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CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
PRIMEIRA PARTE - SEGUNDA SEÇÃO:
A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ - OS SÍMBOLOS DA FÉ
CAPITULO II - ARTIGO 5
"JESUS CRISTO DESCEU AOS INFERNOS, RESSUSCITOU DOS MORTOS NO TERCEIRO DIA"
631 "Jesus desceu às profundezas da terra. Aquele que desceu é também aquele que subiu" (Ef 4,9-10). O Símbolo dos Apóstolos confessa em um mesmo artigo de fé a descida de Cristo aos Infernos e sua Ressurreição dos mortos no terceiro dia, porque em sua Páscoa é do fundo da morte que ele fez jorrar a vida:
Cristo, teu Filho,
que, retomado dos Infernos,
brilhou sereno para o gênero humano,
e vive e reina pelos séculos dos séculos.
Amém
.
PARÁGRAFO I
CRISTO DESCEU AOS INFERNOS
632
As freqüentes afirmações do Novo
Testamento segundo as quais Jesus "ressuscitou dentre os mortos" (1Cor 15,20
)
pressupõem, anteriormente à ressurreição, que este tenha ficado na Morada dos
Mortos
.
Este é o sentido primeiro que a pregação apostólica deu à descida de Jesus aos
Infernos: Jesus conheceu a morte como todos os seres humanos e com sua alma
esteve com eles na Morada dos Mortos. Mas para lá foi como Salvador,
proclamando a boa notícia aos espíritos que ali estavam aprisionados
.
633
A Escritura denomina a Morada dos Mortos,
para a qual Cristo morto desceu, de os Infernos, o sheol ou o Hades
,
Visto que os que lá se encontram estão privados da visão de Deus
.
Este é, com efeito, o estado de todos os mortos, maus ou justos
,
à espera do Redentor que não significa que a sorte deles seja idêntica, como
mostra Jesus na parábola do pobre Lázaro recebido no "seio de Abraão
".
"São precisamente essas
1033
almas santas, que esperavam seu Libertador no seio de
Abraão, que Jesus libertou ao descer aos Infernos
".
Jesus não desceu aos Infernos para ali libertar os condenados
nem
para destruir o Inferno da condenação
,
mas para libertar os justos que o haviam precedido
.
634 "A Boa Nova foi igualmente anunciada aos mortos..." (1Pd 4,6). A descida aos Infernos é o cumprimento, até sua plenitude, do anúncio evangélico da salvação. É a fase última da missão messiânica de Jesus, fase condensada no tempo, mas imensamente vasta em sua significação real de extensão da obra redentora a todos os homens de todos os tempos e
605 de todos os lugares, pois todos os que são salvos se tomaram participantes da Redenção.
635
Cristo desceu, portanto, no seio da
terra
,
a fim de que "os mortos ouçam a voz do Filho de Deus e os que a ouvirem vivam"
(Jo 5,25). Jesus, "o Príncipe da vida
",
"destruiu pela morte o dominador da morte, isto é, O Diabo, e libertou os que
passaram toda a vida em estado de servidão, pelo temor da morte" (Hb 2,5). A
partir de agora, Cristo ressuscitado "detém a chave da morte e do Hades" (Ap
1,18), e "ao nome de Jesus todo joelho se dobra no Céu, na Terra e nos Infernos"
(Fl 2,10).
Um grande silêncio reina hoje na terra, um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande
silêncio porque o Rei dorme. A terra tremeu e acalmou-se porque Deus adormeceu na carne e foi
acordar os que dormiam desde séculos... Ele vai procurar Adão, nosso primeiro Pai, a ovelha perdida.
Quer ir visitar todos os que se assentaram nas trevas e à sombra da morte. Vai libertar de suas dores
aqueles dos quais é filho e para os quais é Deus: Adão acorrentado e Eva com ele cativa. "Eu sou teu
Deus, e por causa de ti me tornei teu filho. Levanta-te, tu que dormes, pois não te criei para que fiques
prisioneiro do Inferno: Levanta-te dentre os mortos, eu
sou a Vida dos mortos
."
