístico. Jesus nos espera neste sacramento do
2715 amor. Não regateemos o tempo para ir encontrá-lo na adoração, na contemplação cheia de fé e aberta
a
reparar as faltas graves e os delitos do mundo. Que a nossa adoração nunca
cesse
!
1381 “A presença do verdadeiro Corpo de Cristo e do verdadeiro Sangue de Cristo neste
156 sacramento 'não se pode descobrir pelos sentidos, diz Santo Tomás, mas só com fé, baseada na autoridade de Deus'. Por isso, comentando o texto de São Lucas 22,19 (“Isto é o meu Corpo que será entregue por vós”), São Cirilo declara: 'Não perguntes se
215
é
ou não verdade; aceita com fé as palavras do Senhor, porque ele, que é a
verdade, não mente
”:
Com devoção te adoro, Latente divindade. Que, sob essas figuras, Te escondes na verdade; Meu Coração de pleno Sujeito a ti, obedece, Pois que, em te contemplando, Todo ele desfalece. A vista, o tato, o gosto, Certo, jamais te alcança; Pela audição somente Te crêem com segurança; Creio em tudo o que disse De Deus Filho o Cordeiro. Nada é mais da verdade Que tal voz, verdadeiro. |
Adoro te devote, latens deitas, quae sub his figuris vere latitas. Tibi se cor meum totum subiicit, quia, te contemplans, totum deflcit. Visus, tactus, gustus in te faílitur, sed auditu solo tuto creditur. Credo quidquid dixil Dei Filius: Nil hoc verbo Veritatis verius
|
VI. O banquete pascal
1382 A missa é ao mesmo tempo e inseparavelmente o memorial sacrifical no qual se perpetua o sacrifício da cruz, e o banquete sagrado da comunhão no Corpo e no Sangue do Senhor. Mas a celebração do Sacrifício Eucarístico está toda orientada para a união
950 íntima dos fiéis com Cristo pela comunhão. Comungar é receber o próprio Cristo que se ofereceu por nós.
1383 O altar, em tomo do qual a Igreja está reunida na celebração da Eucaristia, representa
1182
os dois aspectos de
um mesmo mistério: o altar do sacrifício e a mesa do Senhor, e isto tanto mais
porque o altar cristão é o símbolo do próprio Cristo, presente no meio da
assembléia de seus fiéis, ao mesmo tempo como vítima oferecida por nossa
reconciliação e como alimento celeste que se dá a nós. “Com efeito, que é o
altar de Cristo senão a imagem do Corpo de Cristo?” - diz Santo Ambrósio
; e alhures: “O altar representa o Corpo [de
Cristo], e o Corpo de Cristo está sobre o altar
”. A liturgia exprime esta unidade do
sacrifício e da comunhão em muitas orações. Assim, a Igreja de Roma ora em sua
anáfora:
Nós vos suplicamos que ela seja levada à
vossa presença, para que, ao participarmos deste altar, recebendo o Corpo e o
Sangue de vosso Filho, sejamos repletos de todas as graças e bênçãos do céu
.
“TOMAI E COMEI DELE TODOS VÓS”: A COMUNHÃO
1384 O Senhor nos convida insistentemente a recebê-lo no sacramento da Eucaristia: “Em
2835 verdade, em verdade, vos digo: se não comerdes a Carne do Filho do homem e não
beberdes o seu Sangue, não tereis a vida em vós” (Jo 6,53).
1385 Para responder a este convite, devemos preparar-nos para este momento tão grande e tão santo. São Paulo exorta a um exame de consciência: “Todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente será réu do Corpo e do Sangue do Senhor. Por conseguinte que cada um examine a si mesmo antes de comer desse pão e beber desse cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo, come e bebe a própria
1457 condenação” (1 Cor 11,27-29). Quem está consciente de um pecado grave deve receber o sacramento da reconciliação antes de receber a comunhão.
