"Maldito aquele que faz com negligência a obra do Senhor!"(Jr 48,10).
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Santa Teresa d'Ávila: Visão do Inferno
Certa ocasião tive uma visão do inferno:
"Um longo tempo depois que o Senhor já me tinha concedido muitos favores que eu mencionei e outros muito grandiosos, estando um dia em oração, repentinamente me achei, sem saber como, que me encontrava no inferno. Entendi que o Senhor queria que visse o lugar que os demônios tinham preparado para mim, e que eu mereci por causa de meus pecados.
Esta experiência aconteceu dentro de curto espaço de tempo, mas ainda que eu viver muitos anos, será impossível esquecé-la.
A entrada pareceu-me uma azinhaga estreita e muito longa, como um forno, baixa, escura e apertada; o chão consistia em água lamacenta muito suja e de muito mal cheiro e muitas sevandijas más nele. No fim estava um buraco na parede semelhante a um pequeno armário; aí achei-me metida em muito apertada. Todo isto era encantador em comparação com o que eu senti aí: isto que eu descrevi está muito mal descrito.
O que eu senti, não consigo começar a descrevê-lo; nem pode ser entendido. Experimentei um fogo na almaç, que eu não sei como descrev-lo. As dores corpóreas tão insuportáveis, que embora as tinha sofrido penosas nesta vida e que de acordo com o que os médicos dizem, o pior que pode ser sofrido na terra, pois todos meus nervos eram contraidos, quando fui paralisada, com mais muitos outros sofrimentes de muitas espécies que eu suportei, e ainda alguns, como disse, causados pelo demônio, estes eram todos, um nada em comparação com as que eu experimentei lá, e saber que haviam ser sem fim e sem jamais cessar.
Isto, não era nada, porém, em comparação com a agonia da alma: um apertamento, um afogamento, uma aflição tão agudamente sentida e com tal desesperada aflição e infelicidade que atormenta que eu não consigo exprimir; por que dizer que é um estar-se sempre arrancando a alma, é pouco, porque aí parece que se acaba a vida, mas aqui é a mesma alma que se rasga em pedaços.
O fato é que eu nao sei como dar uma descrição suficientemente poderosa daquele fogo interior e aquele terrível dessespero sobre tão horrendos tormentos e dores. Eu não via quem me inflingia, mas, sentia-me queimar e espedaçar, ao que me parece; e repito que o pior era aquele fogo interior e aquele desespero.
Estando em tal fétido lugar, tão incapaz de esperar qualquer consolação, não há onde sentar-se ou deitar-se, nem há lugar, ainda que estava metida nesta espécie de buraco feito na parede, porque essas paredes, que são espantosas à vista, apertam elas mesmas, e tudo sufoca. Não há nenhuma luz, mas tão-somente trevas escurissimas. Eu não entendo como pode ser isto, que não havendo luz, o que à vista ha dar pena, tudo se vê.
Não quis o Senhor que eu visse então mais do inferno, depois eu vi uma visão de coisas espantosas, de alguns viços o castigo, enquanto à vista muito mais espantosas me parereram, mas, como não sentia a pena, não me causarom tanto temor, que nesta visão quis o Senhor que verdadeiramente eu sentisse aqueles tormentos e aflição no espírito, como se o corpo estiver a padecé-lo.
Eu não sei como elo fora, mas entendi ser um grande dom, e que quis o Senhor que eu visse com meus próprios olhos de onde me livrou Sua misericórdia, porque é nada ouví-lo dizer, nem ter outras vezes pensado diferentes tormentos ainda que poucas (que por temor não se levava bem a minha alma), nem outros diferentes tormentos que lera, não é nada com esta pena, porque é outra coisa, é como passar do desenho à realidade, e queimar-se aqui é muito pouco em comparação com esse fogo de lá.
Eu quedei tão espantada, e ainda o sou agora, escrevendo-o, com que há quase seis anos, e é assim, que me parece o calor natural a falta de temor, aquí onde eu estou; e assim não me acordo vez que não tenha trabalhos nem dores, que me pareça nada, tudo o que aquí se pode passar, e assim me parece em parte que nos queixamos sem motivo. E assim volto a dizer que fora um dos maiores agasalhos que o Senhor me entregou, porque me aproveitou muito, assim para perder medo às tribulações e contradiçoes desta vida, como para esforçar-me em padecê-las e dar graças ao Senhor, que me libertou, ao que agora me parece, de males tão perpétuos e terríveis.
Após, aquí, como disse, todo me parece fácil em comparação com um momento, que se há de sofrer o que eu nele padeci. Espanta-me como depois de ler muitas vezes livros onde se dá a entender algo sobre as penas do inferno, como eu não as temia, nem as tinha em aquilo que são. Onde estava? Como me podia dar coisa descanso do que me significaria ir a tal lugar? Bendito Deus por sempre, e como se demonstrou que me amava a mim muito mais do que eu a mim mesma!
Quantas vezes, Senhor, me livraste de cárcere tão tenebroso e como voltava a meter-me nele contra a Vosa Vontade! Daquí senti também a grandíssima pena que me dão as almas que se condenam, destes luteranos em especial (porque eram já pelo baptismo membros da Igreja), e o grande empenho em salvar almas, que me parece certo a mim, que por livrar uma só de tão gravíssimos tormentos, passaria eu muitas mortes de muito boa vontade."