RESUMINDO
636 Na expressão "Jesus desceu à mansão dos mortos", o símbolo confessa que Jesus morreu realmente e que, por sua morte por nós, venceu a morte e o Diabo, "o dominador da morte. (Hb 2,14)
637 O Cristo morto, em sua alma unida à sua pessoa divina, desceu à Morada dos Mortos. Abriu as portas do Céu aos justos que o haviam precedido.
PARÁGRAFO 2
NO TERCEIRO DIA RESSUSCITOU DOS MORTOS
638 "Anunciamo-vos a Boa Nova: a promessa, feita a nossos pais, Deus a realizou plenamente para nós, seus filhos, ressuscitando Jesus" (At 13,32-33). A Ressurreição de Jesus é a
90 verdade culminante de nossa fé em Cristo, crida e vivida como verdade central pela primeira comunidade cristã, transmitida como fundamental pela Tradição, estabelecida
651 pelos documentos do Novo Testamento, pregada, juntamente com a Cruz, como parte
991 essencial do Mistério Pascal.
Cristo ressuscitou dos mortos.
Por sua morte venceu a morte,
Aos mortos deu a vida
.
I - O evento histórico e transcendente
639
O mistério da Ressurreição de Cristo é um
acontecimento real que teve manifestações historicamente constatadas, como
atesta o Novo Testamento. Já São Paulo escrevia aos Coríntios pelo ano de 56:
"Eu vos transmiti... o que eu mesmo recebi: Cristo morreu por nossos pecados,
segundo as Escrituras. Foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, segundo as
Escrituras. Apareceu a Cefas, e depois aos Doze" (1Cor 15,3-4). O apóstolo fala
aqui da viva tradição da Ressurreição, que ficou conhecendo após sua conversão
às portas de Damasco
.
O TÚMULO VAZIO
640
"Por que procurais entre os mortos Aquele
que vive? Ele não esta aqui; ressuscitou" (Lc 24,5-6). No quadro dos
acontecimentos da Páscoa, c primeiro elemento com que se depara é o sepulcro
vazio. Ele não constitui em si uma prova direta. A ausência do corpo de Cristo
no túmulo poderia explicar-se de outra forma
.
Apesar disso, o sepulcro vazio constitui para todos um sinal essencial. Sua
descoberta pelos discípulos foi o primeiro passo para o reconhecimento do
próprio fato da Ressurreição. Este é o caso das santas mulheres, em primeiro
1ugar
,
em seguida de Pedro
.
"O discípulo que Jesus amava" (Jo 20,2) afirma que, ao entrar no túmulo vazio e
ao descobrir "os panos de linho no chão" (Jo 20,6),
999
"viu e creu
".
Isto supõe que ele tenha constatado, pelo estado do sepulcro vazio
,
que
a ausência do corpo de Jesus não poderia ser obra humana e que Jesus não
havia simplesmente retomado a Vida terrestre, como tinha sido o caso de
Lázaro
.
AS APARIÇÕES DO RESSUSCITADO
641
Maria de Mágdala e as santas mulheres,
que Vinham terminar de embalsamar o corpo de Jesus
,
sepultado às pressas, devido à chegada do Sábado, na tarde da Sexta-feira
Santa
,
foram as primeiras a encontrar o Ressuscitado
.
Assim, as mulheres foram as primeiras mensageiras da Ressurreição de Cristo para
os próprios apóstolos
.
Foi a eles
553
que Jesus apareceu em seguida, primeiro a Pedro, depois aos Doze
.
Pedro, chamado a
448
confirmar a fé de seus irmãos
,
vê portanto, o Ressuscitado antes deles, e é baseada no testemunho dele que a
comunidade exclama: "E verdade! O Senhor ressuscitou e apareceu a Simão" (Lc
24,34).