1386
Diante
da grandeza deste sacramento, o fiel só pode repetir humildemente
e com fé ardente a palavra do Centurião
:
“Domine, non sum dignus ut mires sub tectum meum sed tantum dic verbo et
sanabitur anima mea - Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada,
mas dizei uma palavra e serei salvo
”. E
na divina liturgia de São João Crisóstomo os fiéis oram no mesmo espírito:
732 Da vossa ceia mística fazei-me participar hoje, ó Filho de Deus. Pois não revelarei o
Mistério aos vossos inimigos, nem vos darei o beijo de Judas. Mas, como o ladrão, clamo a
vós: Lembrai-vos de mim,
Senhor, no vosso reino
.
1387 A fim de se prepararem convenientemente para receber este sacramento, os fiéis
2043
observarão o jejum prescrito em sua
Igreja
. A atitude corporal
(gestos, roupa) há de
traduzir o respeito, a solenidade, a alegria deste momento em que Cristo se torna nosso
hóspede.
1388
É consentâneo com o próprio sentido da
Eucaristia que os fiéis, se tiverem as disposições requeridas
, comunguem quando participarem da missa
: “Recomenda-se muito aquela participação mais
perfeita à missa, pela qual os fiéis, depois da comunhão do sacerdote, comungam
o Corpo do Senhor do mesmo sacrifício
”.
1389 A Igreja obriga os fiéis “a participar da divina liturgia aos domingos e nos dias festivos
2042
” e a receber a Eucaristia pelo menos uma vez
ao ano, se possível no tempo pascal
,
preparados pelo sacramento da reconciliação. Mas recomenda vivamente aos fiéis
que
2837 recebam a santa Eucaristia nos domingos e dias festivos, ou ainda com maior freqüência,
e até todos os dias.
1390
Graças à presença sacramental de Cristo
sob cada uma das espécies, a comunhão somente sob a espécie do pão permite
receber todo o fruto de graça da Eucaristia. Por motivos pastorais, esta maneira
de comungar estabeleceu-se legitimamente como a mais habitual no rito latino. “A
santa comunhão realiza-se mais plenamente sob sua forma de sinal quando se faz
sob as duas espécies. Pois sob esta forma o sinal do banquete eucarístico é mais
plenamente realçado
.” Nos ritos
orientais, esta é a forma habitual de comungar.
OS FRUTOS DA COMUNHÃO
1391 A comunhão aumenta a nossa união com Cristo. Receber a Eucaristia na comunhão traz
460 como fruto principal a união intima o com Cristo Jesus. Pois o Senhor diz: “Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em mim e eu nele” (Jo 6,56). A vida em Cristo tem seu fundamento no banquete eucarístico: “Assim como o Pai, que vive, me
521 enviou e eu vivo pelo Pai, também aquele que de mim se alimenta viverá por mim” (Jo 6,57):
Quando nas festas do Senhor os fiéis
recebem o Corpo do Filho, proclamam uns aos outros a Boa Nova de que é dado o
penhor da vida, como quando o anjo disse a Maria de Mágdala: “Cristo
ressuscitou!”. Eis que agora também a vida e a ressurreição são conferidas
àquele que recebe o Cristo
.
1392 O que o alimento material produz em nossa vida corporal, a comunhão o realiza de
1212 maneira admirável em nossa vida espiritual. A comunhão da Carne de Cristo
ressuscitado, “vivificado
pelo Espírito Santo e vivificante
”,
conserva, aumenta e renova a vida da graça recebida no Batismo. Este crescimento
da vida cristã precisa ser alimentado pela Comunhão Eucarística, pão da nossa
peregrinação, até o momento da
1524 morte, quando nos ser dado como viático.
