"Maldito aquele que faz com negligência a obra do Senhor!"(Jr 48,10).
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Psicologia e Relativismo
Nilton,
Acabei de receber um texto de jornal de outro psicólogo, Antônio Roberto, que falou sobre os variados pontos de vistas, e citou Jesus. Gostaria que você comentasse. O meu comentário está logo abaixo. O texto diz assim:
"Cada pessoa vê o mundo, os fatos, os sentimentos e a realidade da sua maneira. O grau e a capacidade de percepção varia de pessoa para pessoa e tem a ver com a história e o desenvolvimento de cada uma. Tentar impor ao outro um jeito de pensar, sentir e agir, além de orgulho, é uma insanidade. Não podemos nem devemos ditar nossas regras às outras pessoas, mas ajudá-las a tomarem consciência da sua visão, dos seus próprios valores e os usarem. Essa tendência onipotente e orgulhosa de querer controlar o mundo vem de uma total submissão aos padrões sociais, definindo a vida sempre em torno do que se convencionou chamar de certo e errado. A análise da realidade na visão absolutista do certo e do errado legitima o controle e a opressão sobre as outras pessoas. O moralista fantasia possuir uma cartilha privativa das condutas certas e erradas e através dela manipula e domina os outros, produzindo-lhes culpa e medo de serem rejeitados. Entre os vários preceit os evangélicos, enunciados por Jesus, tem um que serve à nossa reflexão. Diz ele: 'Não julgueis'. Interessante notar que ele não fala: 'Não julgueis errado'. Não. Ele diz apenas: 'Não queira ser juiz de ninguém'. Quem deu a quem autoridade para ser dono dos pensamentos, sentimentos e ações das outras pessoas? A alegria e a felicidade têm circulação direta com nossa capacidade de receber e aceitar a realidade. Nas relações isso significa aceitar as diferenças. A resistência à realidade, o desejo de mudar as outras pessoas, a dominação nos fazem sofrer. Aliás, todo sofrimento psicológico é por não aceitarmos alguma realidade. Cada um de nós tem um caminho na vida. Cada um de nós é responsável por ele. Para agirmos com autonomia, devemos agir de acordo como nossas próprias percepções e vamos responder por isso. Não posso ver o mundo com o olho de ninguém, nem posso querer que o outro enxergue com os meus olhos."
Jornal AQUI - Belo Horizonte - 5ª feira - 07.02.2013 - Nº 2.681
Nilton, agora não sei ao certo se a Psicologia, nesses casos, ajuda ou atrapalha! O que você pensa a respeito?
O discurso se embasa num dado científico de que cada um possui um cérebro ou uma alma diferente dos demais, e cada um assimila ao seu modo a realidade. Até aqui tudo bem. Mas o discurso parece que também passa a impressão que as normas de conduta propostas por Jesus e pelos apóstolos nos aprisiona, quer nos controlar. Mas não é justamente o contrário? Quer dizer: não seriam as normas de conduta propostas por Jesus e pelos apóstolos uma sagrada e sã oportunidade para nos tormarmos responsavelmente e respeitosamente livres e felizes?
Gostaria do seu comentário. (...)
Fique com Deus Nilton! Você e toda sua família!
Que Deus continue fortalecendo seu coração e sua mente, a fim de que possa se entusiasmar sempre em nos envangelizar com sua extraordinária habilidade e eficiência!
Rodrigo.
Prezado Rodrigo, "Un peu de science éloigne de Dieu, beaucoup de science y ramène."(Louis Pasteur)
(Um pouco de ciência nos afasta de Deus; Muito, nos aproxima)(L'Age nouveau", Ed. 99-104 - Página 66, 1957).
O problema não está na psicologia ou em qualquer ciência. O problema está na redutiva ou falsa ciência, ou nos cientistas de 'quinta categoria'.
E qual a origem do erro?
- A soberba da criatura.
Com efeito a primeira criatura ao dar um grito de 'independência' em relação ao Deus foi Lúcifer: "Non serviam" (Não servirei). A criatura que se recusa submeter-se ao Criador, cai no vazio, no nada, pois só Deus é infinito (não tem limites, nem se submete a ninguém). Nós somos limitados e portanto DEPENDEMOS DE DEUS para subsistir.
Assim o ser humano - limitado - quando se recusa a seguir as Leis de Deus, quando se decide seguir somente sua 'própria cabeça', também fracassa do mesmo modo que os anjos caídos (=demônios).