642 Tudo o que aconteceu nesses dias pascais convoca todos os apóstolos, de modo particular Pedro, para a construção da era nova que começou na manhã de Páscoa. Como
659,881 testemunhas do Ressuscitado, são eles as pedras de fundação de sua Igreja. A fé da primeira comunidade dos crentes tem por fundamento o testemunho de homens concretos,
860
conhecidos dos cristãos e, na
maioria dos casos, vivendo ainda entre eles. Estas "testemunhas da Ressurreição
de Cristo
"
são, antes de tudo, Pedro e os Doze, mas não somente eles: Paulo fala claramente
de mais de quinhentas pessoas às quais Jesus apareceu de uma só vez, além de
Tiago e de todos os apóstolos
.
643
Diante desses testemunhos é impossível
interpretar a Ressurreição de Cristo fora da ordem física e não reconhecê-la
como um fato histórico. Os fatos mostram que a fé dos discípulos foi submetida à
prova radical da paixão e morte na cruz de seu Mestre, anunciada antecipadamente
por Ele
.
O abalo provocado pela Paixão foi tão grande que os discípulos (pelo menos
alguns deles) não creram de imediato na notícia da ressurreição. Longe de nos
falar de uma comunidade tomada de exaltação mística, os Evangelhos nos
apresentam discípulos abatidos, "com o rosto sombrio" (Lc 24,17) e assustados
.
Por isso não acreditaram nas santas mulheres que voltavam do sepulcro, e "as
palavras delas pareceram-lhes desvario" (Lc 24,11
.
Quando Jesus se manifesta aos onze na tarde da Páscoa, "censura-lhes a
incredulidade e a dureza de coração, porque não haviam dado crédito aos que
tinham visto o Ressuscitado" (Mc 16,14).
644
Mesmo confrontados com a realidade de
Jesus ressuscitado, os discípulos ainda duvidam
,
a tal ponto que o fato lhes parece impossível: pensam estar vendo um espírito
.
"Por causa da alegria, não podiam acreditar ainda e permaneciam perplexos" (Lc
24,41). Tomé conhecerá a mesma provação da dúvida
e
quando da última aparição na Galiléia, contada por Mateus, "alguns, porém,
duvidaram" (Mt 28,17). Por isso, a hipótese segundo a qual a ressurreição teria
sido um "produto" da fé (ou da credulidade) dos apóstolos carece de
consistência. Muito pelo contrário, a fé que tinham na Ressurreição nasceu - sob
a ação da graça divina - da experiência direta da realidade de Jesus
ressuscitado.
O ESTADO DA HUMANIDADE RESSUSCITADA DE CRISTO
645 Jesus ressuscitado estabelece com seus discípulos relações diretas, em que estes o
999
apalpam
e
com Ele comem
.
Convida-os, com isso, a reconhecer que Ele não é um espírito
,
mas sobretudo a constatar que o corpo ressuscitado com o qual Ele se apresenta a
eles é o mesmo que foi martirizado e crucificado, pois ainda traz as marcas de
sua Paixão
.
Contudo, este corpo autêntico e real possui, ao mesmo tempo, as propriedades
novas de um corpo glorioso: não está mais situado no espaço e no tempo, mas
pode tornar-se presente a seu modo, onde e quando quiser
,
pois sua humanidade não pode mais ficar presa à terra, mas já pertence
exclusivamente ao domínio divino do Pai
.
Por esta razão também Jesus ressuscitado é soberanamente livre de aparecer como
quiser: sob a aparência de um jardineiro
ou
“de outra forma" (Mc 16,12), diferente das que eram familiares aos discípulos, e
isto precisamente para suscitar-lhes a fé
.