1393 A comunhão separa-nos do pecado. O Corpo de Cristo que recebemos na comunhão é “entregue por nós”, e o Sangue que bebemos é “derramado por muitos para remissão
613 dos pecados”. Por isso a Eucaristia não pode unir-nos a Cristo sem purificar-nos ao mesmo tempo dos pecados cometidos e sem preservar-nos dos pecados futuros:
“Toda vez que o recebermos, anunciamos a
morte do Senhor
”. Se anunciamos a morte
do Senhor, anunciamos a remissão dos pecados. Se, toda vez que o seu Sangue é
derramado, o é para a remissão dos pecados, devo recebê-lo sempre, para que
perdoe sempre os meus pecados. Eu que sempre peco, devo ter sempre um remédio
.
1394 Como o alimento corporal serve para restaurar a perda das forças, a Eucaristia
1863
fortalece a caridade que, na
vida diária, tende a arrefecer; e esta caridade vivificada apaga os pecados
veniais
. Ao dar-se
a nós, Cristo reaviva nosso amor e nos torna
1436 capazes de romper as amarras desordenadas com as criaturas e de enraizar-nos nele:
Visto que Cristo morreu por nós por amor,
quando fazemos memória de sua morte no momento do sacrifício pedimos que o amor
nós seja concedido pela vinda do Espírito Santo; pedimos humildemente que em
virtude deste amor, pelo qual Cristo quis morrer por nós, nós também, recebendo
a graça do Espírito Santo, possamos considerar o mundo como crucificado para
nós, e sejamos nós mesmos crucificados para o mundo. (...)Tendo recebido o dom
de amor morramos para o pecado e vivamos para Deus
.
1395 Pela mesma caridade que acende em nós, a Eucaristia nos preserva dos pecados mortais
1855 futuros. Quanto mais participarmos da vida de Cristo e quanto mais progredirmos em
sua amizade, tanto mais difícil de ele separar-nos pelo pecado mortal. A Eucaristia não
é destinada a perdoar pecados mortais. Isso é próprio do sacramento da reconciliação. É
1446 próprio da Eucaristia ser o sacramento daqueles que estão na comunhão plena da Igreja.
1396 A unidade do corpo místico: a Eucaristia faz a Igreja. Os que recebem a Eucaristia
1118 estão unidos mais intimamente a Cristo. Por isso mesmo, Cristo os une a todos os fiéis
1267
em um só corpo, a Igreja. A comunhão renova,
fortalece, aprofunda esta incorporação à Igreja, realizada já pelo Batismo. No
Batismo fomos chamados a constituir um só corpo
. A Eucaristia realiza
este apelo: “O cálice de bênção que abençoamos não é comunhão com o Sangue de
Cristo? O pão que partimos não é comunhão com o Corpo de Cristo? Já que há um
único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, visto que
790 todos participamos desse único pão” (1Cor 10,16-17).
Se sois o corpo e os membros de Cristo, é o vosso sacramento que é colocado sobre a mesa do
Senhor, recebeis o vosso sacramento. Respondeis “Amém” (“sim, é verdade!”) àquilo que
1064 recebeis, e subscreveis ao responder. Ouvis esta palavra: “o Corpo de Cristo”, e respondeis:
“Amém”. Sede, pois, um membro de Cristo, para que o vosso Amém seja
verdadeiro
.
1397 A Eucaristia compromete com os pobres. Para receber na verdade o Corpo e o Sangue
2449
de Cristo
entregues por nós, devemos reconhecer o Cristo nos mais pobres, seus irmãos
:
Degustaste o Sangue do Senhor e não
reconheces sequer o teu irmão. Desonras esta própria mesa, não julgando digno de
compartilhar do teu alimento aquele que foi julgado digno de participar desta
mesa. Deus te libertou de todos os teus pecados e te convidou para esta mesa. E
tu, nem mesmo assim, te tornaste mais misericordioso
.
1398
A
Eucaristia
e a unidade dos cristãos. Diante da grandeza deste mistério, Santo Agostinho
exclama: “Ó sacramento da piedade! Ó sacramento da unidade! Ó vínculo da
caridade
!”. Quanto mais dolorosas se fazem
sentir as divisões da Igreja que rompem a participação comum à mesa do Senhor,
tanto mais prementes são as orações ao Senhor para que voltem os dias da unidade
completa de todos os que nele crêem.