Tendo em vista esse princípio passemos a analisar o texto do psicólogo (de 5ª categoria):
a) "Tentar impor ao outro um jeito de pensar, sentir e agir, além de orgulho, é uma insanidade".
- É óbvio que não devemos impor nada a ninguém. Cada um é livre para escolher o que lhe convém, mas sua escolha tem consequências. Se escolhe o bem, caminha para a felicidade; se escolhe o mal, caminha para a perdição, para a desgraça.
Por isso devemos - como cristãos - exortar as pessoas que estão no caminho errado e PROPOR-LHES (não é impor) um caminho melhor, para o bem deles mesmos. Também não propomos "nosso modo de pensar", mas o modo ensinado por Deus. E Deus que é bondade e misericórdia nos deu Leis boas e sábias: “Observareis, pois, as palavras dessa aliança e as poreis em prática, para serdes bem-sucedidos em todas as vossas empresas”Dt 29,9).
b) "definindo a vida sempre em torno do que se convencionou chamar de certo e errado."
Aqui está um dos piores erros que infelizmente está terrivelmente disseminado na nossa sociedade. Trata-se do RELATIVISMO que foi combatido com veemência pelo Cardeal Ratzinger, nosso atual Papa Bento XVI:
"Todos os dias nascem novas seitas e cumpre-se assim o que São Paulo disse sobre o engano dos homens, sobre a astúcia que tende a induzir ao erro (cf. Ef 4, 14). Ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, é frequentemente catalogado como fundamentalismo, ao passo que o relativismo, isto é, o deixar-se levar «ao sabor de qualquer vento de doutrina», aparece como a única atitude à altura dos tempos atuais. Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que não reconhece nada como definitivo e que usa como critério último apenas o próprio «eu» e os seus apetites.
Nós, pelo contrário, temos um outro critério: o Filho de Deus, o verdadeiro homem. É Ele a medida do verdadeiro humanismo. Não é «adulta» uma fé que segue as ondas da moda e a última novidade; adulta e madura é antes uma fé profundamente enraizada na amizade com Cristo. É esta amizade que se abre a tudo aquilo que é bom e que nos dá o critério para discernir entre o que é verdadeiro e o que é falso, entre engano e verdade. "(Homilia da Missa "Pro Eligendo Pontífice", do dia 18/04/2005).
- A Verdade, portanto, não é algo que se "convencionou" como afirma o texto, mas ela é eterna, ela vem de Deus. Jesus é a Verdade e fora dele só trevas e confusão.
Quem faz de si mesmo a fonte da Verdade, este sim, torna-se perigoso e ditador. Pois vai impor aos outros suas convicções, como se fossem verdades definitivas.
c) "Entre os vários preceitos evangélicos, enunciados por Jesus, tem um que serve à nossa reflexão. Diz ele: 'Não julgueis'."
E agora ele vai mais longe, distorcendo a Palavra de Deus, para corroborar suas nefastas teorias. É evidente que Jesus disse para não julgar, mas é também claríssimo que ele nos ordenou: "Ide, pois, e ensinai a todas as nações"(Mt 28,19). E ensinar inclui evidentemente corrigir atitudes erradas e propor as corretas".
d) "Para agirmos com autonomia, devemos agir de acordo como nossas próprias percepções e vamos responder por isso. Não posso ver o mundo com o olho de ninguém, nem posso querer que o outro enxergue com os meus olhos".
Quando essa "autonomia" se coloca em relação a Deus, então caímos no mesmo pecado de Lúcifer e não conseguimos liberdade alguma, mas a prisão eterna.
Deus nos criou livres para escolher o bem e sermos felizes. Escolher o mal não é liberdade, nem autonomia: É insensatez.
Imagine um motorista que vendo a placa “vire à direita”, decida “ser autônomo” e “virar à esquerda”!
- Estará sendo livre ou insensato ?
Com grande sabedoria diz Santo Agostinho: "[Senhor], ninguém vos perde, a não ser quem vos abandona. E porque abandona, para onde vai ou para onde foge, senão para longe de ti misericordioso e para perto de ti irado?”(Confissões, 4-9-14, apud Pe. Paulo Ricardo, Um olhar que Cura, pág 16, Editora Canção Nova, 11ª edição).
Portanto as pessoas que rejeitam a Deus, na verdade, rejeitam a sua misericórdia e se submetem à sua justiça. Infeliz escolha.
Que Deus dê a todos nós sabedoria para abrigar-nos sob seus amáveis e justos preceitos.