646 A Ressurreição de Cristo não constituiu uma volta à vida terrestre, como foi o caso das ressurreições que Ele havia realizado antes da Páscoa: a filha de Jairo, o jovem de Naim e
934 Lázaro. Tais fatos eram acontecimentos miraculosos, mas as pessoas contempladas pelos
549 milagres voltavam simplesmente à vida terrestre "ordinária" pelo poder de Jesus. Em determinado momento, voltariam a morrer. A Ressurreição de Cristo é essencialmente diferente. Em seu corpo ressuscitado, Ele passa de um estado de morte para outra vida, para além do tempo e do espaço. Na Ressurreição, o corpo de Jesus é repleto do poder do Espírito Santo; participa da vida divina no estado de sua glória, de modo que Paulo pode
chamar a Cristo de "o homem
celeste
".
A RESSURREIÇÃO COMO ACONTECIMENTO TRANSCENDENTE
647
"Só tu, noite feliz "canta o Exsultet da
Páscoa – “soubeste a hora em que Cristo da morte ressurgia
."
Com efeito ninguém foi testemunha ocular do próprio acontecimento da
1000 Ressurreição, e nenhum Evangelista o descreve. Ninguém foi capaz de dizer como
ela se produziu fisicamente. Muito menos sua essência mais íntima, sua passagem
a outra vida, foi perceptível aos sentidos. Como evento histórico constatável
pelo sinal do sepulcro vazio e pela realidade dos encontros dos apóstolos com
Cristo ressuscitado, a Ressurreição nem por isso deixa de estar no cerne do
mistério da fé, no que ela transcende e supera a história. E por isso que Cristo
ressuscitado não se manifesta ao mundo
mas
a seus discípulos, "aos que haviam subido com ele da Galiléia para Jerusalém, os
quais são agora suas testemunhas diante do povo" (At 13,31).
II. A Ressurreição - obra da Santíssima Trindade
648 A Ressurreição de Cristo é objeto de fé enquanto intervenção transcendente do próprio
258,989 Deus na criação e na história. Nela, as três Pessoas Divinas agem ao mesmo tempo,
663 juntas, e manifestam sua originalidade própria. Ela aconteceu pelo poder do Pai que "ressuscitou" (At 2,24) Cristo, seu Filho, e desta forma introduziu de modo perfeito sua humanidade - com seu corpo - na Trindade. Jesus é definitivamente revelado "Filho de
445 Deus com poder por sua Ressurreição dos mortos segundo o Espírito de santidade" (Rm
272
1,4). São Paulo insiste na manifestação do poder de Deus
pela
obra do Espírito que vivificou a humanidade morta de Jesus e a chamou ao estado
glorioso de Senhor.
649
O Filho opera, por sua vez, a própria
Ressurreição em virtude de seu poder divino. Jesus anuncia que o Filho do homem
dever sofrer muito, morrer e, em seguida, ressuscitar (sentido ativo da
palavra
).
Alhures, afirma explicitamente: "Eu dou a minha vida para retomá-la... Tenho
poder de dá-la e poder para retomá-la" (Jo 10,17-18 "Nós cremos... que Jesus
morreu, em seguida ressuscitou" (1Ts 4,14).
650 Os Padres da Igreja contemplam a Ressurreição a partir da Pessoa Divina de Cristo que
626 ficou unida à sua alma e a seu corpo separados entre si pela morte: "Pela unidade da natureza divina, que permanece presente em cada uma das duas partes do homem, estas se unem novamente. Assim, a Morte se produz pela separação do composto humano, e a
1005
Ressurreição, pela união das duas partes separadas
"
III. Sentido e alcance salvífico da Ressurreição
651 "Se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia é também a vossa fé" (1Cor 15,14). A Ressurreição constitui antes de mais nada a confirmação de tudo o que o próprio
129 Cristo fez e ensinou. Todas as Verdades, mesmo as mais inacessíveis ao espírito humano,
274 encontram sua justificação se, ao ressuscitar, Cristo deu a prova definitiva, que havia prometido, de sua autoridade divina.
652
A Ressurreição de Cristo é cumprimento
das promessas do Antigo Testamento
"
e do
994,601 próprio Jesus durante sua vida terrestre
.
A expressão "segundo as Escrituras
"
indica que a Ressurreição de Cristo realiza essas predições.