1399 As Igrejas orientais que não estão em comunhão plena com a Igreja católica celebram a Eucaristia com um
838 grande amor. “Essas Igrejas, embora separadas, têm verdadeiros
sacramentos - principalmente, em virtude da sucessão apostólica, o sacerdócio e
a Eucaristia -, que as unem intimamente a nós
.” Por isso certa comunhão in sacris na
Eucaristia é “não somente possível, mas até aconselhável, em circunstâncias
favoráveis e com a aprovação da autoridade eclesiástica
”.
1400 As comunidades eclesiais oriundas da Reforma, separadas da Igreja católica, “em razão sobretudo da
1536
ausência do sacramento da ordem, não conservaram a substância própria e integral
do mistério eucarístico
”. Por este
motivo a intercomunhão eucarística com essas comunidades não é possível para a
Igreja católica. Todavia, essas comunidades eclesiais, “quando fazem memória, na
Santa ceia, da morte e da ressurreição do Senhor, professam que a vida consiste
na comunhão com Cristo e esperam sua volta gloriosa
”.
1401 Quando urge uma necessidade grave, a critério do ordinário, os ministros católicos
1483 podem dar os sacramentos Eucaristia, Penitência, Unção dos Enfermos) aos outros cristãos que não estão em plena comunhão com a Igreja católica, mas que os pedem espontaneamente: é preciso então que manifestem a fé católica no tocante a esses
1385
sacramentos e que
apresentem as disposições exigidas
.
VII. A Eucaristia - “penhor da glória futura”
1402 Em uma oração, a Igreja aclama o mistério da Eucaristia: “O sacrum convivium in quo
1323
Christus sumitur.
Recolitur memoria passionis eius; mens impletur gratia etffiturae gloriae nobis
pignus datur - O sagrado banquete, em que de Cristo nos alimentamos.
Celebra-se a memória de sua Paixão, o espírito é repleto de graças e se nos dão
penhor da glória
”. Se a Eucaristia é o
memorial da Páscoa do Senhor, se por nossa comunhão
1130
ao altar somos repletos “de
todas as graças e bênçãos do céu
”, a
Eucaristia também a antecipação da glória celeste.
1403
Quando da última Ceia, o
Senhor mesmo dirigia o olhar de seus discípulos para a realização da Páscoa no
Reino de Deus: “Desde agora não beberei deste fruto da videira até aquele dia em
que convosco beberei o vinho novo no Reino de meu Pai” (Mt 26,29
). Toda vez que a Igreja celebra a Eucaristia
lembra-se desta promessa, e seu olhar se volta para “aquele que vem” (Ap 1,4).
Em sua oração, suspira por sua vinda:
671
“Maran athá” (1 Cor 16,22), “Vem, Senhor
Jesus” (Ap 22,20), “Venha vossa graça e passe este mundo
!”
1404
A Igreja sabe que, desde
agora, o Senhor vem em sua Eucaristia, e que ali Ele está, no meio de nós.
Contudo, esta presença é velada. Por isso, celebramos a Eucaristia “expectantes
beatam spem et adventum Salvatoris nostri Jesu Christi - aguardando a
bem-aventurada esperança e a vinda de nosso Salvador Jesus Cristo
”, pedindo
1041 “saciar-nos eternamente da vossa glória, quando enxugardes toda lágrima dos nossos
1028
olhos. Então, contemplando-vos
como sois, seremos para sempre semelhantes a vós e cantaremos sem cessar os
vossos louvores, por Cristo, Senhor nosso
”.
1405 Desta grande esperança, a dos céus novos e da terra nova nos quais habitará a justiça
1042
, não
temos penhor mais seguro, sinal mais manifesto do que a Eucaristia. Com efeito,
toda vez que é celebrado este mistério, “opera-se a obra da nossa redenção
” e nós
1000 “partimos um mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto não para a morte,
mas para a vida eterna em
Jesus Cristo
”.