653 A verdade da divindade de Jesus é confirmada por sua Ressurreição. Dissera Ele:
445
"Quando tiverdes elevado o Filho
do Homem, então sabereis que EU SOU, (Jo 8,28). A Ressurreição do Crucificado
demonstrou que ele era verdadeiramente "EU SOU", o Filho de Deus e Deus mesmo.
São Paulo pôde declarar aos judeus: "A promessa feita a nossos pais, Deus a
realizou plenamente para nós...; ressuscitou Jesus, como está escrito no Salmo
segundo: 'Tu és o meu filho, eu hoje te gerei” (At 13,32-33
).
A Ressurreição de
422,461 Cristo está estreitamente ligada ao mistério da Encarnação do Filho de Deus. E o cumprimento segundo o desígnio eterno de Deus.
654 Há um duplo aspecto no Mistério Pascal: por sua morte Jesus nos liberta do pecado, por
1987
sua Ressurreição Ele nos abre as
portas de uma nova vida. Esta é primeiramente a justificação que nos restitui a
graça de Deus
,
"a fim de que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai,
assim também nós vivamos vida nova"
1996
(Rm 6,4). Esta consiste na vitória sobre a
morte do pecado e na nova participação na graça
".
Ela realiza a adoção filial, pois os homens se tornam irmãos de Cristo, como o
próprio Jesus chama seus discípulos após a Ressurreição: “Ide anunciar a meus
irmãos" (Mt 28,10
).
Irmãos não por natureza mas por dom da graça, visto que esta filiação adotiva
proporciona uma participação real na vida do Filho Único, que se revelou
plenamente em sua Ressurreição.
655 Finalmente, a Ressurreição de Cristo - e o próprio Cristo ressuscitado - é princípio e fonte
989 de nossa ressurreição futura: "Cristo ressuscitou dos mortos, primícias dos que
adormeceram... assim como todos morrem em Adão, em Cristo todos receberão a vida" (1Cor 15,20-22). Na expectativa desta realização, Cristo ressuscitado vive no coração de
1002 seus fiéis. Nele, os cristãos "experimentaram... as forças do mundo que há de vir" (Hb
6,5)
e sua vida é atraída por Cristo ao seio da vida divina
"
"a fim de que não vivam
mais para si mesmos, mas para aquele que morreu e ressuscitou por eles" (2Cor 5,15).
RESUMINDO
656 A fé na Ressurreição tem por objeto um acontecimento ao mesmo tempo historicamente atestado pelos discípulos que encontraram verdadeiramente o Ressuscitado e misteriosamente transcendente, enquanto entrada da humanidade de Cristo na glória de Deus.
657 O sepulcro vazio e os panos de linho no chão significam por si mesmos que o corpo de Cristo escapou às correntes da morte e da corrupção pelo poder de Deus. Eles preparam os discípulos para o reencontro com o Ressuscitado.
658
Cristo, "primogênito dentre os mortos" (Cl 1,18), é o princípio de
nossa própria ressurreição, desde já pela justificação de nossa alma
,
mais tarde pela vivificação de nosso corpo
".
ARTIGO 6
"JESUS SUBIU AOS CÉUS, ESTÁ SENTADO ·
DIREITA DE DEUS PAI TODO-PODEROSO"
659 "E o Senhor Jesus, depois de ter-lhes falado, foi arrebatado ao Céu e sentou-se à direita
645
de Deus" (Mc 9). O corpo de
Cristo foi glorificado desde o instante de sua Ressurreição, como provam as
propriedades novas e sobrenaturais de que desfruta partir de agora seu corpo em
caráter permanente
".
Mas, durante os quarenta dias em que vai comer e beber familiarmente com seus
discípulos
e
instruí-los sobre o Reino
sua
glória
66
permanece ainda velada sob os traços de uma humanidade comum
.
A última aparição de Jesus termina com a entrada irreversível de sua humanidade
na glória divina, simbolizada
697
pela nuvem
e
pelo céu
onde
já está desde agora sentado à direita de Deus
.
Só de
642 modo totalmente excepcional e único Ele se mostrará a Paulo "como a um abortivo" (1 Cor
15,8) em uma última aparição que o constitui apóstolo
.
660 O caráter velado da glória do Ressuscitado durante esse tempo transparece em sua palavra misteriosa a Maria Madalena "Ainda não subi para o Pai. Mas vai aos meus irmãos e dizer-lhes Eu subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus (Jo 20,17). Isso indica uma diferença de manifestação entre a glória de Cristo ressuscitado e a de Cristo exaltado à direita do Pai. O acontecimento ao mesmo tempo histórico e transcendente da Ascensão marca a transição de uma para a outra.
661 Esta última etapa permanece intimamente unida à primeira, isto é, à descida do céu
461
realizada na Encarnação. Só aquele
que "saiu do Pai" pode "retomar ao Pai": Cristo
.
"Ninguém jamais subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do
Homem" (Jo 3,13
).
Entregue a suas forças naturais, a humanidade não tem acesso à "Casa do Pai
"
à vida e à felicidade de Deus. Só Cristo pôde abrir esta porta ao homem, "de
sorte que nós, seus membros, tenhamos a esperança de encontrá-lo lá onde Ele,
nossa cabeça e
792
nosso princípio, nos precedeu
".
662 "E, quando eu for elevado da terra, atrairei todos os homens a mim" (Jo 12,32). A
1545 elevação na Cruz significa e anuncia a elevação da Ascensão ao céu. É o começo dela. Jesus Cristo, o Único Sacerdote da nova e eterna Aliança, não "entrou em um santuário feito por mão de homem... e sim no próprio céu, a fim de comparecer agora diante da face de Deus a nosso favor" (Hb 9,24). No céu, Cristo exerce em caráter permanente seu sacerdócio, "por isso é capaz de salvar totalmente aqueles que, por meio dele, se
1137
aproximam de Deus, visto que ele vive eternamente para interceder por eles" (Hb
7,25). Como "sumo sacerdote dos bens vindouros" (Hb 9,11) ele é o centro é o
ator principal da liturgia que honra o Pai nos Céus
.
663 A partir de agora, Cristo está sentado à direita do Pai: "Por direita do Pai entendemos a glória e a honra da divindade, onde aquele que existia como Filho de Deus antes de todos
648 os séculos como Deus e consubstancial ao Pai se sentou corporalmente depois de encarnar-
se e de sua
carne ser glorificada
"
664 O sentar-se à direita do Pai significa a inauguração do Reino do Messias, realização da
541 visão do profeta Daniel no tocante ao Filho do Homem: "A Ele foram outorgados o
império, a honra e o reino,
e todos os povos, nações e línguas o serviram. Seu império é um império eterno
que jamais passará, e seu reino jamais será destruído" (Dn 7,14). A partir desse
momento, os apóstolos se tomaram as testemunhas do "Reino que não terá fim
".
RESUMINDO
665
A ascensão de Cristo assinala a entrada definitiva da humanidade de
Jesus no domínio celeste de Deus, donde voltará
,
mas que até lá o esconde aos olhos dos homens
.
666 Jesus Cristo, Cabeça da Igreja, nos precede no Reino glorioso do Pai para que nós, membros de seu Corpo, vivamos na esperança de estarmos um dia eternamente com Ele.
667 Tendo entrado uma vez por todas no santuário do céu, Jesus Cristo intercede sem cessar por nós como mediador que nos garante permanentemente a efusão do Espírito Santo.
ARTIGO 7
“DONDE VIRÁ JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS"
I. Ele voltará na glória
CRISTO JÁ REINA PELA IGREJA...