RESUMINDO
1406 Jesus disse: “Eu sou o pão vivo, descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente...... Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem vida eterna. (...) permanece em mim e eu nele” (Jo 6,51.54.56).
1407 A Eucaristia é o coração e o ápice da vida da Igreja, pois nela Cristo associa sua Igreja e todos os seus membros a seu sacrifício de louvor e de ação de graças oferecido uma vez por todas na cruz a seu Pai; por seu sacrifício ele derrama as graças da salvação sobre o seu corpo, que é a Igreja.
1408 A Celebração Eucarística comporta sempre: a proclamação da Palavra de Deus, a ação de graças a Deus Pai por todos os seus benefícios, sobretudo pelo dom de seu Filho, a consagração do pão e do vinho e a participação no banquete litúrgico pela recepção do Corpo e do Sangue do Senhor. Estes elementos constituem um só e mesmo ato de culto.
1409 A Eucaristia é o memorial da páscoa de Cristo: isto é, da obra da salvação realizada pela Vida, Morte e Ressurreição de Cristo, obra esta tornada presente pela ação litúrgica.
1410 É Cristo mesmo, sumo sacerdote eterno da nova aliança, que, agindo pelo ministério dos sacerdotes, oferece o sacrifício eucarístico. E é também o mesmo Cristo, realmente presente sob as espécies do pão e do vinho, que é a oferenda do Sacrifício Eucarístico.
1411 Só os sacerdotes validamente ordenados podem presidir a Eucaristia e consagrar o pão e o vinho para que se tornem a Corpo e o Sangue do Senhor.
1412 Os sinais essenciais do Sacramento Eucarístico são o pão de trigo e o vinho de uva, sobre os quais é invocada a bênção da Espírito Santo, e o sacerdote pronuncia as palavras da consagração ditas por Jesus durante a ultima ceia: “Isto é o meu Corpo entregue por vós. (...) Este é o cálice do meu Sangue (...)”
1413
Por meio da consagração opera-se a transubstanciação do pão e do vinho
no Corpo e no Sangue de Cristo. Sob as espécies consagradas do pão e do vinho,
Cristo mesmo, vivo e glorioso está presente de maneira verdadeira, real e
substancial, seu Corpo e seu Sangue, com sua alma e sua divindade
.
1414 Enquanto sacrifício, a Eucaristia é também oferecida em reparação dos pecados dos vivos e dos defuntos, e para obter de Deus benefícios espirituais ou temporais.
1415 Quem quer receber a Cristo na comunhão eucarística deve estar em estado de graça. Se alguém tem consciência de ter pecado mortalmente, não deve comungar a Eucaristia sem ter recebido previamente a absolvição no sacramento da penitência.
1416 A santa comunhão do Corpo e do Sangue de Cristo aumenta a união do comungante com o Senhor, perdoa-lhe os pecados veniais e o preserva dos pecados graves. Por serem reforçados os laços de caridade entre o comungante e Cristo, a recepção deste sacramento reforça a unidade da Igreja, corpo místico de Cristo.
1417 A Igreja recomenda vivamente aos fiéis que recebam a Santa Comunhão quando participam da celebração da Eucaristia; impõe-lhes a obrigação de comungar pelo menos uma vez por ano.
1418
Visto que Cristo mesmo está presente no Sacramento do altar, é preciso
honrá-lo com um culto de adoração. “A visita ao Santíssimo Sacramento é uma
prova de gratidão, um sinal de amor e um dever de adoração para com Cristo,
nosso Senhor“
.
1419 Tendo Cristo passado deste mundo ao Pai, dá-nos na Eucaristia o penhor da glória junto dele: a participação no Santo Sacrifício nos identifica com o seu coração, sustenta as nossa forças ao longo da peregrinação desta vida, faz-nos desejar a vida eterna e nos une já à Igreja do céu, à santa Virgem Maria e a todos os santos.