668 "Cristo morreu e reviveu para ser o Senhor dos mortos e dos vivos" (Rm 14,9). A Ascensão de Cristo ao Céu significa sua participação, em sua humanidade, no poder e na
450 autoridade do próprio Deus. Jesus Cristo é Senhor: possui todo poder nos céus e na terra. Está "acima de toda autoridade, poder, potentado e soberania", pois o Pai "tudo
518
submeteu a seus pés (Ef 1,20-22). Cristo é o Senhor do cosmo
e
da história. Nele, a história do homem e mesmo toda a criação encontram sua "recapitulação
"'
sua consumação transcendente.
669
Como Senhor, Cristo é também a cabeça da
Igreja, que é seu Corpo
.
Elevado ao céu e
792,1088 glorificado, tendo assim cumprido plenamente sua missão, Ele permanece na terra em sua
541
Igreja. A redenção é a fonte da autoridade que Cristo,
em Virtude do Espírito Santo, exerce sobre a Igreja
".
O Reino de Cristo já está misteriosamente presente na Igreja
",
germe e início deste Reino na terra
.
670 Desde a Ascensão, o desígnio de Deus entrou em sua consumação. Já estamos na "última
1042
hora" (1Jo 2,18
)".
“Portanto, a era final do mundo já chegou para nós, e a renovação do mundo
está irrevogavelmente realizada e, de certo modo, já está antecipada nesta
825
terra. Pois já na terra a Igreja se reveste de verdadeira santidade, embora
imperfeita ."
547
O Reino de Cristo já manifesta sua presença pelos sinais milagrosos
que
acompanham seu anúncio pela
Igreja
".
À ESPERA DE QUE TUDO LHE SEJA SUBMETIDO
671
Já presente em sua Igreja, o Reino de
Cristo ainda não está consumado "com poder e grande glória" (Lc 21, 17
)
pelo advento do Rei na terra. Esse Reino é ainda atacado pelos poderes maus
,
embora estes já tenham sido vencidos em suas bases pela Páscoa
1043
de Cristo.
Enquanto tudo não for submetido a ele
,
"enquanto não houver novos céus e
769,773 nova terra, nos quais habita a justiça, a
Igreja peregrina leva consigo em seus sacramentos e em suas instituições, que
pertencem à idade presente, a figura deste mundo que passa, e ela mesma vive
entre as criaturas que gemem e sofrem como que dores de parto até o presente e
aguardam a manifestação dos filhos de Deus
" Por este motivo os cristãos
1043,2046
oram, sobretudo na Eucaristia
,
para apressar a volta de Cristo
,
dizendo-lhe: "Vem,
2817
Senhor"
(Ap
22,20).
672
Cristo afirmou antes de sua Ascensão que
ainda não chegara a hora do estabelecimento glorioso do Reino messiânico
esperado por Israel
,
que deveria trazer a todos os homens, segundo os profetas
a ordem definitiva da justiça, do amor e da paz. O tempo
732
presente é, segundo o
Senhor, o tempo do Espírito e do testemunho
mas
é também um tempo ainda marcado pela "tristeza
"
e pela provação do mal
,
que não poupa a Igreja
2612
e inaugura os combates dos últimos dias
.
E um tempo de expectativa e de vigília
.
O ADVENTO GLORIOSO DE CRISTO, ESPERANÇA DE ISRAEL
673
A partir da Ascensão, o advento de Cristo na glória é iminente
,
embora não nos "caiba
1040,1048 conhecer os tempos e os momentos que o Pai fixou com sua
própria autoridade" (At 1,7
).
Este acontecimento escatológico pode ocorrer a qualquer momento
,
ainda que estejam "retidos" tanto ele como a provação final que há de
precedê-lo
.
674
A vinda do Messias glorioso depende a todo momento da história
do
reconhecimento dele por "todo Israel
".
Uma parte desse Israel se "endureceu" (Rm 5) na "incredulidade" (Rm 11,20) para
com Jesus. São Pedro o afirma aos judeus de Jerusalém depois de Pentecostes:
"Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, a fim de que sejam apagados os vossos
pecados e deste modo venham da face do Senhor os tempos de refrigério. Então
enviará ele o Cristo que vos foi destinado, Jesus a quem o céu deve acolher até
os tempos da restauração de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca de
seus santos profetas" (At 3,19-21). E São Paulo lhe faz eco: "Se a rejeição
deles resultou na reconciliação do mundo, O que será o acolhimento deles senão
a vida que vem
840
dos mortos
?"
A entrada da "plenitude dos judeus
"
na salvação messiânica, depois da
58
"plenitude dos pagãos"
, dará ao Povo de Deus a possibilidade de "realizar a plenitude de Cristo" (Ef 4,
13), na qual "Deus ser tudo em todos" (1Cor 15,28).
A PROVAÇÃO DERRADEIRA DA IGREJA
675 Antes do advento de Cristo, a Igreja deve passar por uma provação final que abalar a
769
fé de muitos crentes
.
A perseguição que acompanha a peregrinação dela na terra
"
desvendará o "mistério de iniqüidade" sob a forma de uma impostura religiosa
que há de trazer aos homens uma solução aparente a seus problemas, à custa da
apostasia da verdade. A impostura religiosa suprema é a do Anticristo, isto é, a
de um pseudo-messianismo em que o homem glorifica a si mesmo em lugar de Deus e
de seu Messias que veio na carne
.
676
Esta impostura anticrística já se esboça
no mundo toda vez que se pretende realizar na história a esperança messiânica
que só pode realiza-se para além dela, por meio do juízo escatológico: mesmo em
sua forma mitigada, a Igreja rejeitou esta falsificação do Reino vindouro sob o
nome de milenarismo ,
sobretudo sob a
2425
forma política de um messianismo
secularizado, "intrinsecamente
perverso
".
677 A Igreja só entrará na glória do Reino por meio desta derradeira Páscoa, em que seguirá
1340
seu Senhor em sua Morte e
Ressurreição
.
Portanto, o Reino não se realizará por um triunfo histórico da Igreja
segundo
um progresso ascendente, mas por uma vitória de
2853
Deus sobre o desencadeamento
último do mal
,
que fará sua Esposa descer do Céu
.
O triunfo de Deus sobre a revolta do mal assumirá a forma do Juízo Final
depois
do derradeiro abalo cósmico deste mundo que passa
.
1038-1041 II. Para julgar os vivos e os mortos
678
Na linha dos profetas
e
de João Batista
,
Jesus anunciou em sua pregação o Juízo
1470
do último Dia. Então será revelada a
conduta de cada um
e
o segredo dos corações
.
Será também condenada a incredulidade culpada que fez pouco caso da graça
oferecida por Deus
.
A atitude em relação ao próximo revelará o acolhimento ou a recusa da graça e do
amor divino
Jesus
dirá no último Dia: "Cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais
pequeninos, a mim o fizestes" (Mt 25,40).
679
Cristo é Senhor da Vida Eterna. O pleno
direito de julgar definitivamente as obras e os corações dos homens pertence a
Ele enquanto Redentor do mundo. Ele "adquiriu" este direito por sua Cruz. O Pai
entregou "todo o julgamento ao Filho" (Jo 5,22
).
Ora, o Filho não veio para julgar, mas para salvar
e
para dar a vida que está nele
.
É pela recusa
1021
da graça nesta vida que cada um já se julga a si mesmo
recebe
de acordo com suas obras
e
pode até condenar-se para a eternidade ao recusar o Espírito de amor
.
RESUMINDO
680 Cristo Senhor já reina pela Igreja, mas ainda não lhe estão submetidas todas as coisas deste mundo. O triunfo do Reino de Cristo não se dará sem uma última investida das potências do mal.
681 No dia do juízo, por ocasião do fim do mundo, Cristo virá na glória para realizar o triunfo definitivo do bem sobre o mal os quais, como o trigo e o joio, terão crescido juntos ao longo da história.
682 Ao vir no fim dos tempos para julgar os vivos e os mortos, Cristo glorioso revelará a disposição secreta dos corações e retribuirá a cada um segundo suas obras e segundo tiver acolhido ou rejeitado sua graça.